É o segundo dia de ataques contra o regime do ditador líbio. Oficial americano disse que zona de exclusão aérea foi imposta.
A coalizão composta por EUA, Reino Unido, França, Canadá e Itália retomou neste domingo (20) os ataques ao território líbio, segundo agências internacionais de notícias.
Aviões americanos realizaram ataques aéreos nesta manhã sobre tropas terrestres e defesas aéreas do ditador líbio, Muammar Kadhafi, informou o Pentágono em um comunicado. O objetivo da intervenção internacional é impedir que Kadhafi, há 42 anos no poder, volte a atacar opositores ao seu regime. A operação atende a uma resolução aprovada pela ONU que autoriza 'qualquer medida' para impedir o massacre de civis no país.
Em entrevistas a canais americanos, o chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA disse que as forças aliadas conseguiram estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre o país. Segundo Mike Mullen, a operação está até agora sendo bem sucedida, embora ainda haja 'muito a fazer'.
De acordo com fontes médicas líbias, ao menos 64 pessoas foram mortas após o início dos ataques de sábado.
Em mais um discurso na manhã deste domingo, Kadhafi garantiu que não deixará a sua terra e que irá "libertá-la" das forças da coalizão, que iniciou ataques aéreos ao país neste sábado (19). "Liquidaremos qualquer traidor ou colaborador da coalizão", ameaçou Kadhafi em um pronunciamento pela TV estatal. O líder disse que não deixará o Ocidente roubar ou explorar o petróleo do país, e assegurou que "todo o povo líbio está armado e vencerá". O ditador ainda disse que prevê "uma longa guerra" contra os opositores.
Madrugada tensa
Disparos de artilharia antiaérea foram ouvidos na madrugada deste domingo em Trípoli, capital da Líbia, após um sábado de bombardeios. O fogo antiaéreo foi seguido de explosões e disparos de metralhadoras, e o céu ficou iluminado de tiros, segundo jornalistas das agências Reuters e da France Presse.
Ao menos um avião sobrevoou o setor da residência-quartel de Kadhafi, no bairro de Bab al Aziziya, no sul da capital, em meio aos disparos de artilharia e várias explosões.
A TV estatal afirmou que ataques aéreos aliados estavam ocorrendo em várias regiões da capital do país. Os ataques, segundo a nota, ocorreram nas cidades de Trípoli, Sirte (cidade natal de Kadhafi), Benghazi (sede dos rebeldes antigoverno), Misrata e Zuwarah.
'Campo de guerra'
No final da noite de sábado, Kadhafi disse que a Líbia iria responder militarmente e enfrentar o que ele chamou de uma "agressão colonialista e cruzada", horas depois do início dos ataques da coalizão.
Em um áudio divulgado na TV estatal, Kadhafi disse que o Mar Mediterrâneo e o norte da África se transformariam em um "verdadeiro campo de guerra". Ele prometeu atacar alvos "civis e militares" na região do Mediterrâneo e abrir os depósitos do governo para armar a população líbia.
O ditador também apelou a "africanos, árabes, latino-americanos e asiáticos" que apoiem o povo líbio contra o inimigo. Em comunicado, o governo líbio tratou os ataques de sábado como "agressão", considerou que houve descumprimento da resolução 1.073 da ONU e pediu uma sessão extraordinária do Conselho de Segurança.
Mísseis Tomahawk são lançados na noite deste sábado (19) do destróier americano USS Barry em direção à Tripoli. A câmera de visão noturna permite visualizar com detalhes o lançamento do projétil/Reuters
Estados Unidos disparam mísseis Tomahawk contra a Líbia, atingindo 20 alvos militares/AP
Avião Tornado da Força Aérea do Reino Unido se prepara para a decolagem rumo à Líbia/AP
Caças Mirage 2000 se preparam para atacar alvo líbios neste sábado (19)/AP
Governo britânico ordena o deslocamento caças Typhoon e Tornado para o Mar Mediterrâneo em preparação para um ataque militar contra a Líbia/Chris Radburn/PA Wire/AP
Militares carregam caça com míssil em em base de Saint Dizier, ao leste da França/AP
20 de março - Rebelde vê carro de forças leais a Kadhafi pegar fogo após ataque das forças de coalizão em estrada próxima a Benghazi/Goran Tomasevic/Reuters
Não podemos ficar inertes quando um tirano diz a seu povo que não há misericórdia, diz Obama
Obama discursa ao lado de Dilma em Brasília. Foto: Dida Sampaio/AE
Explosões, aparentemente causadas por um bombardeio na capital da Líbia, Trípoli, foram seguidas por rajadas sustentadas de artilharia antiaérea nas primeiras horas da manhã de domingo (noite de sábado no Brasil). A ação ocorre após o Pentágono ter confirmado que navios de guerra americanos e britânicos lançaram um ataque a cerca de 20 alvos do sistema integrado de defesa área da Líbia, a primeira etapa da operação internacional Odissey Dawn (Aurora da Odisseia).
