Meteorologista explica imagem que confirmou tempestades

Imagem do Eumetsat mostra formações típicas da Zona de Convergência Intertropical

O meteorologista da Climatempo, Marcelo Pinheiro Garcia, explicou para o Estadão a imagem de satélite divulgada nesta quarta-feira, 3, que, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirma que "fortes tempestades" ocorriam na zona por onde passaria o voo da Air France.


Reprodução/Eumetsat

Que tipo de fenômeno a imagem indica?

Estamos vendo uma imagem de satélite do instituto europeu Eumetsat com ênfase na temperatura do topo das nuvens na região equatorial do Planeta. Trata-se de uma imagem do canal infravermelho termal. Essa imagem realça a emissão do corpo conforme a sua temperatura. As áreas escuras da imagem caracterizam a porção do Oceano e o continente sul-americano. As áreas claras retratam nuvens de pouco desenvolvimento vertical, também conhecidas como "nuvens quentes". As imagens com tom mais avermelhado destacam as nuvens com grande desenvolvimento vertical e com topos frios (a temperatura está na escala ao lado e graduada em graus kelvin). Essas nuvens são conhecidas como cumulonimbus e são bem alongadas na atmosfera. A temperatura no seu topo chegam a 75°C negativos. Seu topo pode variar entre 20 e 35 km de altura. Essas nuvens cumulonimbus são formações típicas da Zona de Convergência Intertropical.

Este registro (ou sua intensidade) é atípico para esta região?

Vemos nas imagens de satélite uma extensa faixa de nuvens, que é característica da faixa equatorial do planeta. Essa faixa de nuvens é conhecida como Zona de Convergência Intertropical. A Zona de Convergência Intertropical, conhecida pelos meteorologistas apenas por ZCIT, é um importante sistema que atua na região equatorial do globo terrestre. Na faixa equatorial temos bastante aquecimento o que favorece a formação das nuvens carregadas que normalmente podem ser observadas de forma bem uniforme, principalmente sobre os oceanos, onde há maior umidade disponível.

Ao longo da ZCIT podemos observar áreas mais instáveis, onde há formação de nuvens carregadas, os cumulonimbus que são nuvens de grande desenvolvimento vertical. A presença destas nuvens, ou de agrupamentos destas, normalmente esta associada à atividade elétrica, pancadas de chuva, rajadas de vento e as correntes ascendentes e descendentes, que são as responsáveis pela turbulência a que estão sujeitos todos os voos.

A ZCIT está sempre presente na faixa equatorial e tem um deslocamento sazonal no sentido norte-sul. No verão no Hemisfério Sul este sistema encontra-se mais a sul, próximo do litoral norte do Nordeste do Brasil e tem forte influência sobre esta região provocando chuva que por vezes acumulam elevado volume de chuva, como neste ano. No verão do Hemisfério Norte este sistema tende a se posicionar mais a norte da faixa equatorial.

Há algum indicador da altitude dos fenômenos registrados na imagem?

As imagens com tom mais avermelhado destacam as nuvens com grande desenvolvimento vertical e com topos frios (a temperatura está na escala ao lado e graduada em graus kelvin). Essas nuvens são conhecidas como cumulonimbus e são bem alongadas na atmosfera. A temperatura no seu topo chegam a 75°C negativos. Seu topo pode variar entre 20 e 35 km de altura.

Que tipo de informação o satélite lê pra compor uma imagem desse tipo?

O sensor do satélite "lê" a temperatura emitida por um determinado corpo. O satélite mede a energia que é emitida e está associada a uma grandeza conhecida como Emissividade e calor (níveis de temperatura).

O que significa a escala de 198 a 298?

Essa escala representa a variação da temperatura na escala Kelvin. O valor extremo (o mais frio) de 198K representa -75C.

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