A primeira década do século 21 está terminando e a nação que enviou o primeiro homem ao espaço, projeta uma nova espaçonave tripulada, para missões à lua e à Estação Espacial Internacional, e tudo isto em meio a um período turbulento de declínio, estagnação e renascimento comercial.
Antes de 2005, a situação do programa espacial russo era deprimente. Os dois planos quinquenais do governo russo, cobrindo os anos de 1991 a 2000, destinaram poucas verbas para o programa espacial e e plano cobrindo os anos 2001-2005, teve que enfrentat a luta da indústria devido o fluxo de caixa inadequado; alcançando apenas 40% de seus objetivos e somente com 73% do financiamento necessário. Em 2005, a Agência Espacial Federal Russa, anunciou seu primeiro plano consistente , prevendo uma verba de 9.77 bilhões de dólares, para o período de2006 a 2015.
Novo conceito de cápsula espacial em formato de projétil
Embora tenha focado missões à Lua, Marte e Venus, e mesmo voos tripulados, o objetivo mesmo está relacionado em restaurar e fortalecer a infraestrutura espacial russa. A estrutura é basicamente meteorológica e compreende também observação da Terra e redes de comunicações consistindo de espaçonaves e estações no solo.
Talvez, de olho no 50º aniversário do lançamento da Sputnik, em 2007, o chefe da agência espacial russa, Anatoly Perminov, anunciou em 31 de agôsto daquele ano, uma visão para os próximos 30 anos; uma visão ambiciosa. Esta visão inclui bases na Lua e uma missão tripulada à Marte em 2035.
Alguns objetivos até 2040: um novo foguete ; um novo local de lançamentos e novas espaçonaves tripuladas
Os planos russos levam em conta um alcance internacional, já que o país está compromissado com a estratégia de exploração global (GES). Publicada em 2007, a GES é um roteiro voluntário para coordenação das atividades espaciais. Ela permite aos governos a opção de missões conjuntas, compartilhamento de dados científicos e a participação em um fórum chamado mecanismo internacional de coordenação.
Seguindo-se o roteiro, os sistemas de acoplamento das espaçonaves tripuladas, suporte de vida e comunicações, poderiam ser coordenadas para a capacitação das operações conjuntas entre os países. O fórum poderia ajudar a resolver questões sobre futuros direitos de propriedade na Lua e em Marte, e ainda possibilitar acordos visando a proteção de locais de interesse.
Desde sua publicação , mais detalhes emergiram sobre as ambições russas relativas às missões tripuladas. O novo foguete é o Rus-M e a espaçonave tripulada é o ACV, Veículo Tripulado Avançado. O local de lançamento é o Cosmódromo Vostochny, que está sendo construido na região de Amur, no extremo oriente da Rússia.
Escolha do Motor.
Falando na Terceira Conferência Européia de Ciências, em julho, o diretor de lançamentos da agência espacial russa, Victor Remishevsky, confirmou que o foguete Rus-M, utilizará o motor Energomash RD-180, alimentado por oxigênio e querosene, em seu primeiro estágio, e o RD-0146, alimentado por oxigênio e hidrogênio, para o estágio superior.
Remishevsky informou que o foguete que transportará o ACV , chama-se Rus-M, porque existiu um projeto chamado Rus. O projeto seria uma atualização da Soyuz, capacitada a colocar 18 toneladas (39,600 libras) de carga em órbita baixa. A decisão em aumentar a capacidade para 23 toneladas, levou à criação da nova versão, chamada Rus-M.
Segundo Remishevsky, o trabalho em Vostochny, está em desenvolvimento e a agência informou que os projetos referentes ao ACV serão oficialmente divulgados em 2010. Contudo, uma animação conceito no website da agência, apresenta uma cápsula com formato de projétil. Os designs apresentados pela Energia Rocket em 2007, eram de uma cápsula tradicional.
A Rússia planeja ter um ACV operacional por volta de 2015, para transporte de humanos e cargas à Estação Espacial Internacional. Também poderia ser utilizada para transportar astronautas americanos, com voos custeados pela NASA.