Os disparos de artilharia antiaérea foram seguidos de gritos de "Deus é grande". O céu noturno foi iluminado pelo traçado dos disparos, segundo um correspondente da agência de notícias Reuters.
Céu de Trípoli nas primeiras horas da domingo é marcado por traços de artilharia antiaérea/Jerome Delay/AP
Os disparos aparentam ser uma resposta ao ataque realizado neste sábado por forças ocidentais. A ofensiva foi focada em bases de defesa aérea no oeste da Líbia, onde estão concentradas as forças do ditador líbio, Muammar Gaddafi.
Os alvos incluem bases de ataque de mísseis terra-ar e os sistemas de comunicação das Forças Aéreas. O primeiro ataque foi lançado às 16h e, no total, 112 mísseis foram lançados.
"A maior parte das forças do governo líbio fica nesta região. Foram escolhidas bases que representam ameaça direta ou estavam sendo usadas para atacar o povo líbio", disse o porta-voz do Pentágono, almirante Bill Gortney.
Segundo o porta-voz, mísseis de cruzeiro Tomahawk foram lançados de navios americanos no Mediterrâneo.
O objetivo primário era destruir a defesa de Gaddafi contra os aviões militares que entrarão nas próximas etapas da operação, que tem como objetivo final impor a zona de exclusão aérea no país. A medida foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), na noite de quinta-feira passada.
"Nossa missão é desenhar o espaço de batalha para que nossos parceiros possam executar [a operação]", resumiu.
Gortney diz ainda que as operações visam a evitar ataques das forças do governo contra os rebeldes da oposição e civis, "principalmente em Benghazi", reduto dos rebeldes líbios no leste do país.
O Pentágono diz que a avaliação dos resultados do ataque deve demorar, já que são necessárias entre seis e 12 horas para terem os primeiros dados.
Gortney ressaltou ainda que os EUA não mantêm aviões no país e, em nenhum momento, chegou a enviar forças terrestres ao país africano.
A declaração confirma o que um funcionário americano disse mais cedo à agência Reuters, de que o governo Obama quer limitar seu envolvimento, ao menos nas fases iniciais da crise e que as forças americanas devem focar os esforços na proteção das missões aéreas da França e outros países.
Gortney afirmou ainda que o comando da operação deve passar "nos próximos dias" para a Polônia.
O Pentágono disse ter apoio da comunidade internacional para a ação. Segundo a fonte consultada pela Reuters, participam da operação Itália, Reino Unido, Canadá e França.
Cerca de 25 navios, incluindo três submarinos armados com mísseis Tomahawk, estão estacionados no Mediterrâneo. Cinco aviões de vigilância também estão na área.
Horas antes, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, reforçou o apoio americano à intervenção internacional na Líbia e ressaltou que o objetivo é proteger a população. 'Nós temos todas as razões para temer que, se não fizermos nada, Gaddafi vai realizar atrocidades indescritíveis', disse.
POR AR
O destróier americano USS Barry lança míssel Tomahawk contra a Líbia, parte da operação Odyssey Dawn/Roderick Eubanks/U.S. Navy/Reuters
Mais cedo, um caça francês lançou neste sábado o primeiro ataque internacional contra as forças de Gaddafi, desde que a resolução do Conselho de Segurança sobre a intervenção foi aprovada, na noite de quinta-feira.
