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Brasil domina tecnologia para posicionar satélite em órbita

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolveu um catalizador movido a hidrazina - um derivado químico do petróleo - , que pode ajudar a movimentar os satélites no espaço


O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolveu um subsistema de propulsão para satélite - trata-se de um catalizador movido a hidrazina (derivado químico do petróleo) necessário para mover um satélite em órbita e corrigir o posicionamento. Ao dominar o subsistema de propulsão, o Brasil se torna também independente para criar mecanismo usado na orientação dos foguetes quando ultrapassam a atmosfera.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, visitou nesta última segunda,16, a unidade do Inpe em Cachoeira Paulista, interior de São Paulo, para conhecer o subsistema de propulsão que será usado no satélite de observação Amazônia 1, com lançamento previsto para o próximo ano.

A criação do equipamento é considerada “um salto” tecnológico do Programa Espacial Brasileiro, avalia Heitor Patire Júnior, pesquisador do Inpe e responsável técnico do projeto. “Isso era uma caixinha-preta, precisamos descobrir na raça”, disse ele à Agência Brasil, ao lembrar que atualmente o país precisava comprar pronto o propulsor (como no caso do Brasilsat) ou contar com o desenvolvimento por paceiros (como a China, no caso dos satélites Cbers).

 Além do feito tecnológico, o desenvolvimento do propulsor é comemorado como marco industrial em tempo que o governo federal lança medidas para incentivar áreas estratégicas de transformação, como reação à diminuição da produção industrial no país, causada, entre outras razões, pela importação de componentes. “Nossa indústria ainda não produz 60% dos equipamentos que precisamos para os satélites, mas em cinco anos poderemos chegar a 100% se os investimentos permanecerem”, calcula Patire Júnior, na esperança de que as fontes de financiamento do programa espacial sejam estáveis.

Em 50 anos de existência, a liberação de recursos do programa espacial foi bastante irregular sofrendo com períodos de cortes orçamentários e descontinuidade, o que não estimulou a indústria de base, por exemplo, a tornar-se produtora de liga de alumínio para uso aeronáutico, fundamental para satélites e para os aviões da Embraer. “A indústria vai sobreviver se houver encomenda”.

O desenvolvimento do subsistema de propulsão mobilizou cerca de 50 funcionários do Inpe, responsáveis pela especificação da tecnologia, e mais duas dezenas entre empregados e consultores da empresa Fibraforte, de São José dos Campos (SP), fabricante do equipamento. Além do pessoal contratado diretamente, Heitor Patire Júnior soma mais de uma centena de pessoas que trabalham para os fornecedores da Fibraforte.

A companhia faz parte de um consórcio formado por mais outras duas empresas que há cerca de uma década participam da Plataforma Multimissão (PMM), criada pelo Inpe para servir de base de satélites como o Amazônia-1 e o Lattes. No período, a PMM  investiu aproximadamente R$ 10 milhões no desenvolvimento de peças para os satélites.

Cerca de uma dezena de países tem programas espaciais, e o Brasil é o mais atrasado. Com o desenvolvimento do subsistema de propulsão, o país poderá melhorar a posição no cenário mundial e se aproximar de emergentes, como a China e a Índia.

Dentro do governo, há grande expectativa que a empresa Visiona, criada pela parceria público-privada entre a estatal Telebras e a privatizada Embraer, dê novo impulso ao programa espacial. O modelo foi desenhado pelo próprio ministro Raupp no ano passado, quando presidia a Agência Espacial Brasileira (AEB) para o desenvolvimento do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB).

Conforme acordos internacionais, o Brasil tem até 2014 para lançar o SGB em órbita. Patire Júnior teme que a nova empresa acabe importando muitos componentes e não utilize a expertise do Inpe com o propulsor. “Não podemos ficar na janela, do lado de fora. Qual será o nosso posicionamento ainda não está claro”, salientou.