Com o prospecto da retirada dos Space Shuttle, em 2010, a única forma de manter os voos tripulados, será por meio da Soyuz. Em maio passado, a chegada de uma segunda Soyuz TMA à estação, aumentou a equipe de astronautas para 6 pessoas.
Em 2007, a agência russa assinou um contrato com a NASA, no valor de 719 milhões de dólares, para o transporte de carga e serviços à ISS, até 2011 e em junho deste ano, aconteceu a assinatura de um novo contrato avaliado em 306 milhões de dólares, cobrindo voos em 2012 e 2013.
Conceito da base de lançamentos Vostochny e do foguete Rus-M
Os planos da NASA , relativos ao veículo Orion, para transporte de quatro tripulantes à ISS, em 2016, estão em revisão e assim o ACV russo poderia continuar os serviços hoje desempenhados pela Soyuz.
Apesar das agências espaciais parceiras terem concordado com a aposentadoria da estação em 2016, a Rússia tem defendido estender a vida útil da ISS até 2020. A agência russa vê a estação como uma plataforma de desenvolvimento tecnológico para os sistemas espaciais que tornariam possível explorações de longa duração, à Lua e à Marte.
A atual revisão dos planos concernentes à Orion, poderia reforçar a ídeia da estensão da vida útil da estação até 2020, quando a NASA entregar os estudos ao novo administrador da NASA, Charles Bolden e ao Escritório de Ciência e Tecnologia da administração Obama. A Agência Espacial Européia, já concordou com o aumento da vida útil da estação. Jean-Jacques Dordain, diretor da ESA, declarou que os parceiros na ISS, deveriam iniciar consultas com a China, índia e Coréia do Sul, para conhecer se têm interesse em participar do projeto.
O projeto da ISS, nasceu como o nome de Projeto Freedom, durante o governo Reagan. Em seus primórdios, tratava-se de uma empreitada trilateral entre europeus, americanos e japoneses. Após várias mudanças de design e a consequente elevação dos custos, nos anos 90, o presidente russo Bris Yeltsin, decidiu juntar a Rússia ao programa e ai o projeto foi renomeado como Estação Espacial Internacional.
A Rússia está bem posicionada para cooperar com um time espandido, juntando China, índia e Coréia do Sul. A indústria russa está auxiliando os coreanos com o seu primeiro sistema lançador de satélites, o KSLV, e a Rússia ajudou a China no desenvolvimento de seu programa espacial tripulado. Perminov, confirmou que a agêcia russa manteve conversações com os indianos, onde foi oferecida ajuda no programa espacial tripulado indiano.
Seja lá quais forem as nações que venham a aderir ao projeto da ISS e não importando o tempo excedente de operação da estação ,sob os planos russos de exploração espacial, estações espaciais em órbita baixa, têm um papel importante a longo prazo.
Perminov disse durante a primeira revisão pública dos voos espaciais realizado pela NASA em 17 de junho, que próximo ao fim da vida útil da ISS , a Rússia planeja desenvolver os primeiros elementos de um complexo espacial orbital experimental que será a base para o desenvolvimento das futuras missões humanas à Marte, após 2030.
Por meio de um grupo de trabalho chamado Spaceships, um comitê trilateral, incluindo a ESA e a Comissão Européia, a Rússia tem apoiado a idéia da construção de uma espécie de estaleiro espacial para a montagem de espaçonaves que voariam em missões interplanetárias.
Estratégias globais e cooperação entre paceiros europeus, estão ditando os termos dos planos exploratórios russos que também verão o aumento da cooperação com os EUA. Os russos vão participar em uma comissão mista com a NASA.
Perminov encontrar-se-á com Bolden, no momento em que o administrador da NASA estiver pronto para apresentar os novos planos à administração Obama e quando o congresso estiver deliberando sobre a aprovação da revisão do programa espacial tripulado.
As decisões tomadas pelo governo Obama, poderiam levar a Rússia a tornar-se o benificiário primário, obrigando a NASA a pagar pelo transporte de astronautas.
Para uma nação cuja indústria espacial lutou tanto pela sobrevivência, 10 anos atrás, a próxima década a verá prosperando em função de sua partcipação em parcerias internacionais, que em último caso poderão levar um russo à Lua em 2030.
Fonte: FG/By Rob Coppinger
Tradução: BGA
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