Irã acusa países de não reabastecer seus aviões

BP teria deixado de fornecer combustível

O Irã reclamou nesta segunda-feira que seus aviões não foram reabastecidos na Alemanha, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos. Washington disse que suas empresas estavam tomando as "decisões certas" ao cortar relações comerciais com Teerã.

O jornal "Financial Times" disse que gigante British Petroleum (BP) não renovou um contrato de abastecimento de combustível com as companhias aéreas iranianas, o que poderia explicar as dificuldades que essas empresas vêm enfrentando para reabastecer seus aviões.

O contrato terminava no fim de junho, informa o FTD, que cita o exemplo de um avião da Iran Air que teve de aterrissar em Viena porque não pôde encher o tanque no aeroporto de Hamburgo.

"Não podemos nos pronunciar sobre os contratos individuais com cada companhia aérea. Mas respeitamos, em todos os países nos quais temos atividades, as regras locais sobre as sanções", afirmou a presidência da BP ao jornal. Segundo a edição, as novas sanções votadas pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o Irã influenciaram na decisão do grupo petroleiro.

O grupo francês Total, no aeroporto de Colonia-Bonn, e o grupo do Kuait Q8 afirmaram ao jornal econômico que entregariam o combustível normalmente.

ABASTECIMENTO INTERROMPIDO

Aeroportos do Reino Unido, Alemanha e Emirados Árabes Unidos (UAE) já estariam se recusando a abastecer aviões comerciais iranianos desde a semana passada, afirmou Mehdi Aliyari, secretário da Associação de Companhias Aéreas do Irã.

"Desde quinta-feira, após a aprovação de sanções unilaterais americanas contra o Irã, os aeroportos do Reino Unido, Alemanha e dos UAE não vêm aceitando reabastecer os aviões iranianos", disse Aliyari.

A agência oficial iraniana Irna acrescentou que o aeroporto do Kuait havia feito o mesmo.

Segundo Aliyari, a medida está de acordo com a "decisão do Congresso americano de impor sanções à venda de combustíveis ao Irã. As companhias [aéreas] Iran Air [estatal] e Mahan [privada], que realizam numerosos voos para a Europa, tiveram problemas".

Ele pediu ao ministério das Relações Exteriores, ao Departamento Nacional de Aviação Civil e ao Ministério dos Transportes agir contra o que chamou de "ação ilegal americana".

PRESSÃO ECONÔMICA

A pressão sobre o Irã aumenta por causa de seu programa nuclear, e os EUA aumentaram os esforços para isolar economicamente o país persa. Na quinta-feira (01), o presidente Barack Obama assinou sanções unilaterais severas que pretendem esmagar as importações de combustível à República Islâmica e aprofundar seu isolamento internacional.

Washington não deixou claro se suas novas sanções pretendem pedir que empresas recusem abastecer aeronaves iranianas em aeroportos em outros países, mas autoridades americanas deixaram claro estarem satisfeitas com as notícias de que as sanções começaram a surtir efeito.


"O preço de fazer negócios com o Irã, um país que está se esquivando de suas obrigações internacionais e envolvido em atividades ilícitas, está ficando mais alto", disse um alto representante do governo Obama nesta segunda-feira.

"O setor comercial internacional está fazendo as escolhas certas. Agora é hora do Irã fazer a escolha certa --cumprir suas obrigações internacionais-- que continuam sendo nosso principal objetivo", disse o representante.

DESMENTIDOS

Autoridades em Dubai desmentiram a informação e em Berlim o ministério dos Transportes disse que não há orientação do governo que proíba o abastecimento de aeronaves iranianas, mas que a administração não poderia comentar se há fornecedores de combustíveis boicotando as companhias aéreas da República Islâmica.

Já no Reino Unido um porta-voz do governo disse, sem se identificar, que "não sabia de qualquer recusa de combustível feita pelo Reino Unido".

No entanto, uma fonte ligada ao dossiê, em Dubai, citou um problema com um "fornecedor internacional de combustível" em vários aeroportos no mundo, entre eles os dos Emirados, que rejeitou reabastecer os aviões iranianos. Mas "os operadores da Iran Air têm outras fontes para se reabastecer", disse, frisando que preferia não ter o nome divulgado.

Fontes no Oriente Médio e Europa afirmaram que caso os voos tenham deixado de receber combustível, poderia ter sido uma decisão de empresas privadas tentando se adaptar às novas sanções dos EUA, e não proibições impostas por países onde os aviões pousaram.

SANÇÕES E REPRESÁLIAS

Também citado pela agência de notícias Isna, um membro da Comissão Parlamentar das Relações Exteriores e da Segurança Nacional, Heshmatollah Falahat-Pisheh, pediu represálias contra os UAE, o Reino Unido e a Alemanha.


"Achamos que as sanções dos Estados Unidos procuram prejudicar os iranianos", disse. "Devemos agir da mesma forma em relação aos Emirados, ao Reino Unido e à Alemanha, cujos aviões precisam ser reabastecidos no Irã".

Na quinta-feira passada (01), o presidente americano, Barack Obama, aprovou uma nova série de sanções contra o Irã. O objetivo é pressionar as importações de combustível ao país persa e penalizar os bancos estrangeiros que fizerem negócio com a República Islâmica.

Os EUA querem pressionar Teerã a suspender seu programa nuclear. Washington suspeita que o programa tenha como objetivo a fabricação de uma bomba atômica, mas o Irã insiste que tem fins meramente pacíficos.

O Conselho de Segurança da ONU renovou em 9 de junho sua condenação à política nuclear iraniana em uma resolução acompanhada por sanções, a quarta desde 2006.

Às medidas da ONU somaram-se sanções extras aplicadas pelos EUA, pelo Canadá e pela União Europeia.

No dia 16, o Tesouro dos EUA impôs sanções adicionais ao Irã por seu programa nuclear, pondo na "lista negra" mais empresas e pessoas suspeitas de ligações com o programa nuclear ou de mísseis do Irã.

As medidas proíbem transações de americanos com as entidades listadas, e buscam congelar quaisquer bens que elas tenham sob jurisdição americana. A União Europeia anunciou medidas adicionais semelhantes no dia 17.

FECHANDO O CERCO

As potências ocidentais acreditam que o Irã pretenda desenvolver bombas sob um programa nuclear disfarçado de pacífico. Teerã nega a acusação, e diz que seu programa nuclear tem apenas fins medicinais e de geração de energia.

As sanções parecem estar tendo impacto. Nas últimas semanas, alguns países e empresas cortaram importações de petróleo cru iraniano. Outras pararam de fornecer petróleo refinado.

Os Emirados Árabes Unidos tomaram medidas na semana passada para diminuir seu papel crucial de mediador comercial e financeiro com Teerã. O Banco Central pediu a instituições financeiras o congelamento de contas de 40 instituições e uma pessoa na lista-negra da ONU (Organização das Nações Unidas) por cooperar com o programa nuclear e de mísseis do Irã.

Fontes: FOLHA - Agências

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