Fontes: O ESTADO DE S PAULO - Agência Brasil

Brasil faz parceria espacial com índia e África do Sul

Projeto vai ser reabilitado

O projeto do primeiro satélite conjunto de Brasil, Índia e África do Sul deve ser reabilitado na próxima semana, durante o encontro do Ibas (cúpula que reúne os três países), em Pretória.

Proposto há dois anos pelo Brasil, o projeto compreende dois microssatélites, um para o estudo do clima espacial, outro para observação da Terra.

O de clima espacial, dedicado ao estudo de fenômenos como tempestades solares, deverá ser o primeiro da parceria. No Brasil, a coordenação do projeto será do Inpe.

De acordo com os negociadores brasileiros, o custo total deve ficar em torno de US$ 10 milhões, além de cerca de US$ 7 milhões gastos para o lançamento do satélite. O custo é considerado relativamente baixo.

A África do Sul desenvolveria o chamado controle de atitude do satélite, o conjunto de instrumentos de posicionamento da máquina. O Brasil seria responsável pelos sensores de coleta de dados e caberia à Índia o lançamento da sonda.

Especialistas da área espacial ouvidos pela Folha afirmam, porém, que o gigante asiático está reticente em relação à parceria trilateral.

A Índia, afinal, é uma potência espacial emergente, que recentemente lançou uma sonda na superfície da Lua e não tem interesse em um projeto tecnologicamente mais elementar. O maior interesse indiano seria o de vender a tecnologia.

No encontro da próxima semana, que terá a presença da presidente brasileira, Dilma Rousseff, do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, brasileiros e sul-africanos irão pressionar politicamente os colegas asiáticos para embarcar no projeto.

O satélite era visto com entusiasmo no governo Lula, por dar "materialidade" ao grupo de países do hemisfério Sul. "Tem um aspecto positivo de cooperação tecnológica sul-sul", diz o diretor do Inpe, Gilberto Câmara.

A Índia, entretanto, é essencial para o projeto, porque o custo de lançamento de um microssatélite por quilo é mais elevado do que o de um satélite de 5 toneladas.

Além disso, como a ideia é cobrir tanto o Brasil quanto a África do Sul, a nave teria de ser lançada numa órbita oblíqua.

Ou seja, nem circulando os polos, como a maioria dos satélites de sensoriamento remoto, nem equatorial, como os satélites geoestacionários.

Para isso, seria necessário embarcar o microssatélite de "carona" com algum outro satélite num foguete indiano. "A Índia explora esse tipo de órbita", diz Câmara.

A África do Sul e o Brasil têm interesse em cooperação tecnológica, já que já são parceiros diplomáticos nos fóruns internacionais sobre uso pacífico do espaço. A África do Sul também abriga a primeira estação de recepção de imagens do satélite sino-brasileiro CBERS, que distribui imagens para a África.

O país africano tem, ainda, capacidade tecnológica "ociosa" nessa área, resquícios de um programa de cooperação nuclear com Israel durante o regime do apartheid (1948-1994).


Fonte: FOLHA DE S PAULO - Agências

Chega ao Brasil supercomputador para melhorar previsão do tempo

Equipamento de 40 toneladas custou US$ 23 milhões. Instalações do Inpe em Cachoeira Paulista vão abrigar aquisição.

Com o supercomputador Cray, será possível prever o tempo em uma escala muito pequena, portanto mais precisa (Foto: Lucas Lacaz Ruiz / Futura Press)

Chegou nesta segunda-feira (4) a São José dos Campos o supercomputador Cray, adquirido nos Estados Unidos ao custo de US$ 23 milhões (R$ 39 milhões, ao câmbio atual) para refinar a capacidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) realizar a previsão do tempo. O equipamento, de 40 toneladas, vai ser usado na unidade do Inpe em Cachoeira Paulista.

