EUA vão derrubar o alerta de terrorismo baseado em cores

Concluiu-se que o código não dizia às pessoas o que fazer - só espalhava medo



O ex-secretário de Segurança Interna dos EUA, Tom Ridge, com a tabela de cores

Lá se vai outra piada. O departamento de Segurança Interna planeja livrar-se do código de cor do sistema de alerta de terrorismo.

Conhecido oficialmente como Sistema de Alerta de Segurança Interno, o regime de cinco cores foi introduzido pelo governo Bush em março de 2002.

Os código de cores dos níveis de ameaça estão condenados ao fracasso porque "não dizem às pessoas o que elas devem fazer – apenas as deixam com medo", disse Bruce Scheneier, que escreve sobre questões de segurança. Ele disse que o sistema era "uma relíquia de nosso pânico depois do 11 de Setembro" e que "nunca serviu a qualquer propósito de segurança."

Vermelho, o nível mais alto, significa "sério risco de ataques terroristas". O nível mais baixo, verde, quer dizer "baixo risco de ataques terroristas". Entre eles estão o azul (risco moderado), amarelo (significativo) e laranja (elevado). O país vive geralmente entre o amarelo e o laranja. O nível de ameaça jamais foi verde ou nem mesmo azul.

Em uma entrevista ao The Daily Show, no ano passado, a chefe de segurança interna, Janet Napolitano, disse que o departamento estava "revistando a questão do código de cores e esquemas para saber se ele realmente comunica alguma coisa para o povo americano". A resposta, aparentemente, é não.

O departamento de Segurança Interna disse em um comunicado que as cores serão substituídas por um novo sistema – as recomendações ainda estão sob análise – que deve oferecer mais clareza e orientação. "O objetivo é substituir um sistema que não comunica nada", disse a agência, "por uma abordagem em parceria com os agentes da lei, o setor privado e o público americano para prover informação específica com base nos últimos dados da inteligência". O departamento já começou a trabalhar com o objetivo de fornecer indicações mais específicas.

Depois de um cidadão nigeriano, Umar Farouk Abdulmutallab, ser acusado de tentar derrubar um avião rumo a Detroit com explosivos no último Natal, o departamento divulgou novas diretrizes para aeroportos e companhias aéreas, sem elevar o nível de ameaça.Ainda que o sistema possa ter uma utilidade limitada para o público americano, se transformou em ouro para piadas de apresentadores de televisão. Conan O'Brien brincou: "Champanhe-fúcsia significa que estamos sendo atacados por Martha Stewart". Jay Leno disse: "Eles acrescentaram um xadrez no caso de sermos atacados pela Escócia".

Enquanto isso, os críticos do governo Bush argumentam que o sistema foi uma ferramenta política. Até Tom Ridge, secretário de Segurança Interna do presidente George Bush tem levantado questões. Em sua autobiografia, The Test of Our Times: America Under Siege… And How We Can Be Safe Again ("O teste de nosso tempo: a América sob ataque e como fazer para sermos seguros de novo"), Ridge disse que o então procurador-geral, John Ashcroft, e o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, queriam aumentar o nível de alerta contra o terrorismo em outubro de 2004 depois de uma gravação de Osama bin Laden ser revelada. Ridge escreveu que "depois de um vigoroso, e alguns poderiam dizer dramático debate, eu pensei, 'isso é sobre segurança ou política?'"

Ainda que o nível de alerta não tenha sido aumentado, ele disse que o incidente o ajudou a decidir que era hora de deixar o governo, em fevereiro de 2005. Amy Wax, presidente da Associação Internacional de Consultores de Cor dos Estados Unidos, disse – talvez não surpreendentemente – que as cores poderiam ser uma parte efetiva de um sistema de alerta se estivessem ligadas a uma ação específica. "Como vamos usar essas instruções e aplicá-las às nossas vidas?", disse ela. "Devemos ir para o aeroporto ou não ir para o aeroporto?" Ela disse que o uso "infantil" das cores primárias, como vermelho, amarelo e azul, pela agência podem ter diluído o impacto. "Roxo, laranja e magenta podem criar um sentimento de alguma coisa que chame a atenção."


Fonte: The New York Times - Veja./Foto: AP

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