A Boeing e o National Research Council of Canada, acreditam que descobriram o mistério de como gelo pode se formar nos compressores das turbinas dos jatos, mesmo as temperaturas estando bem acima do ponto de congelamento, causando--se assim a falha dos motores.
Este fenômeno, que causou o desligamento, em voo, de ambas as turbinas de um Airbus A-330 da Qatar Airways, quando voava perto de Xangai em 2006, não foi devidamente compreendido à época, contudo, agora com a parceria Boeing-NRCC, foi possível reproduzir o processo em uma área de testes.
" Estes resultados são um importante primeiro passo na compreensão do que acontece no nível da partícula em condições de gelo cristalizado," declarou Pierre Coulombe, presidente do NRCC. " Agora podemos iniciar o processo de modelagem do fenômeno para prevê-lo e evitá-lo."
Coulombe refere-se à condições sob as quais ocorreram congelamento interno do compressor ( formação de gelo ), causando a parada dos motores ou o apagamento. Em níveis elevados, nas proximidades de tempestades, os cristais de gelo, acredita-se, são formados em tamanhos menores que o normalmente observado, tornando sua detecção mais difícil pelos equipamentos do avião, entre os quais, o radar meteorológico e alterando-se assim o comportamento dos motores, caso sejam ingeridos pelas turbinas.
No centro de pesquisa de altitude mantido pelo NRCC, em Ottawa, a instituição revelou que foi capaz de recriar de forma realista, as condições em níveis elevados, incluindo-se as temperturas ambientes congelantes, a baixa pressão e as condições mais quentes dentro das turbinas.
Os pesquisadores então produziram cristais de gelo que tinham tamanho "entre 70 e 200 microns e em concentrações até 15g/m3," e os lançaram na turbina objeto da simulação.
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O NRCC e a Boeing afirmaram que o resultado foi mais promissor que o esperado. " embora o obetivo do projeto fosse criar acumulação de gelo em alguma quantidade, e em um duto S simulado de motor em temperaturas acima de 0°C ( 32°F ), os pesquisadores foram capazes de criar formações de gelo no tamanho que poderiam prejudicar o desempenho do compressor. Além disso, em função dos experimentos terem sido gravados, por meio de vídeo, dotado de recursos de alta velocidade, foi possível determinar algumas das condições nas quais a acumulação de gelo poderia ou nao ocorrer," afirmaram.
Corky Townsend, diretor de segurança de voo da Boeing, declarou:" Este projeto é uma etapa crítica e muito importante para os planos multifacetados da Boeing, para encontrar soluções para este importante quesito de segurança para a índustria da aviação." Ocorreram 14 incidentes envolvendo jatos executivos e jatos comerciais, nos quais as turbinas apagaram ou falharam em voo. Na maioria dos casos, incluindo-se o caso do A-330 da Qatar, conseguiu-se reiniciar os compressores.
Este tema é crítico porque atualmente, mais voos de longa duração, em níveis elevados, cruzam áreas oceânicas, sobrevoando os trópicos, onde atividades convectivas em grandes altitudes, são bastante comuns e consequentemente, o risco de acumulação de gelo nos compressores é maior. Isto desafia as premissas sobre as quais as regras de voo de longa duração por aviões bimotores foram baseadas.
Fonte: FlightGlobal/David Learmount e Flight International
Tradução: JACK
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