Corpos de vítimas do 447 devem chegar quinta-feira na França

Corpos serão examinados

Os restos das vítimas do acidente com o voo 447 da Air France resgatados nas últimas semanas em águas brasileiras chegarão de barco na quinta-feira a Bayonne, no sudoeste da França, como parte de um processo de identificação que pode durar meses e divide as famílias.

De acordo com a agência France Presse os 104 corpos devem chegar à França, no porto de Bayonne a bordo do navio L'Ile-de-Sein.

Os 104 corpos devem chegar à França, no porto de Bayonne, no dia 16 de junho a bordo do navio L'Ile-de-Sein", de acordo com uma fonte ligada à investigação.

O barco fretado pelo BEA (Escritório de Investigação e Análises, na sigla em francês) concluiu no dia 3 de junho as operações de resgate de corpos e partes do Airbus A330 a 3.900 metros de profundidade no oceano Atlântico.

Organismo encarregado da investigação técnica do acidente, o BEA havia anunciado no dia 7 de junho que o barco chegaria ao porto de Bayonne "na próxima semana, de onde as peças do avião serão transportadas para Toulouse (sudoeste), para um hangar da Direção Geral de Armamento (DGA); e os corpos serão levados ao Instituto Médico Legal".

Segundo a Polícia Militar francesa (Gendarmeria), que realiza o resgate, 104 corpos foram retirados entre o final de abril e o início de junho. Com os 50 primeiros corpos resgatados logo depois do acidente, o número total de corpos chegou a 154.

Os outros corpos permanecem entre os restos do avião.

IDENTIFICAÇÃO

Os corpos levados para a França serão identificados depois de um processo científico e jurídico rígido e longo, de várias semanas de duração, podendo levar até meses, explicou o coronel François Daoust, chefe do IRCGN (Instituto de Investigação Criminal da Polícia Militar Nacional).

Segundo ele, "operações médico-legais serão realizadas sob a supervisão dos dois magistrados" de instrução parisienses Sylvie Zimmermann e Yann Daurelle, encarregados da investigação na qual Air France e Airbus são acusadas de homicídio culposo.

Como em outras catástrofes (queda do Concorde em 2000, tsunami na Ásia em 2004, terremoto no Haiti em 2010), a identificação das vítimas depende da comparação dos registros "ante mortem" e "post mortem" que serão elaborados por médicos forenses.

Um corpo poderá ser identificado apenas após a "aproximação" desses dois registros, advertiu o coronel Daoust.

O registro "ante mortem" é composto por elementos fornecidos pela família e pelos médicos da pessoa morta: DNA de parentes, joias, cirurgias. O registro "post mortem" é elaborado em "exames médico-legais, odontológicos e nos ossos longos para a retirada de amostras de DNA", indicou o chefe do IRCGN.

Depois, "todos os dados ante e post mortem serão examinados por um computador que estabelecerá possíveis correspondências entre elas" até que uma comissão de identificação "decida eventualmente" atribuir uma identidade para cada corpo.

Daoust lembra que "a identificação dos 50 primeiros corpos (resgatados) há dois anos levou dois meses".

Já "indignados" no final de maio pelo "desenrolar caótico da investigação técnica" do BEA, as famílias estão divididas frente à decisão da Justiça de recuperar seus parentes com o objetivo de identificá-los.

"A operação gerou polêmica, alguns querem e outros não. Havíamos pedido ao juiz que indicasse em quais condições de dignidade o resgate dos corpos será organizado", explica Robert Soulas, vice-presidente da Associação Ajuda Mútua e Solidariedade AF447.

DADOS

Quase dois anos após a queda do avião que fazia o voo 447, o BEA divulgou no último dia 27 os primeiros dados registrados nas caixas-pretas.

O relatório aponta que o avião caiu por 3 minutos e 22 segundos antes de tocar a superfície do oceano a uma velocidade de cerca de 200 km/h.

Segundo o BEA, o relatório descreve "de maneira factual a sequência dos acontecimentos que levaram ao acidente". As primeiras análises definitivas serão apresentadas somente no fim de julho. "Só depois de um trabalho longo e minucioso de investigação é que as causas do acidente serão determinadas e as recomendações de segurança serão emitidas, o que é a principal missão do BEA", informou o órgão.

Fontes: FOLHA DE S PAULO - Agências - BEA

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