O alvo foi um veículo militar líbio, segundo o Ministério de Defesa francês. O porta-voz do ministério, Thierry Burkhard, disse que o ataque foi lançado às 16h45 GMT (13h45 em Brasília), quando o jato atirou contra o veículo militar.
Burkhard não deu mais detalhes sobre o local do ataque ou possíveis vítimas. Ele disse, contudo, que nenhum ataque contra os jatos franceses foi registrado.
O canal de TV árabe Al Jazeera, que cita fontes anônimas, diz que os aviões de guerra franceses já destruíram quatro tanques líbios, no sudoeste da cidade de Benghazi. O relato não foi confirmado.
REAÇÃO LÍBIA
O ditador da Líbia afirmou neste sábado que irá armar civis para defender o país do que ele chamou de agressão "colonial, de cruzada" por forças ocidentais.
"Agora é necessário abrir as lojas e armar todas as massas com todos os tipos de armas para defender a independência, unidade e honra da Líbia", afirmou Gaddafi em um discurso transmitido na televisão estatal horas após os ataques terem começado.
"Pedimos para os povos e cidadãos das nações árabes e islâmicas, América Latina, Ásia e África para apoiar o heroico povo líbio para confrontar essa agressão, que apenas aumenta a força, firmeza e unidade do povo líbio."
O ditador ainda afirmou que o Mediterrâneo o norte da África agora são um campo de batalha, e que os interesses dos países na região estarão em perigo a partir de agora, em uma suposta referência às nações que acordaram a intervenção militar.
"Esta é uma agressão imperialista cruzada capaz de desencadear uma guerra cruzada generalizada", disse Gaddafi, que ressaltou que a Líbia usará seu direito de autodefesa previsto pelo artigo 51 da Carta da ONU.
Ele ressaltou ainda que as operações aliadas são "injustificáveis" e "darão nascimento a uma guerra de religiões".
O breve discurso de Gaddafi foi transmitido de forma abrupta pela TV líbia, que havia anunciado o pronunciamento com antecedência. O canal interrompeu sua programação e transmitiu a mensagem de áudio, com uma imagem do palácio do ditador ao fundo --o prédio foi destruído pela aviação americana em 1986. Apenas depois do fim da mensagem o apresentador disse: "Esse era o líder, o senhor da Líbia".
O governo da Líbia pediu por uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), informaram neste domingo (noite de sábado no Brasil) as emissoras de TV árabes Al Jazeera e Al Arabiya.
"A Líbia, como um Estado independente e membro das Nações Unidas, pediu a celebração de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU após a agressão de França, Reino Unido e Estados Unidos contra si", afirmou o departamento de Relações Exteriores.
O comunicado considerada que o ataque realizado neste sábado pelos aliados é "uma agressão que ameaça a paz e a segurança internacionais" e assegurou que foram registradas mortes de civis e danos a hospitais na ofensiva ocidental.
"Esta agressão aérea e marítima teve como alvo várias regiões civis do oeste do país e deixou vítimas civis e danos a hospitais, aeroportos e estradas, entre outros alvos civis", diz o texto.
Segundo o regime líbio, essa agressão deixa sem efeito "a resolução 1.973 sobre a exclusão aérea".
Veja bombardeio que quase atingiu repórteres da Folha na Líbia
Um zumbido distante e a visão de um caça da Força Aérea líbia rasgando o céu anunciavam os ataques que estavam por vir. Primeiro, uma coluna de fumaça a cerca de 10 km de distância, provocando uma reação a esmo da artilharia antiaérea rebelde. Em seguida, o susto: a segunda bomba cai a menos de 100 metros de onde estavam os jornalistas da Folha Marcelo Ninio e Joel Silva, enviados especiais a Brega, na Líbia.
No vídeo acima, Joel, que chegou ao Brasil nesta quinta-feira (17), descreve a tensão vivida pela reportagem nos momentos de um dos ataques.
Ataques contra infraestrutura do governo líbio começam
US Navy
As forças militares americanas e britânicas, lançaram mísseis Tomahawk contra alvos chave da infraestrutura líbia, enquanto a aviação francesa atacou forças terrestres do governo líbio, leais à Gaddafi, na região de Bengazi.
Mais de 100 míssies Tomahawk, lançados de submarinos americanos e fragatas, deram início ao ataque, tendo como alvos primários, os sistemas de defesa antiaérea no entorno da capital líbia,Trípoli,. e em partes do litoral do país.
O Ministro de Defesa britânico, declarou que um submarino da classe Trafalgar, lançou vários mísseis Tomahawks, como parte de uma ação coordenada de ataques contra o sistema de defesa aéreo líbio.
O governo francês informou que oito caças Rafale, dois Mirage 2000D`s e dois Mirage 2000-5`s (na foto abaixo), estiveram envolvidos na ação militar de hoje. A França também empregou seis de seus aviões tanque C-135 e um E-3F AWACS, em apoio à missão militar.
EMA/French air force
Novas imagens foram divulgadas pelo Ministério de Defesa britânico, mostrando esquadrilhas da Força Aérea Real (RAF), preparando caças Panavia Tornado GR4, na base aérea de Marham, e Norfolk e Typhoons Eurofighter, nas bases em Coningsby e Lincolnshire.
Cpl Nik Howe/Crown Copyright
SAC Chris Davidson/Crown Copyright
Os EUA,Grã-Bretanha e França, estão entre as principais nações a disponibilizar forças militares objetivando restringir as ações do regime líbio, após o Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovar a Resolução 1973. Também fazem parte da coalização, o Canadá e a Itália. Vários países da Liga Árabe apoiam a ação.
Fonte: Craig Hoyle /Flightglobal - CNN Tradução e edição: AIRKRANE
Tanque foi destruído às 13h45 ; 20 caças Rafale patrulham área de 15 mil km² em torno de Benghazi
O ministério da Defesa francês informou neste sábado, 19,que um de seus caças Rafale fez seu primeiro disparo contra um veículo militar na Líbia. A intervenção militar no país para implementar a resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi anunciada no final da manhã de hoje pelo presidente Nicolas Sarkozy.
"O primeiro alvo foi identificado e destruído às 16h45 GMT (13h45 em Brasília)", disse o porta-voz do ministério da Defesa da França Laurent Teisseire. A operação envolve 20 caças em uma área de 100 km por 150 km em torno da capital rebelde, Benghazi.
Ainda de acordo com o Teisseire, o porta-aviões Charles de Gaulle irá para a Líbia no domingo. O comando central da operação ainda está sendo montado.
Caça francês Rafale decola da base de Saint-Dizier, rumo à Líbia; governo confirmou primeiro ataque no país/Sebastien Dupont/AFP
Jatos franceses e italianos já haviam começado a sobrevoar o território líbio em missões de reconhecimento desde o final da manhã (horário de Brasília). A missão está sendo liderada por França e Reino Unido e conta com a participação de EUA, Catar e outros países europeus.
"Nossos aviões já estão impedindo ataques aéreos em Benghazi. É hora da França, ao lado de seus aliados, assumir sua responsabilidade perante a História", disse Sarkozy ao anunciar a intervenção.
O presidente acusou Kadafi de desdenhar os ultimatos internacionais e prometeu agir para conter o que chamou de 'loucura assassina' na Líbia. "Nosso dever é apoiar os povos árabes. Nossa determinação é total".
O premiê italiano, Silvio Berlusconi, ofereceu a base da Otan em Nápoles como centro de comando da operação contra o ditador Líbio.
Não há mais detalhes sobre a operação. Mais cedo, rebeldes disseram que forças de Kadhafi invadiram Benghazi.
Sequência de fotos mostrando derrubada de MIG-23 líbio, hoje pela manhã
Aviões franceses estão sobrevoando a Líbia, informaram neste sábado agências de notícias internacionais, sem dar mais detalhes da operação. Líderes árabes e ocidentais estão em Paris para discutir os ataques aéreos contra a Líbia, após a aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU de uma intervenção no país do norte da África. O regime do ditador Muammar Kadhafi está há mais de um mês reprimindo manifestações e ações armadas de membros da oposição que exigem a sua renúncia, após 42 anos no poder.
Mais cedo neste sábado, rebeldes afirmaram que tropas do ditador entraram em Benghazi na madrugada deste sábado (19), forçando os rebeldes no local a recuarem e desafiando as ordens de cessar-fogo feitas pelas Nações Unidas na sexta-feira.
A rede árabe 'Al Jazeera' noticiou há pouco que 26 pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas e estariam no hospital de Jala, em Benghazi, após os bombardeios de forças do ditador na cidade.
Segundo a agência Reuters, um porta-voz das forças rebeldes disse que as tropas entraram pelo oeste. Uma explosão também pode ter acontecido nos arredores do quartel-general do movimento contra o governo líbio.
Também segundo a Reuters, forças líbias leais a Kadhafi, que está há 42 anos no poder, realizaram disparos contra a cidade rebelde de Misrata no início deste sábado e o fornecimento de água continua interrompido, disse um morador.
A ação acontece depois o anúncio de uma possível intervenção armada contra Kadhafi horas após uma reunião diplomática a ser realizada em Paris também neste sábado. Uma zona de exclusão aérea foi imposta pelo Conselho de Segurança da ONU no país.
Apesar de relatos sobre a desobediência ao cessar-fogo, autoridades líbias negam estar atacando rebeldes e dizem estar respeitando o cessar-fogo. O ministro líbio de Relações Exteriores, Musa Kusa, pediu neste sábado ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o envio de observadores para verificar o cessar-fogo decidido na sexta-feira, e cumpre a resolução da ONU.
"Anunciamos um cessar-fogo, prova de que a Líbia respondeu de forma positiva às decisões da ONU", declarou Musa Kusa em coletiva de imprensa em Trípoli. "E para demonstrar nossa credibilidade, pedimos ao secretário-geral da ONU que envie observadores internacionais", completou.
Rebeldes pedem ação rápida
O líder do rebelde Conselho Nacional da Líbia afirmou neste sábado (19) que a comunidade internacional precisa agir rapidamente para proteger civis das forças de Kadhafi que estão bombardeando a cidade de Benghazi.
'Agora há um bombardeio de artilharia e mísseis em todos distritos de Benghazi', disse Mustafa Abdel Jalil à rede de TV Al Jazeera. 'A comunidade internacional está atrasada em intervir para salvar civis das forças de Kadhafi'.
'Hoje em Benghazi haverá uma catástrofe se a comunidade internacional não colocar em prática as resoluções do Conselho de Segurança da ONU', acrescentou. 'Apelamos à comunidade internacional, a todo o mundo livre, para impedir essa tirania de exterminar civis.'
Segundo a agência de notícias France Presse, milhares de pessoas fugiam neste sábado de Benghazi. Na localidade de Al Marj, 50 km a leste de Benghazi, na estrada rumo a Tobruk, localizada perto da fronteira com o Egito, foram registrados importantes engarrafamentos. As pessoas que fugiam formavam longas filas em frente de postos de gasolina e padarias, com o objetivo de se abastecer para dirigir por estradas a Tobruk, uma cidade situada a 350 km a leste, próxima ao Egito
O governo da Líbia oficialmente solicitou que as duas aeronaves de caça Mirage F1 que voaram para Malta na segunda-feira, após os pilotos desertarem, sejam devolvidas ao país. Continua
Segundo governo maltês, militares disseram ter fugido ao país após ordem. Bombardeios teriam matado 250, mas não há confirmação independente.
Avião militar Mirage, da Força Aérea da Líbia, no Aeoporto Internacional de Malta, nesta segunda-feira (21/02) (Foto: Darrin Zammit Lupi / Reuters)
Pilotos de dois aviões da Força Aérea líbia aterrissaram nesta segunda-feira (21) no Aeroporto Internacional de Malta, na capital Valletta, e disseram que desertaram das forças aéreas do país para não atender à ordem de bombardear os manifestantes antigoverno no país, informou o governo maltês.
Os dois pilotos disseram que decidiram voar para Malta após receberem ordens para atacar manifestantes em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, epicentro dos protestos contra o regime de Muammar Gaddafi.
Ambos coroneis das forças armadas, os dois partiram de uma base militar próxima à capital Líbia, Trípoli. Um deles já solicitou asilo político em Malta, disse o governo.
Segundo a emissora Al Jazeera, aeronaves militares atacaram uma multidão de manifestantes antigoverno em Trípoli, deixando ao menos 250 mortos.
