A USAF procura uma aeronave COIN (Counter-Insurgency) para as agora chamadas “guerras assimétricas”
Juio Maíz
A grande experiência acumulada e a enorme quantidade de aeronaves do tipo COIN que tinham os EUA após a Guerra do Vietnã, foram se diluindo na última quarta parte do Século 20. O fim da Guerra Fria e a bem-sucedida participação dos aviões convencionais nos conflitos da Guerra do Golfo, em 1991, e da ex-Iugoslávia, levaram a abandonar esse tipo de aeronave e o consequente treinamento.
Contudo, uma quantidade de conflitos esquecidos, como os da África Central, Darfur, Sri Lanka, Nova Guiné, Colômbia e outros países, têm feito ressurgir as missões para aviões COIN.
Na última década, os Estados Unidos e os seus aliados, se viram envolvidos nas agora chamadas "guerras assimétricas", as quais até há alguns anos, eram conhecidas como guerra de guerrilhas, especialmente no Afeganistão e no Iraque.
Desses anos de combate, obteve-se uma importante série de lições. A primeira é que, embora os helicópteros de ataque e de transporte armados sejam muito eficientes, ficou demonstrado que eles são muito vulneráveis ao fogo de terra, até de uma simples metralhadora, e que a sua autonomia não é a mais adequada. Outra, é a real necessidade de uma aeronave COIN com custos operacionais de acordo com a sua missão.
O único avião realmente COIN que a USAF mantém, o Fairchild A-10 Thunderbolt II, é caro e, principalmente, há poucos em serviço. Isso tem levado a ter de utilizar aeronaves F-15, F-16 e, inclusive, os F/A18 da Marinha – todas elas tanto ou mais caras de operar que os A-10 nesse tipo de missão.
Diante dessas eficientes, mas caras opções, surgiu uma geração de aviões de ataque leve, com custos operacionais e de manutenção relativamente baixos, cujo principal representante é o brasileiro Embraer EMB-314 Super Tucano.
Ele está se transformado em um verdadeiro êxito de vendas, principalmente após os pilotos da Força Aérea Colombiana terem demonstrado a sua total precisão na operação realizada em março de 2008, a qual terminou com a "neutralização definitiva" do terrorista Raul Reyes e o seu grupo.
Para os Estados Unidos, o Afeganistão e o Iraque estão representando, apenas em termos econômicos, uma autêntica sangria de recursos, tal como na sua época, aconteceu com o Vietnã. Isso levou os militares norte-americanos a retomar a ideia de operar com aviões leves de ataque ao solo, embora, para muitos, a progressiva introdução dos UAV (aviões nãotripulados) armados, como o Predator, possa ser a solução no futuro.
VOLTA O OV-10 BRONCO
Obviamente, as empresas norte-americanas do setor de defesa estão vendo como esse importante nicho de mercado está basicamente ocupado pela Embraer, e não querem perder essa importante oportunidade de venda.
Nesse sentido, uma das opções que a USAF poderia levar em conta seria a versão modernizada do veterano Rockwell (hoje Boeing) OV-10 Bronco. O fabricante estaria disposto a desenvolver uma nova versão com a qual cobriria a atual lacuna de uma aeronave COIN de fabricação norte-americana.
Pelas suas características, o bimotor Bronco é o claro exemplo de como deve ser um avião COIN, pois possui uma excelente autonomia que lhe permite permanecer até três horas sobre a zona de operações, além de contar com um grande poder de fogo.
A sua estrutura de asa alta e a cabine quase toda envidraçada proporcionam uma excelente visibilidade do solo e, por ser biposto, a carga de trabalho é compartilhada entre ambos os tripulantes: o piloto e o operador de armas. A sua carga de combate é de 3 toneladas e pode estar composta por pods de metralhadoras, mísseis ar-terra e lança-foguetes.
Colômbia, Filipinas e Venezuela ainda mantêm em serviço os seus Bronco, enquanto Indonésia, Marrocos e Tailândia já os retiraram do serviço, mas, tecnicamente, estão em condições de serem reativados, caso seja necessário.
As Filipinas contrataram a Marsh Aviation, do Arizona, EUA, para realizar uma limitada, porém eficiente modernização em seus OV-10.
Os trabalhos da Boeing estão focados nos Bronco que os Estados Unidos mantêm estocados, em locais como Davis Monthan, embora não esteja descartada a ideia de reabrir a linha de produção. Entre as melhoras a serem introduzidas, estariam uma cabine digital, motores de maior potência, novos sistemas de autoproteção, um FLIR para ajudar na localização de alvos, inclusive à noite, e capacidade para utilizar bombas inteligentes de última geração.
O AT-6B
A Hawker Beechcraft está trabalhando no AT-6, uma versão armada do treinador T-6A. Esse avião é, por sua vez, uma variante do avião suíço Pilatus PC-9 e, o fabricante tem ao seu favor, o fato da aeronave estar sendo utilizada, atualmente, na formação de todos os pilotos militares norte-americanos.
A ideia de armar o T-6 não é nova, de fato, a empresa já produziu 25 T-6A NTA para a Força Aérea da Grécia. A principal diferença é que esses aviões tem capacidade para transportar sob as asas tanques de combustível, pods com metralhadoras, lançadores de foguetes e bombas. O AT-6B poderia estar armado dessa forma.
O A-7 DRAGON
A Golden Aviation é uma empresa especializada na restauração de aviões, que projetou e construiu um protótipo, o A-67 Dragon, que está sendo comercializado pela US Aircraft Corporation.
A aeronave biposto já está em voo. Após o Dubai Air Show de 2007, o fabricante anunciou estar mantendo conversações com 12 países que se mostraram interessados no modelo.
A versão operacional contará com uma blindagem envolvente na cabine, incluindo o para-brisa e o motor, todos os sistemas serão redundantes e os tanques de combustível autovedantes. Sua autonomia será de 11 h com um tanque extra.
SUPER TUCANO NO US ARMY?
O Embraer EMB-314 Super Tucano é um desenvolvimento do treinador avançado EMB-312 Tucano. Trata-se da única opção não norte-americana, o que obriga. Obrigaria a Embraer a se aliar com alguma empresa local para a fabricação e montagem dos aviões nos EUA, algo que, embora não seja realmente indispensável, representa um importante ponto ao seu favor no caso da aeronave ser a escolhida.
Caso se chegue a essa solução, as Forças Armadas dos EUA contariam com a vantagem de operar um avião muito utilizado entre os seus aliados e que está sendo estudado por outros países, como o Afeganistão, o qual deverá contar com aviões de ataque ao solo a partir de 2012.
O alongamento do conflito afegão levará o presidente Obama a reforçar a presença dos Estados Unidos e seus aliados naquele país, principalmente com elementos aéreos.
Nos Estados Unidos, o único operador da aeronave Embraer EMB-314 Super Tucano é a empresa de segurança Blackwater, a qual adquiriu um desses aviões para fornecer treinamento aos seus pilotos mercenários em operações COIN e com a intenção de equipar com ele a Força Aérea do Iraque.
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