Em entrevista ao G1 em março deste ano, Gilberto Câmara, diretor do instituto, explicou que a aquisição faz parte da das estratégias do instituto para lidar com eventos climáticos cada vez mais extremos, como as tempestades que causaram enchentes e deslizamentos no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, em 2008.

Com capacidade de processamento de dados muito maior, será possível prever o tempo em uma escala muito pequena, portanto mais precisa. Com a compra de um dos computadores mais rápidos do mundo para essa tarefa, o instituto conseguirá saber, por exemplo, a diferença entre a chuva que poderá cair na Zona Leste e no Centro da cidade de São Paulo.

Supercomputador permitirá ao Inpe ter previsão do tempo em 'alta resolução'

Até o final de 2010 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) pretende estar preparado para conseguir prever o tempo em uma escala muito pequena, portanto mais precisa. Com a compra de um dos computadores mais rápidos do mundo para essa tarefa, o instituto conseguirá saber, por exemplo, a diferença entre a chuva que poderá cair na Zona Leste e no Centro da cidade de São Paulo.

O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, disse que a compra do supercomputador de R$ 50 milhões faz parte das estratégias do instituto para lidar com eventos climáticos cada vez mais extremos, como as tempestades que causaram enchentes e deslizamentos no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, em 2008.

Imagem de satélite da Grande São Paulo mostra como o Inpe calcula a previsão do tempo atualmente (à esquerda), com pontos distantes 20 km entre si. Com a compra de um novo supercomputador, o instituto conseguirá fazer a previsão para pontos com 5 km de distância (imagem à direita), podendo dizer quanto vai chover em cada região da capital. (Foto: Google Maps)

Também está dentro das ambições do Inpe o desenvolvimento de um satélite brasileiro para a leitura do tempo, pois hoje é utilizado um equipamento dos EUA. “Estamos vivendo de satélite emprestado”, disse Câmara.

Veja, abaixo, alguns trechos da conversa com o diretor do instituto brasileiro responsável, entre outras coisas, pela previsão do tempo oficial, a medição do desmatamento, o inventário dos gases de efeito-estufa e o desenvolvimento de tecnologia espacial.

G1 - Com eventos climáticos extremos, monitorar e prever o tempo se torna cada vez mais importante. O Inpe está preparado para essa exigência?

Gilberto Câmara - Agora vamos amos ter uma máquina de 16 teraflops [16 trilhões de operações matemáticas por segundo]. Deverá ser a maior máquina de previsão do tempo do mundo, e esperamos que até meados do ano ela já esteja funcionando.

Hoje temos um modelo de previsão do tempo com uma grade de 20 quilômetros. Isso significa que cada ponto onde é calculada a previsão fica a 20 quilômetros do mais próximo. Até o final do ano vamos passar para 5 km, e poderemos capturar eventos mais localizados. A gente conseguiria, em São Paulo, saber a diferença entre a chuva que vai cair na Zona Leste e a que vai ocorrer no Centro.

Fizemos uma simulação para saber como teria sido a previsão dos eventos climáticos em Santa Catarina [que ocorreram em 2008] se nós já tivéssemos um supercomputador desses. A previsão teria sido bem mais apurada. Ela não foi ruim, mas não teve detalhes suficientes para antecipar a magnitude do evento.

G1 - E o custo da máquina?

Gilberto Câmara - Ao todo nós recebemos R$ 50 milhões do governo, em uma cooperação entre o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Isso inclui a máquina, que deverá custar entre R$ 30 milhões e R$ 35 milhões, manutenção, pessoal e outros custos, já que um computador desses puxa 600 kVA de energia. Tem que ter uma central de ar condicionado e uma central elétrica só para manter essa máquina.

G1 - Em dezembro, a desativação do satélite Goes 10 mostrou que dependemos dos norte-americanos para monitorar o tempo a partir do espaço. O Brasil tem condições de ter os seus próprios satélites com essa função? Existem planos para isso?