De acordo com a agência de notícias France Presse, outros dois helicópteros civis também aterrissaram em Malta nesta segunda com sete pessoas a bordo.
Os helicópteros não contavam com a autorização de sair da Líbia, por isso suspeita-se de que tenham fugido desse país em função dos protestos que sacodem a região.
Autoridades do governo disseram que os helicópteros deixaram a Líbia sem autorização das autoridades locais, e que só um dos sete passageiros - que afirmam ser cidadãos franceses - tinha passaporte.
A chancelaria francesa disse que estava analisando o caso.
BOMBARDEIOS
O governo de Gaddafi voltou a reprimir duramente os manifestantes que pedem sua renúncia e atacou, com aviões militares que dispararam munição real, multidões que se reuniram na capital da Líbia, Trípoli, para protestar, informou nesta segunda-feira a emissora de TV árabe Al Jazeera. Segundo especialistas, a ação poderia significar que o regime do ditador está perto do fim.
A informação foi passada por um cidadão líbio, Soula al Balaazi --que se diz um ativista da oposição--, que afirmou à TV por telefone que aviões de guerra da força aérea do país bombardeou "alguns locais de Trípoli".
No entanto, não foi possível confirmar a informação de forma independente.
Um analista da consultoria Control Risks, com sede em Londres, disse que o uso de aviões militares contra seu próprio povo indica que o fim pode estar próximo para Gaddafi.
"Isso realmente parecem ser atos derradeiros, desesperados. Se você está bombeando sua própria capital, é realmente difícil ver como você pode sobreviver", afirmou Julien Barnes-Dacey, analista da consultoria para o Oriente Médio.
"Na Líbia, mais do que em qualquer outro país da região, há um prospecto de violência grave e conflito aberto."
Piloto da força aérea líbia caminha perto de jato Mirage que pousou no aeroporto internacional de Malta/Darrin Zammit Lupi/Reuters
Bombardeios teriam matado 250, mas não há confirmação independente. Protestos contra o governo Kadhafi se intensificam no país.
Moradores sobre tanque com a bandeira nacional pré-Kadhafi, nesta segunda-feira (21), na cidade líbia de Benghazi. (Foto: AP)
Aeronaves militares atacaram uma multidão de manifestantes antigoverno em Trípoli, capital da Líbia, disse a televisão Al Jazeera.
O líbio Soula al-Balaazi, que disse ser ativista da oposição, afirmou à rede por telefone que caças da Força Aérea da Líbia bombardearam "alguns locais em Trípoli". Ele disse que falava de um subúrbio de Trípoli.
Pelo menos 250 pessoas teriam morrido, segundo a emissora. Já a Al Arabiya fala, sem citar fontes, em 160 mortos.
Mais cedo, a Federação Internacional de Direitos Humanos havia calculado entre 300 e 400 o número de mortos desde o início da rebelião contra o governo de Muammar Kadhafi. Segundo a Human Rights Watch, ao menos 233 morreram
Nenhuma verificação independente das notícias estava disponível no momento.
Moradores dos bairros de Tayura e Fashlum relataram um "massacre", com muitos mortos, inclusive mulheres.
Outro morador da capital também afirmou à TV que diversas áreas da capital estão sendo bombardeadas.
"O que estamos testemunhando hoje é inimaginável. Aviões de guerra e helicópteros estão bombardeando indiscriminadamente uma área depois da outra. Há muitos, muitos mortos", disse Adel Mohamed Saleh
Há relatos de que pilotos teriam desertado para a ilha de Malta porque não queriam disparar contra a multidão.
O jornal "Quryna" relatou que mercenários atiraram contra manifestantes, provocando muitas mortes. Uma mulher teria sido morta dentro de sua própria casa.
O secretário de Relações Exteriores britânico, William Hague, afirmou mais cedo que Kadhafi poderia estar se dirigindo para a Venezuela, mas uma fonte do governo em Caracas negou a informação.
Várias cidades do país, entre elas Benghazi e Syrte, estão dominadas por manifestantes, depois de relatos de deserções nas fileiras do Exército e da polícia, segundo testemunhas e a Federação Internacional de Direitos Humanos.
