Anac promete divulgar todos os dados sobre atrasos de voos

Agência diz que dados já são usados internamente, mas estuda nova metodologia

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que deve tornar público todos os dados de atrasos dos voos em solo brasileiro, a exemplo do que é feito nos Estados Unidos e na Europa.

Segundo a agência, "os dados de regularidade, pontualidade e eficiência são hoje usados internamente porque a metodologia expurga razões meteorológicas e fechamento de aeroportos, por exemplo, que interferem nos voos". "No entanto, a metodologia está em estudos e os dados devem ficar disponíveis em breve para os passageiros."

A Anac ainda afirma que pune as empresas que descumprem normas de regularidade. Citou como exemplo a Gol/ Varig e a Pantanal, que perderam horários de voo (slots) em Congonhas. Já a Infraero afirmou que o aumento no número de atrasos pode estar relacionado ao aumento de voos nos aeroportos.

Companhias

A Trip Linhas Aéreas afirmou que desconhece o ranking feito pela reportagem e "acompanha regularmente os relatórios divulgados pela Anac". A empresa diz que procura atender a todas as regras para casos de atraso. Já a Webjet disse que opera 116 voos diários, a maioria nas Regiões Sul e Sudeste, onde os aeroportos são mais suscetíveis a fenômenos meteorológicos e onde estão os maiores fluxos de trafego aéreo.

- É inevitável que ocorram adiamentos em determinados voos, embora todos os esforços da empresa estejam direcionados para evitar que isso aconteça.

A TAM afirmou que o aumento no número de atrasos foi causado por "motivos meteorológicos". Segundo a empresa, "no Brasil, foi registrado um grande volume de chuvas nesse período e fomos também impactados pelo inverno rigoroso na Europa, prejudicando não só a pontualidade internacional, mas também as conexões de passageiros vindos do exterior".

A empresa Gol disse que os atrasos nos trechos apontados pela reportagem foram causados por "tráfego aéreo, condições meteorológicas e/ ou segurança de voo". O Estado não conseguiu contato com a Delta e com a Aerolíneas Argentinas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Metade dos voos que mais atrasam sai de São Paulo

As deficiências dos aeroportos brasileiros e o inchaço da malha de voos encontram a sua mais perfeita tradução nas salas de embarque de São Paulo.

Levantamento exclusivo feito pelo Estado mostra que metade dos voos que mais atrasam em todo o País sai dos aeroportos de Congonhas, na zona sul da capital, e Cumbica, em Guarulhos. Os dois aeroportos, no entanto, concentram 17,4% do tráfego aéreo nacional.

Cumbica é, proporcionalmente, o pior aeroporto brasileiro. E só vem piorando - 17,2% dos voos atrasaram mais de 30 minutos nos primeiros sete meses do ano. O limite tolerável para a Aeronáutica é de 10% e a média dos aeroportos americanos, de 8%. No ano passado, esse índice em Guarulhos foi de 10,7% - ou seja, piorou cerca de 60%. Já em Congonhas, 13,1% dos voos atrasaram mais de 30 minutos de janeiro a julho, ante 8,7% no mesmo período do ano passado.

O levantamento foi feito com base nos relatórios de atrasos das companhias aéreas e nos índices dos principais aeroportos brasileiros. Além disso, o Estado compilou mais de 90 mil dados oficiais de exatos 4.022 voos que atrasaram no País nos meses de abril e maio. Esse trabalho é inédito - a reportagem pediu essas mesmas informações à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e à Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que afirmaram não ter os números.

Com esses dados, foi possível descobrir quais são os aeroportos que mais atrasam, as companhias que menos respeitam os horários e os piores trechos. Um voo de Congonhas para Marília, por exemplo, a 400 km da capital, atrasou seis vezes no período - o tempo médio de atraso foi de 3h45. Para o passageiro, seria mais fácil ter ido de carro.

No limite

Os aeroportos de São Paulo são os que mais sofrem com a falta de infraestrutura. Em Cumbica, os dois terminais têm capacidade para absorver até 21 milhões de passageiros por ano. Em 2009, porém, esse limite foi ultrapassado em 700 mil pessoas. É como se o terminal tivesse de suprir, além da própria demanda, todo o movimento do aeroporto de Aracaju.

Além disso, a malha aérea está concentrada em horários no começo da manhã e fim da tarde - o que não seria problema se os aeroportos tivessem capacidade para absorver a demanda.

Respício do Espírito Santo Júnior, presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo, avalia a situação.

- Cumbica é exemplo da falta de estrutura, porque não cresceu nem física nem tecnologicamente. Faltam terminal e tecnologia de processamento dos passageiros. É um gargalo atrás do outro.

Fontes: Agência ESTADO - R7

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