Morte de presidente polonês em acidente aéreo completa 1 ano

95 pessoas morreram em acidente que matou o então presidente polonês, Lech Kaczynski


Foto do avião acidentado/Mikhail Metzel-11.abr.2010/AP

Uma delegação oficial de familiares e soldados poloneses lembrou neste sábado (9) na cidade russa de Smolensk às 96 vítimas da catástrofe aérea na qual morreu o presidente polonês, Lech Kaczysnki, e que completa um ano neste domingo.

A mulher do atual presidente polonês, Anna Komorowska, liderou a comitiva que viajou de avião até Moscou e optou por deslocar-se de ônibus a Smolensk, que fica a menos de 400 quilômetros da capital russa.

"Esta é uma espécie de peregrinação cujo fim é homenagear as vítimas", informaram fontes diplomáticas polonesas à agência russa Interfax.

O presidente polonês, Lech Kaczynski, morto há um ano/Alik Keplicz-15mar.10/AP

Os atos começaram com uma missa oficiada por sacerdotes poloneses, após a qual foram lidos os nomes em voz alta de cada uma das vítimas do acidente do Tu-154, que comoveu os poloneses e todo o mundo.

Logo em seguida, Komorowska, o governador de Smolensk e representantes do Kremlin depositaram flores na pedra comemorativa que foi colocada no local do acidente há quase um ano.

A delegação se deslocou depois ao memorial construído em Katyn em memória aos mais de 22.000 militares poloneses assassinados entre 1940 e 1941 pelos serviços secretos soviéticos, tragédia até há pouco negada por Moscou.

Precisamente, Lech Kaczynski (1949-2010), sua esposa Maria, membros da cúpula militar polonesa e familiares viajavam para Katyn para homenagear os militares assassinados por ordem do dirigente soviético, Josef Stalin, quando sofreram o acidente.

Kaczynski foi durante seus mais de quatro anos de mandato um defensor da recuperação da memória histórica de seu país, em particular em relação aos crimes cometidos pelo regime comunista na Polônia, o que lhe valeu a inimizade de Moscou.

Segundo informou o Kremlin, os presidentes russo, Dmitri Medvedev, e polonês, Bronislaw Komorowski, também viajarão amanhã a Smolensk e a Katyn para lembrar as duas tragédias, que abalaram as relações bilaterais.

Rússia chamou nesta semana à Polônia a não politizar a investigação sobre a catástrofe, que ainda opõe os dois países, já que Moscou responsabilizou até agora pelo acidente exclusivamente à parte polonesa.

"Infelizmente, certas forças na Polônia tentam transformar a investigação das causas da tragédia em um fator da luta política", disse Vladimir Titov, vice-ministro de Exteriores russo.

Titov criticou a reação de Varsóvia diante do relatório emitido em janeiro pelo CAI (Comitê de Aviação Interestatal), e foi tachado de "brincadeira" pelo irmão gêmeo de Kaczynski, Jaroslaw.

A presidente do CAI, Tatiana Anódina, afirmou que "a causa direta do acidente foi a não adoção pelos tripulantes de uma decisão oportuna de dirigir-se a outro aeroporto diante das condições meteorológicas adversas".

Anódina ressaltou que a tripulação do avião do presidente polonês "não recebeu autorização para aterrissar".

O relatório, que a Rússia considera definitivo, aponta que o chefe da Força Aérea polonesa, Andrzej Blasik, a bordo da aeronave, "exerceu pressão psicológica na tomada da decisão de descer e de aterrissar a todo custo" e que tinha um nível de 0,6 de álcool no sangue durante o voo.

Enquanto isso, o ministro do Interior, Jerzy Miller, que preside a comissão polonesa que investiga a catástrofe, mantém que os controladores russos, em vez de permitir que o avião polonês descesse a uma altitude de 100 metros, deviam ter avisado ao piloto que a aterrissagem era impossível.

"O comandante de um voo internacional é quem toma de forma independente a decisão sobre decolagem e aterrissagem. Os controladores não tinham direito de proibir a aterrissagem", replicou Ígor Levitin, ministro de Transporte da Rússia.

Por sua vez, o irmão de Kaczynski reiterou nesta semana em declarações à televisão que não descarta que seu irmão gêmeo e presidente do país tenha sido assassinado premeditadamente pela parte russa em 10 de abril de 2010 em Smolensk.

Se isso não bastasse, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, acusou Moscou de não revelar toda a verdade sobre o acidente aéreo.

"Os russos tentam encobrir, mas não porque exista algum terrível segredo, mas porque, em geral, não gostam de reconhecer seus erros e fragilidades", garantiu em declarações a uma emissora de rádio.

A Rússia entregou nesta semana à Polônia outros 14 volumes com o material sobre a catástrofe, incluindo declarações de testemunhas, imagens do local do acidente e informações sobre o aeroporto de Smolensk, mas não as autópsias, outra das demandas de Varsóvia.

O acidente do avião presidencial polonês ocorreu quando a aeronave tentava aterrissar no aeroporto em meio a um denso nevoeiro.


Fontes:Efe - FOLHA DE S PAULO

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