Argentina recua da liberalização do mercado aéreo
A gradual tendência em favor da liberalização do setor aéreo na América Latina, deu um passo atrás com a decisão argentina de proteger sua companhia aérea nacional, ao mesmo tempo que tenta reestruturar a empresa.
A uruguaia Pluna foi proibida de lançar novas rotas à Argentina, pois o governo argentino vê a Pluna como uma companhia que rouba os passageiros da Aerolíneas Argentinas, que viajam de cidades menores da Argentina ao Brasil.
O governo uruguaio acusou os argentinos de violarem os acordos bilaterais existentes, ao negar novos direitos de tráfego à Pluna; que depende pesadamente da transferência de trádego como parte de sua nova estratégia que foca conexões regonais. A disputa provavelmente não será resolvida logo e forçou a Pluna a fazer ajustes em sua estratégia de expansão.
A Pluna está redirecionando sua capacidade de Trelew e outras destinações na Argentina, e focando o Paraguai, onde objetiva operar um mini-hub em Assunção, iniciando as operações com voos para Santiago, no Chile e Santa Cruz, na Bolívia. Matias Campiani, diretor da Pluna, declarou que a idéia de um hub paraguaio faz sentido, pois o Paraguai não possui uma linha aérea nacional, é carente de serviços aéreos e geograficamente é estratégico.
Outras companhias aéreas poderão ser afetadas pela nova política argentina para o setor aéreo, pois o governo quer que os argentinos que moram longe de Buenos Aires, quando em viagem ao exterior, façam sua conexão em Buenos Aires e voem pela AA. Acontece que companhias aéreas estrangeiras oferecem conexões mais rápidas, por meio de hubs em São Paulo, Santiago, Montevidéo e Panamá.
A Copa, por exemplo, iniciou em 2007, operações de seu hub na Cidade do Panamá à Córdoba, na Argentina, oferecendo à segunda maior cidade argentina, melhores conexões para as Américas Central e do Norte e região do Caribe. Heilbron, presidente da Copa, declarou que o serviço mostrou-se muito benéfico para a economia de Córdoba.
A nova política argentina representa uma mudança importante pois a antiga política de liberalização permitiu à LAN Chile, lançar voos domésticos na Argentina em 2005. A LAN Argentina, atualmente serve todas as rotas domésticas importantes, como também algumas rotas internacionais cruciais, como Miami, por exemplo.
Enrique Cueto, executivo chefe da LAN Argetina, diz não ser fácil falar sobre a situação, porque a empresa detêm 30% do mercado doméstico, mas ele reconhece que se a Aerolíneas Argentinas não mostrar que pode manter-se, o governo argentino então poderia sentir-se tentado a frear o crescimento da LAN.
Cueto admite que no momento, a posição da LAN é confortável e sólida com a rede construida na Argentina e não acredita que o governo forçará a LAN Argentina a cortar rotas já em operação. Ele disse ainda que as relações entre a LAN e o governo argetino são amistosas e a situação somente fica complicada quando há movimentos empreendidos pelos sindicatos de aeroviários.
A nova política argentina chamou à atenção da ALTA, a Associação Latino Americana de Companhias Aéreas, orgão este que tem tido muito sucesso, ao longo dos anos, em persuadir os governos da região para liberalizar o setor. O diretor da ALTA, Alex de Gunten, assinala que a AA passa por um período difícil e que se o governo nada fizesse, ela fecharia ou faliria, o que os sindicatos locais não tolerariam.
Apesar de que a AA e sua companhia irmã, a Austral, tenham sido renacionalizadas, ano passado e ainda tenha sido aprovada pelo governo a compra de 10 novos Boeing 737 e 20 Embraer 190s a incerteza persiste. O ministro dos transportes, Ricardo Jaime, um defensor chave da renacionalização, renunciou em junho, após seu partido político haver perdido as eleições.
O diretor da AA e da Austral, também foi substituido por Mariano Recalde, assinalando outra possível mudança de estratégia, pois as duas empresas juntas, estariam perdendo 1 milhão de dólares por dia, mesmo em meio à reestruturação.
A substituição de Jaime por Juan Pablo Schiavi e o estabelecimento de uma nova autoridade de aviação civil liderada por Rodolfo Gabrielli, causou a paralisação da aviação argentina, pois os nvos líderes tentaram primeiro descobrir como agir em meio ao cenário. Todas as solicitações, incuindo-se mudanças de rotas e outras decisões relativas à AA e uma solicitação da AeroVIP para voltar a operar, ficaram congeladas.
A AeroVIP, uma companhia aérea regional cessou suas operações em 2004 e busca permissão para reiniciar suas operações , utilizando um dos sete Bombardier CRJ900s da Pluna. Caso aprovado, as operações seriam feitas em parceria com a Pluna, nas rotas de Buenos Aires a Montevidéo e mesmo Punta del Este. Contudo, o sócio majoritário da Pluna, a Leadgate, que comprou 60% de participação na AeroVIP, tem planos de usar a companhia para abrir novas rotas entre Montevidéo e outras cidades argentinas, mercados que a Pluna agora não poderá atender.
A AeroVIP, faz parte da estratégia da Pluna/Leadgate, em criar companhias regionas ou novas operações em vários paises da América do Sul criando conexões em mercados secundários e alimentando as grandes empresas com o tráfego. A idéia seria alimentar as grandes empresas, tais como: LAN e TACA. Outra idéia estudada pela Leadgate, seria associar-se à uma companhia aérea de fora da região, possivelmente, a canadense Jazz, que ofereceu 12 milhões de dólares para capitalizar a operação.
Em algum momento no futuro, o mercado aéreo argentino vai recuperar-se. Por isso, Cueto afirma que apesar do recuo argentino, no geral a América Latina, continua no caminho da liberalização. A maior preocução de Cueto hoje, está concentrada na Venezuela, onde a Aeropostal foi expropriada por Hugo Chávez. Várias companhias aéreas das Américas, lutam para garantir novos direitos de tráfego, pois o mercado venezuelano está crescendo.
Fonte: Agências
Tradução:BGA
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