
Segundo fato relevante enviado à Bolsa de Santiago, a Costa Verde, holding dos Cueto, vai comprar 8,56% dos papéis da empresa aérea por 494 milhões de dólares. Restarão à venda, ainda, uma parcela de 21,8% da LAN Chile, distribuída entre as duas holdings de Piñera - a Axxion e a Santa Cecília.
"A LAN Chile sempre esteve no radar da TAM, e, agora, surgiu uma oportunidade única", afirma uma fonte a par dos bastidores da companhia. Em nota, a TAM. afirmou que "nega qualquer intenção de adquirir ações da LAN Chile. O relacionamento das duas companhias contempla uma parceria operacional em codeshare e serviços de manutenção prestados pela TAM para as aeronaves da LAN."
Os Cueto já detém uma participação de cerca de 25% no capital da Lan Chile e são considerados os verdadeiros operadores da companhia aérea. Após o negócio, a famíila passaria a controlar cerca de 33% do capital.
Com o aval da presidente do conselho de administração da TAM, Maria Cláudia Amaro, o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual e também conselheiro da empresa brasileira, está articulando um grupo de bancos de investimento para apoiar o negócio. O fato de a TAM disputar, agora, uma fatia menor da companhia chilena também favorece as ambições da empresa, já que necessitará de menos dinheiro para bancar o jogo.
A TAM realizou, recentemente, o IPO de sua gestora de programas de fidelidade, a Multiplus. Lançada em um momento de turbulência no mercado, devido aos temores da crise da dívida grega, os papéis foram vendidos por um preço menor que o estimado pelos coordenadores da oferta.
Cerca de 94% da captação vai para o caixa da TAM, por meio de um contrato de compra antecipada de passagens e pontos. Mas a idéia, agora, é que esse dinheiro permaneça no caixa da companhia. “Sempre é bom para uma companhia aérea ter um caixa confortável”, diz a fonte.
A alternativa é que os bancos de investimento contatado por Esteves forneçam um empréstimo-ponte para a TAM, cujos recursos seriam usados para comprar as ações da LAN Chile. Em um segundo momento, a dívida seria reestruturada. Nessa etapa, haveria várias opções em estudo - desde uma emissão de ações da TAM, se as condições de mercado forem favoráveis, até um empréstimo do BNDES.
A Copa Airlines seria uma das interessadas em atravessar o caminho da TAM, mas os observadores afirmam que a brasileira é a candidata com melhores condições de vencer a disputa. Em primeiro lugar, porque é a que apresenta o maior número de sinergias com a LAN. Além disso, a família Amaro já mantém um bom relacionamento com os chilenos desde a época em que o comandante Rolim, fundador da TAM, dirigia os negócios.
Por último, a LAN Chile sempre quis ampliar suas operações no Brasil assim como a TAM mantém o sonho de consolidar sua posição de maior companhia aérea da América do Sul. "Não vejo outra empresa em melhores condições de vencer essa briga", diz a fonte.
O prazo para que Piñera deixe a LAN Chile é 11 de março, data de sua posse como próximo presidente do país. Esse também é o prazo que a TAM. tem para concluir um dos voos mais altos de sua história.
Fonte: Márcio Juliboni (Portal Exame)