Jobim diz que fracasso de negociações contra greve é culpa das companhias aéreas

Para Jobim, cias aéreas deveriam negociar

Em carta endereçada nesta quarta-feira às companhias aéreas, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que o fracasso das negociações com os aeronautas e os aeroviários se deve, principalmente, à "postura dos representantes do sindicato patronal" e que, se fosse outra a postura tomada, "poderíamos, a essa altura, estar a assegurar aos brasileiros a tranquilidade em relação a suas viagens".

Antes de enviar a carta, Jobim ouviu dos representantes das empresas que seria aberta uma mesa de negociações no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para dar uma solução à greve. Não apenas a promessa foi descumprida, como as empresas retornaram ao ministro pedindo "medidas necessárias" do governo para a "manutenção da ordem".

Jobim, que esteve pessoalmente com o presidente da TAM, Líbano Barroso, e falou por telefone com o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, não gostou nada da reação e jogou a culpa da greve para os empresários.

Apesar das conversas, o ministério não tem nenhum plano emergencial para evitar mais transtornos aos passageiros devido à ameaça de greve nesta quinta-feira (23), antevéspera de Natal.

Vai apenas intensificar o plano anunciado em novembro para as férias, que inclui proibição de venda de passagens em maior número que o de assentos, usar aeronaves reservas e ampliar os postos de check-in nos horários de pico.

Passageiros enfrentam atrasos em voos no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo/Rodrigo Capote/Folhapress

GREVE

Com dissídio (negociação de reajuste salarial) marcado para dezembro, os sindicatos de aeroviários (trabalhadores em terra) e aeronautas (pilotos e comissários) ameaçam entrar em greve a partir desta quinta-feira. As companhias querem mudar a data de dissídio para abril.

As empresas ofereceram inicialmente um reajuste de 6,08% que representa apenas a inflação do período de acordo com o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Após reunião ontem com o Ministério Público do Trabalho em Brasília, revisaram a proposta para 6,5%, mas não houve acordo.

O patamar ainda é bastante abaixo do percentual que os funcionários reivindicam, de 13% a 30%, dependendo da faixa salarial.

Lula,condena greve


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou na noite desta quarta-feira (22) a possibilidade de os funcionários do setor aéreo entrarem em greve na manhã de quinta-feira. Lula fez o comentário após participar, em Brasília, da cerimônia de sanção da lei que cria o Regime de Partilha do pré-sal e Fundo Social do pré-sal.

"Acho que os empresários podem flexibilizar um pouco, que os empregados podem flexibilizar um pouco. O que não pode é qualquer atitude de irresponsabilidade que leve o povo brasileiro sofrer", disse. Lula afirmou que, na quinta-feira (23), vai se reunir com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para debater o tema.

Depois de condenar a ameaça de greve às vésperas do Natal, o presidente defendeu o direito de greve, mas disse que espera maturidade de empresários e trabalhadores do setor aéreo. Segundo Lula, a negociação poderia ter sido feita antes das festas de fim de ano.

“Todo mundo sabe que eu passei minha vida inteira brigando pela liberdade de negociação e pelos direitos dos trabalhadores, o que não pode é nem os empresários, nem os trabalhadores terem qualquer atitude de irresponsabilidade. Eu espero e estou convencido que deva haver maturidade entre trabalhadores e empresários para que o povo não seja vítima da insensatez”, afirmou Lula.


Atrasos

Dos 176 voos domésticos programados até as 19h desta quarta-feira, em Cumbica, em Guarulhos, 90 atrasaram meia hora (51,1%) e três foram cancelados (1,7%), segundo boletim da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Em Congonhas, o atraso ocorreu em 58 voos (29,1%), outros 22 foram cancelados (11,1%).

No total, dos 2.093 voos domésticos programados até as 19h em todo o país, 677 (32,3%) atrasaram e 82 foram cancelados (3,9%). Entre os voos internacionais, 44 atrasaram (31,7%) e dois foram cancelados (1,4%).

Entre os aeroportos com maiores índices de atrasos de voos domésticos até as 19h, além de Cumbica, em São Paulo, estão Acre (66,7%), Amapá (57,1%), Belém (55,6%), Natal (47,1%), Bahia (44,4%) e Brasília (40,4%).

Nesta tarde, a presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, afirmou que os passageiros que viajarão nos próximos dias deverão se informar antes de sair de casa. “Os passageiros devem se informar se há um movimento de greve significativo e se os voos estão sendo impedidos”, declarou. Pela manhã, Jobim se reuniu com representantes de empresas aéreas, da Anac e Infraero.

Ameaça de greve

Na terça-feira (21), representantes dos aeronautas e aeroviários, dos patrões e do Ministério Público do Trabalho (MPT) se reuniram para discutir reajuste salarial, mas não fecharam acordo. Os trabalhadores dizem que devem cruzar os braços nesta quinta-feira.


Fontes: Gustavo Patu /FOLHA - Débora Santos/G1 - TV Globo
 Post: Alex

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