Gilberto Câmara - O satélite Goes 10 tinha sido emprestado pelos EUA para a América Latina. Antes, ele ficava mais ou menos em cima de Quito, no Equador, para ver furacões no Golfo do México, e depois foi movido para cima do Brasil. Era um satélite de segunda mão, pois já tinha sido usado e foi substituído por outro. Eles emprestaram outro. Então estamos vivendo de satélite emprestado.

Em médio prazo, o Brasil precisa ter um satélite nessa posição para não depender dos norte-americanos. Temos uma relação excelente com a NOAA [órgão americano que mede as condições do oceano e da atmosfera], mas o plano é ter um satélite geoestacionário nosso.

O Inpe já apresentou esse plano para a Agência Espacial Brasileira [AEB], e agora é questão de dinheiro. Custa cerca de R$ 800 milhões. Eu acho que não é muito para o Brasil, que está comprando Rafales [caças de fabricação francesa, que disputam contrato com suecos e americanos] a bilhões de reais, usando tecnologia dos outros. Esses R$ 800 milhões seriam para desenvolver com tecnologia nacional. Não nos interessaria comprar satélites prontos. Isso o Inpe não faz.

O Brasil é um país tropical onde o território tem uma enorme importância econômica, política, até quase afetiva com seu território. O Brasil precisa monitorar a Amazônia, o Cerrado, a costa, o oceano, o clima. Temos que melhorar sempre a capacidade de tomar conta do país. Estamos discutindo isso com a AEB e estamos otimistas.


G1 - No início de 2008 houve uma polêmica com o governo de Mato Grosso sobre o monitoramento da Amazônia, depois uma rusga com o Ministério de Minas e Energia por causa do apagão. Isso mostra que o trabalho do Inpe pode incomodar o poder público. Os cientistas têm conseguido trabalhar com liberdade dentro desse ambiente?

Gilberto Câmara - Se nós fizermos uma escala de liberdade de ação dos institutos do estado como o Inpe, IBGE e Embrapa, veremos que o Brasil está em um grau superior de maturidade em comparação com a China, Índia ou Rússia. Temos as melhores práticas públicas de transparência do mundo. O ponto de referência são os EUA, mas mesmo lá os cientistas da Nasa chegaram a ser censurados.

A partir do governo Lula, o Inpe consolidou a política de disseminação ampla de todos os seus dados. Uma política aberta facilita muito a assimilação da sociedade e reduz os riscos de manipulação. Eu já tive divergências com vários ministros, mas nunca me pediram para tirar alguma coisa da internet.

G1 - O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) está sofrendo uma crise, primeiro com o vazamento de mensagens trocadas entre cientistas, depois com a acusação de que seu presidente faz assessoria para empresas. Muitas pessoas dizem que tudo isso é orquestrado. Qual sua opinião sobre esses casos?


Gilberto Câmara - O IPCC está com as verdades inconvenientes. Algumas dessas verdades são muito graves e têm um impacto enorme na sociedade atual e no futuro. É mais fácil desconstruir o IPCC do que enfrentar o fato de que é preciso mudar as práticas de uso de energia do mundo. É uma campanha orquestrada, do mesmo jeito que, nos anos 1960, os institutos de pesquisa associados aos grandes produtores de cigarro negavam insistentemente que havia risco à saúde ao fumar.

No caso daqueles e-mails [que vazaram], não há nada de anormal, de excepcional. São comentários que os cientistas fazem, às vezes por gozação. Além disso, os dados de evidências de mudanças climáticas não são só trabalhados por aquele grupo britânico. A quantidade de dados consistentes sobre aquecimento global são muito grandes, de muitas fontes independentes, de observação de muitos fenômenos, desde gelo do Ártico, temperaturas observadas no Havaí, aumento do nível do mar, diminuição das geleiras, temperaturas mais quentes no verão europeu, aumento das chuvas e tempestades no Brasil.


Entrevista concedida em 12/03/2010

Fonte: G1/Iberê Thenório

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