"Muitas cidades foram tomadas, principalmente no leste. Os militares estão debandando", disse a presidente da FIDH, Souhayr Belhassen, citando principalmente Benghazi, reduto da oposição, e Syrte, cidade natal do coronel Kadhafi, que preside o país desde 1969. Outras testemunhas, no entanto, desmentiram que Syrte tivesse sido tomada.
A polícia debandonou no domingo de Zauia, a 60 km a oeste de Trípoli, e a cidade está mergulhada no mais completo caos, informaram vários tunisianos que fugiram para Ben Guerdan (Tunísia), perto da fronteira entre os dois países.
Protestos também estouraram na cidade de Ras Lanuf, que abriga uma refinaria e um complexo petroquímico, segundo o jornal "Quryna".
Em Tobruk, perto da fronteira com o Egito, dez egípcios morreram baleados por "grupos armados de mercenários líbios", disse à France Presse um médico egípcio, citando compatriotas que fugiram do país em conflito.
O grupo petroleiro italiano ENI, principal produtor estrangeiro na Líbia, anunciou em Milão que vai retirar seu pessoal "não essencial" do país.
Ao mesmo tempo, pelo menos três diplomatas líbios renunciaram a seus cargos, e vários líderes tribais e religiosos aderiram à revolta popular.
Uma coalizão de líderes muçulmanos líbios emitiu uma declaração dizendo que é obrigação de todo o muçulmano se rebelar contra o governo líbio.
"Eles demonstraram total impunidade arrogante e contínua, e até mesmo intensificaram seus crimes sangrentos contra a humanidade. Portanto, eles demonstraram total infidelidade à orientação de Deus e Seu amado Profeta (que a paz esteja com ele)", disse o grupo, chamado de Rede dos Ulemas (sábios religiosos) Livres da Líbia.
O ministro da Justiça, Mustafa Abdeljalil, pediu demissão em protesto contra a "situação sangrenta" no país, também segundo "Quryna". O jornal afirmou ter conversado com o ministro por telefone. Não havia confirmação oficial.
Milhares de pessoas vêm protestando nos últimos dias na região leste do país contra Khadafi. O acesso à informação é difícil, e os dados são frequentemente contraditórios.
Saif al Islam, filho de Kadhafi, anunciou a criação de uma comissão para investigar a violência, presidida por um juiz líbio, segundo a TV estatal. Mais cedo, ele tinha dito que Khadafi vai combater a revolta popular "até o último homem em pé", depois que oposicionistas realizaram pela primeira vez manifestações na capital, Trípoli.
A TV estatal afirmou que está havendo uma operação contra "sabotadores e terroristas", com vários mortos, mas não entrou em detalhes.
"Nosso moral está elevado, e o líder Muammar Khadafi está comandando a batalha em Trípoli. Nós estamos por trás dele, assim como o Exército líbio", afirmou. "Vamos continuar lutando até o último homem que estiver de pé, até mesmo à última mulher que estiver de pé (...). Não vamos deixar a Líbia para os italianos ou para os turcos."
Na noite de domingo, a multidão saqueou o prédio do canal televisão Al-Jamahiriya 2 e da rádio Al-Shababia, ambas públicas.
A programação dos veículos, interrompida durante a noite, foi retomada nesta segunda-feira.
Testemunhas também informaram incêndios em delegacias, escritórios de comitês revolucionários (ligados ao regime) e uma área de reuniões oficiais no centro da cidade, onde foram ouvidos intensos tiroteios.
Saída
Os EUA pediram nesta segunda que todo seu pessoal diplomático não essencial deixe a Líbia e alertou cidadãos americanos a evitar viajar para o país do norte da África por conta dos protestos antirregime.
Mais de 2.300 tunisianos residentes na Líbia abandonaram o país desde domingo por razões de segurança, informou a agência oficial tusinisiana TAP. A maioria decidiu voltar de maneira espontânea, já que consideram que a situação vai piorar na Líbia.
A Itália decidiu decretar alerta máximo em todas as suas bases aéreas depois que dois aviões militares líbios e dois helicópteros civis aterrissaram em Malta depois dos atos de violência na Líbia, indicaram fontes da imprensa local.