LATAM, criada pela fusão da LAN e da TAM, estará nas mãos dos chilenos

Embora cargos de comando tenham ficado para a família Amaro, LAN terá poder para dar a palavra final

Latam: família Rolim terá cargo institucional, de acordo com fonte


São Paulo - A distribuição de poder da LATAM, resultado da fusão das companhias aéreas TAM e da chilena LAN, já mostra na mão de quem estará o controle da nova empresa. O CEO e vice-presidente executivo da LATAM será Enrique Cueto, atual presidente da LAN. Maurício Rolim, atual vice-presidente da administração da TAM, será o presidente do Conselho Administrativo da LATAM.

Essa divisão se dá porque a LAN deterá, na nova companhia, 79,6% das ações ordinárias do grupo - portanto, com poder de voto sobre as decisões. A TAM ficou com os outros 20,4% das ações, garante uma fonte ligada à companhia brasileira. O motivo da compra da brasileira pela chilena, por meio de troca de ações, é simples, diz a fonte: o caixa da LAN é maior que o da TAM.


"Essa divisão caracteriza que quem mandará nas operações da holding é a família Cueto, dona da LAN", afirma a fonte. "O cargo que será ocupado por Maurício é mais institucional que estratégico, uma maneira de mostrar que as empresa estão alinhadas, porém deixando claro quem manda".

O arranjo é semelhante ao proposto pela associação de outras duas gigantes - o Pão de Açúcar e a Casas Bahia. Michael Klein será o presidente do conselho de administração da nova Globex, e seu filho, Raphael, de 32 anos, será o presidente executivo. Na época, a avaliação dos especialistas era de que a distribuição de poder seria apenas formal, já que Abílio Diniz, o dono do Pão de Açúcar, deteria a maioria dos assentos do conselho - e mandaria na prática. O acordo acabou revisto por exigência dos Klein, a fim de conseguirem melhores condições na associação.

Velhos conhecidos

Ainda é cedo para dizer se a distribuição de poder dentro da LATAM vai desagradar a família Amaro. De concreto, sabe-se que as relações entre os Cueto e os brasileiros são antigas e bem amistosas.

Elas remontam à época do fundador da TAM, Rolim Amaro, quando a empresa comprou suas primeiras aeronaves Airbus. A aquisição teria sido feita pelas duas empresas juntas, para barganhar um melhor preço pelos aviões. Desde então, unir as companhias virou uma obsessão para Amaro. "Entre idas e vindas de negociações, muito tempo se passou", conta a fonte.

André Esteves, CEO do BTG Pactual e atual conselheiro da TAM, foi o grande negociador da compra, bem como Marco Bologna, presidente do conselho de administração da companhia, afirmou uma pessoa próxima às companhias.

"Não sei quanto Esteves possui dos 20,4% de ações na LATAM, mas imagino que ele deve ter ganhado uma boa comissão por ter alinhado os interesses das companhias nas negociações", disse o executivo.

TAM e LAN assumem liderança na América Latina e ganham destaque nos EUA e Europa

A fusão entre TAM e a chilena LAN, anunciada nesta sexta-feira (13/8), cria uma nova gigante do setor e facilita o transporte de passageiros e cargas. A holding LATAM - que controlará as duas companhias - se torna a maior da América Latina. Ela terá, também, destaque em outros mercados.

No Canadá e Estados Unidos, a companhia será a segunda maior em voos que fazem a ligação entre a América do Sul e esses países, atrás apenas da American Airlines. Também será a quarta maior a ligar a Europa à América do Sul, tendo à frente a British Airways/Ibéria; Air France/KLM; e TAP.


"A fusão é mais um exemplo do processo de consolidação pelo qual o setor aéreo vem passando", diz André Castellini, da consultoria Bain & Company. "A TAM vai ganhar em fluxo de passageiros do oeste da América do Sul e em operações nos Estados Unidos, onde a LAN é forte."

Rumo ao oeste

A LAN se beneficia com o mercado doméstico brasileiro -- o maior da América Latina. A TAM ganha com as operação da chilena na América Latina e, principalmente, para o oeste dos Estados Unidos, em cidades como Los Angeles, Las Vegas e Seattle. A TAM tem hoje voos diretos para 18 países, mas com os acordos de codeshare e com a recente entrada na Star Alliance esse número salta para 181 destinos.

Juntas, Lan e TAM oferecerão operações de passageiros e carga para mais de 115 destinos em 23 países, com transporte de carga em toda a América Latina e em boa parte do mundo. O grupo terá uma frota de mais de 220 aeronaves -- com mais 200 já pedidas -- e terá mais de 40.000 funcionários.

No ano passado, as companhias transportaram cerca de 45 milhões de passageiros e 832.000 toneladas de carga. Com a fusão, membros do programa de fidelidade poderiam acumular e resgatar milhas em número muito maior de voos e de parceiros.

Problemas de caixa


"O negócio é muito positivo para a empresa brasileira, que vinha tendo problemas para administrar seus custos frente a tarifas cada vez mais baixas no mercado", afirma o Banco do Brasil em relatório. "A LAN, que há tempos queria entrar no mercado brasileiro, aposta no potencial de crescimento do país, enquanto a TAM acredita numa sinergia e redução de custos."

A união deve gerar sinergias anuais de aproximadamente 400 milhões de dólares. Desse montante, parte será capturada em proporções iguais entre alinhamento das malhas de passageiros, crescimento da malha de transporte de carga e redução de custo. A organização espera implementar aproximadamente um terço de todas as sinergias em um ano a partir da conclusão da transação e terminar de implementar todas as sinergias ao final do terceiro ano. As duas companhias já teriam hoje mais de 200 pedidos de aeronaves.

Segundo relatório do Banco do Brasil, a receita de cargas, impulsionada pela recuperação econômica, aumentou 32,5% na comparação anual. Além disso, a demanda por voos nacionais e internacionais da TAM continua forte, maior em 10% e 14% na comparação anual, respectivamente.

Segundo o BB, as duas se tornam uma grande empresa, capaz de aumentar rotas internacionais e brigar de igual para igual com as grandes empresas estrangeiras. "Faz sentido para as duas companhias porque a TAM é uma grande companhia e que ainda não possui operações relevantes de carga e a LAN possui interesses no mercado brasileiro. Esses dois objetivos podem ser atingidos com este acordo", afirma Patricia Pellegrini, analista sênior da Larrain Vial.

Comentário:


Pelo que se percebe com a leitura do press-release, mesmo o anúncio tendo sido muito pouco detalhado, a LATAM vai ser dona de tudo que é hoje da LAN Airlines S.A. mais o que pertence à TAM S.A., porém não será dona da TAM Linhas Aéreas S.A. nem da Pantanal Linhas Aéreas S.A., só terá 20% de participação nelas, ou seja, o desequilíbrio grande advém do fato de a LAN Airlines ser subsidiária completa da LATAM, mas a TAM Linhas Aéreas não. O tempo dirá qual interpretação é a correta.

Fonte: EXAME

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails