Funcionários da Gol vão parar dia 13 de agosto; passageiros enfrentam atraso e cancelamento de voos

Aeroviários da GOL vão fazer greve de advertência

RIO e SÃO PAULO - Os funcionários da Gol vão parar por 24 horas no próximo dia 13 de agosto. A greve foi convocada por e-mail distribuído na tarde desta segunda-feira por empregados da empresa. Os funcionários reivindicam aumento salarial de 25%, além de "escalas mais humanas", planos de saúde e de previdência privada pagos pela empresa e plano de carreira para todos os funcionários.

Problemas na escala associados ao elevado tráfego aéreo na volta às aulas levaram à insuficiência de tripulantes para os voos programados da companhia, que registram atrasos desde sexta-feira.

De acordo com a Infraero, entre 0h e 19h desta segunda-feira, 52,2% dos 672 voos domésticos da empresa programados para o dia estavam atrasados, o que representa um total 351 aeronaves decolando fora do horário previsto. Foram cancelados 85 voos, 12,6% do total. Entre os 30 voos internacionais da companhia programados para o dia, 46,7% estavam atrasados, ou seja, 14 voos.

Passageiros enfrentam longa espera no aeroporto Tom Jobim. Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo

Ainda segundo informações da Infraero, até as 19h desta segunda-feira no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, 38,5% dos voos domésticos estavam atrasados. No Santos Dumont, eram 17,4%. Em São Paulo, o Aeroporto Internacional de Guarulhos registrava atrasos em 23,1% do total de voos nacionais. Já em Congonhas, na região central da cidade, 27,6% dos voos não partiram no horário.

No email, além da convocação da greve, há uma carta endereçada ao presidente da Gol, Constantino Júnior, em que os funcionários fazem um trocadilho com a cor da empresa, laranja. "Essa Laranja já deu muita laranjada, está na hora do Senhor cuidar da Laranjeira", diz a carta.

A paralisação tem o apoio do Sindicato Nacional dos Aeroviários. Selma Balbino, presidente da entidade, declara que a iniciativa dos funcionários além de ser resultado dos problemas internos da Gol, também está relacionada à lenta fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Agência Nacional em Aviação Civil (ANAC). "Não podemos esquecer que as multas aplicadas pelo MTE e ANAC são tão baixas, que acabam se tornando um incentivo ao desrespeito à legislação trabalhista e à regulamentação profissional", diz a nota do sindicato.

Nesta segunda-feira, no juizado especial do Aeroporto Internacional Tom Jobim, foram feitos 33 atendimentos de passageiros prejudicados até o fim da tarde. Do total, houve 27 reclamações que tiveram as petições iniciais encaminhadas para serem distribuídas para uma vara do estado.

Houve ainda um acordo entre passageiro e empresa aérea e cinco pessoas buscaram informações. Já no juizado especial do Aeroporto Santos Dumont, foram feitos 20 atendimentos. Destes, foram cinco petições iniciais distribuídas, quatro acordos e 11 pedidos de informaçãoes.

A situação foi ainda mais grave durante a madrugada. O técnico em telecomunicações George Santos deveria ter embarcado em um voo da Gol, de Salvador para o Rio de Janeiro, às 4h25. Só conseguiu embarcar ao meio-dia.

- Éramos um grupo de cerca de 70 pessoas. Cancelaram o primeiro voo às 4h e nos realocaram para as 5h40, que também foi cancelado. Nos informaram que embarcaríamos às 7h25, mas a tripulação disse que tinha excedido a carga horária e não levantaria voo. Às 9h40, fecharam um voo da TAM e colocaram uns 40 passageiros. Mas só consegui uma vaga no voo de meio-dia e ainda teve gente que só embarcaria para o Rio às 16h45 - relatou George.

Segundo ele, os passageiros trocaram e-mails e telefones para entrar na justiça com uma ação coletiva contra a companhia aérea.

- Muitas pessoas perderam compromissos profissionais e consultas médicas. Foi um absurdo - afirmou o técnico em telecomunicações.

Atrasos também atrapalharam voos de outras companhias

A profissional de marketing Julia Medeiros chegou às 12h30 ao Aeroporto Tom Jobim para embarcar no voo da Lan que partiria às 14h30 para Santiago. Assim que abriu o check in, foi informada que o embarque atrasaria em pelo menos quatro horas. A nova previsão era de que o avião sairia às 18h20.

- Recebi um voucher para almoçar no restaurante do aeroporto, que estava lotado de passageiros de outros voos. Fomos bem tratados pela Lan, mas vou chegar a Santiago quase meia-noite. Como o hotel está lotado, eles cancelariam a minha reserva se eu chegasse tão tarde. Tive que ligar avisando do atraso e remarcar o transfer que vai me pegar no aeroporto de lá - contou Julia.

Na noite deste domingo, centenas de passageiros que precisavam fazer escala no Aeroporto Internacional Tom Jobim não conseguiram embarcar. Ainda de madrugada e no início da manhã, os passageiros diziam que uma greve de tripulantes da companhia aérea Gol teria provocado o cancelamento dos voos. Revoltados com a falta de informação, os passageiros foram conduzidos a hotéis no próprio aeroporto e na Barra da Tijuca.

A Gol informou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que um problema no software que processa as escalas de trabalho de seus tripulantes, durante o fim de semana, fez com que parte deles atingisse o limite de horas de trabalho estipulada pela legislação

A empresa negou que houvesse greve de tripulantes. De acordo com a diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, não houve greve, mas um pico de horas-voo de tripulantes. Graziela disse que a Gol é campeã de reclamações de excesso de horas-voo. Pela lei, a tripulação deve ter um limite de horas-voo de 10 horas e meia por dia ou 85 horas-voo por mês.


- Das últimas mil denúncias (de extrapolar hora-voo) no primeiro semestre, 90% são referentes à Gol. A empresa estabelecia mesmo duas jornadas por dia, o que é contra a lei- afirmou.
São Paulo

Em São Paulo, os atrasos nos voos da Gol começaram no sábado. O jornalista Eder Chiodetto tentou embarcar às 6h num voo para Salvador, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele foi informado que o voo estava atrasado, sem previsão de saída. Segundo a Gol, não havia tripulação disponível.

Segundo o jornalista, a empresa ligou em plena madrugada para a casa dos funcionários para ver quem se dispunha a vir pilotar a aeronave. Enquanto isso, os passageiros aguardavam na sala de embarque. Houve gritos, ameaças contra funcionários, mães com crianças de colo aguardando há mais de 9 horas, choro. A empresa não cancelava o voo e não dava previsão de saída.

Durante a madrugada parte dos passageiros foi encaminhada a um hotel, mas teve que retornar pois estava lotado. O problema aconteceu com outros voos da empresa. Segundo funcionários, o problema aconteceu pelo estouro de horas de voo dos funcionários no mês. Finalmente, às 7h15m, depois de muita reclamação, os passageiros foram embarcados no voo 1922.

Fonte: O Globo

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