Diretor da Air France crê que é possível achar caixas-pretas

Pierre-Henri Gourgeon elogia ainda a atuação das autoridades brasileiras nas buscas por vítimas e destroços

RIO - Apesar de já terem se passado 31 dias do acidente com o Airbus 330 da Air France que fazia a rota Rio-Paris, ainda há esperanças de se encontrar as caixas pretas do avião. O diretor-geral da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, que se encontrou nesta quarta-feira, 1º, no Rio com as famílias das vítimas brasileiras durante uma missa, disse que as autoridades francesas vão continuar as buscas submarinas por pelo menos mais 20 dias.

"As sondas dos submarinos ainda podem captar sinais na área onde o avião provavelmente caiu", acredita. Na entrevista ao Estado, num hotel em Copacabana, Gourgeon revelou que todos os modelos Airbus 330 da companhia teriam as sondas Pitot trocadas a partir de 1º de junho, um dia após a queda do avião que matou 228 pessoas.

Isso, no entanto, não significa que a Air France admita que o acidente tenha sido provocado por um defeito nestas sondas que aferem a velocidade do avião. "Talvez nunca tenhamos toda as respostas ", admitiu Gourgeon, de 62 anos, que assumiu a direção geral da companhia apenas seis meses antes da queda do Airbus 330.

"As sondas dos submarinos ainda podem captar sinais na área onde o avião provavelmente caiu", acredita. Na entrevista ao Estado, num hotel em Copacabana, Gourgeon revelou que todos os modelos Airbus 330 da companhia teriam as sondas Pitot trocadas a partir de 1º de junho, um dia após a queda do avião que matou 228 pessoas.

Isso, no entanto, não significa que a Air France admita que o acidente tenha sido provocado por um defeito nestas sondas que aferem a velocidade do avião. "Talvez nunca tenhamos toda as respostas ", admitiu Gourgeon, de 62 anos, que assumiu a direção geral da companhia apenas seis meses antes da queda do Airbus 330.

Como foi o encontro com as famílias das vítimas no Rio?

Metade das famílias estava lá. Foi uma missa com muita emoção. Elas fizeram muitas perguntas sobre o acidente. Avisei que amanhã na França, o Bureau d´ Enquêtes et Analyses (órgão que investiga as causas do acidente) vai emitir seu primeiro relatório com dados do avião, da rota, as informações meteorológicas do momento do acidente, o lugar provável da queda. Mas não se pode esperar que este relatório revele o que se passou, porque nós não temos ainda as caixas pretas. As análises que poderão ser feitas a partir destes dados são muito demoradas. Mas talvez nunca tenhamos as respostas completas.

Nunca saberemos o que aconteceu com o voo AF 447?

Não sei. As autoridades francesas continuam as buscas submarinas para conseguir encontrar os registros de bordo. A esperança de encontrar as caixas pretas não acabou. Elas emitem sinais por no mínimo 30 dias, mas pode ser que este sinais ainda sejam emitidos por mais 40, 50 dias.

As autoridades brasileiras suspenderam as buscas no Oceano Atlântico. Foi uma decisão precipitada?

A contribuição brasileira foi essencial. Graças à Marinha e a Aeronáutica brasileira foi possível recuperar 51 corpos e restos do avião, muito importantes para as investigações. Mas agora seria inútil continuar as buscas.

Este foi o pior acidente da história da Air France. Os pilotos receberam recomendações para mudar procedimentos?

Não há mudanças sensíveis depois do acidente. Todos os pilotos da Air France estão dando mais atenção ao problema meteorológico. A zona do acidente é extremamente agitada do ponto de vista meteorológico e isto é um fator que contribuiu com o que aconteceu. Os pilotos são treinados para vigiar, detectar e evitar as formações de tempestade, de forma a não sofrer turbulências muito violentas. Mas não há como fazer uma rota sem encontrar estas tempestades, sobretudo à noite. E os aviões são preparados para isso. Não há motivo, nem possibilidade, de se modificar a regra básica: contornar as tempestades.

Por que a troca dos sensores externos de velocidade, os Pitot, nos modelos Airbus 330 e 320 foi acelerada depois do acidente?

Em agosto de 2008 tivemos incidentes de givrages (gelo que se formava dentro dos sensores de velocidade). Quando isso acontece, as informações sobre velocidade são desencontradas. Há procedimentos que o piloto faz para conduzir o avião corretamente até que o gelo desapareça. Foram sete incidentes até outubro, que duraram de um a três minutos. Procuramos a Airbus (fabricante do avião) para saber se seria útil trocar estes sensores pelo modelo BA. O construtor respondeu que não teria o menor efeito. Em abril de 2009, a Airbus nos informou que testes mostraram que a sonda BA poderia reduzir significativamente os incidentes de givrage e nos propôs fazer a troca em dois aviões, para ver o que aconteceria. No dia 27 de abril respondemos que preferíamos mudar as sondas de todos os aviões. O programa de troca começaria em 1º de junho, dia do acidente. Mas nós não podemos dizer que se a troca tivesse sido feita antes, o acidente teria sido evitado. Não sabemos se foi um problema de givrage.

Como está o processo de indenização das famílias das vítimas?

Foi feito um adiantamento de 17 mil euros para cada família. As indenizações serão discussões mais longas entre as famílias e as seguradoras. Essas conversas começam na semana que vem. Algumas famílias aceitarão estas propostas, outras não.

A imagem da Air France no Brasil foi atingida por esse acidente? A venda de passagens caiu?

Não, houve queda apenas na primeira semana após o acidente. Mas hoje não percebemos nada. Ontem, eu vim de Paris num Airbus 330 (o mesmo do acidente) e havia apenas dez lugares vagos.

O senhor já foi piloto de caça e acompanha aviação há muito anos. O fato de o corpo do piloto ter sido encontrado com os passageiros dá algum indício do que aconteceu no avião?

Não. Foram encontrados 51 corpos e talvez entre eles haja outros membros da tripulação. É muito difícil imaginar o que aconteceu.

Siga o BGA pelo Twitter



Fontes: Estadão/Márcia Vieira -

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails