Corpos em avião da Air France não serão prioridade, diz associação

Escritório de investigação francesa comunicou parentes nesta sexta (15). Avião caiu no Oceano Atlântico quando seguia do Rio para Paris, em 2009.

O resgate dos corpos das vítimas do acidente envolvendo o avião da Air France não é prioridade para o BEA (escritório francês de Investigação e Análises). Segundo informou Maarten Van Sluys, diretor executivo da associação dos parentes das vítimas no Brasil, uma assessora do escritório francês o comunicou na manhã desta sexta-feira (15) sobre a decisão, tomada numa reunião na França, na noite de quinta.

O avião caiu no Oceano Atlântico quando ia do Rio para Paris, em 2009.

De acordo com ele, o escritório realiza reuniões diárias para planejar a fase cinco de resgate do avião, que deve começar no fim de abril. Ele informou que a prioridade seria a retirada dos destroços e da caixa preta. “Segundo eles, depois de estudos feitos por peritos houve entendimento de que os corpos poderiam não resistir ao içamento no mar”, disse ele, completando que algum corpo pode acabar sendo içado eventualmente junto com destroços.

A notícia pegou de surpresa os parentes das vítimas. “O mundo desabou, caiu pra todo mundo. Isso foi um ato irresponsável da maneira com que foi conduzida. Houve uma precipitação, como sempre vem acontecendo nesse caso. Tem várias famílias aqui no Brasil que ainda nem tem atestado de óbito”, lamentou.

O presidente da associação dos parentes, Nelson Marinho, está em viagem à França, onde foi participar de uma reunião com o BEA na segunda-feira (11), com o secretário de Transportes da França, Thierry Mariani, para discutir o acesso às informações sobre o trabalho de resgate. Ele reclama que a França mantém em sigilo muitas das informações sobre o caso.

Marinho ainda não havia sido informado sobre a decisão do BAE de não encarar o içamento dos corpos como prioridade. Ele estranhou a informação, afirmando que inclusive, há informações de que há corpos ainda na fuselagem, presos ao cinto de segurança.

Nelson disse ainda que iria encaminhar uma carta ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, pedindo que as caixas pretas do avião sejam enviadas para os Estados Unidos, caso sejam recuperadas. Segundo ele, isso garantiria a isenção nas investigações.

Localizada peça onde fica caixa-preta do voo 447

As equipes de buscas localizaram a parte do avião na qual avaliam estar preservada a caixa-preta do voo 447, afirma Nelson Faria Marinho, presidente da Associação de Famílias das Vítimas. O representante da entidade disse ter sido informado da descoberta em reunião na segunda-feira (11) pelo BEA (sigla que em francês significa o Escritório de Investigação e Análises).

O acidente com o avião da Air France aconteceu em junho de 2009 e matou 228 pessoas. As causas da tragédia ainda não foram esclarecidas.


“O robô localizou a cauda onde ficam localizadas as caixas-pretas”, disse Marinho. Ele explica que a previsão é que nas próximas três semanas uma nova empresa entre nos trabalhos de buscas com uma espécie de guindaste para retirar a cauda e, nela, as caixas-pretas.

Segundo o piloto e especialista em segurança Jorge Barros, as caixa-pretas dos aviões ficam instaladas nas caudas das aeronaves e guardam todos os dados das últimas 100 horas de voo e 36 horas de gravação de voz e sons da cabine dos pilotos. Ele acredita que os dados devem ser recuperados.

"É bem provável que ela tenha acesso a informações preservadas, pois são gravadas em memória flash, dentro de cilindros de titânio, que resiste a fogo, impacto e são cápsulas muito resistentes, que parecem couraças de submarino", disse.

Processos contra empresas

O presidente da associação de vítimas avalia que a localização das caixas-pretas vai auxiliar as famílias em processos movidos contra Air France, que operava o voo, e contra a Airbus, fabricante do avião.


“Com isso, a esperança dobra. Houve irresponsabilidade do fabricante da aeronave e houve problema de manutenção da Air France. Isso vai confirmar o que vem sendo dito”, afirmou.

Equipamento

O robô-submarino Remus 6000, que chegou a dez metros de distância dos destroços, foi o responsável pela captação das primeiras imagens dos destroços no fundo dos oceanos. Três unidades do veículo autônomo - que não precisa de um operador humano para funcionar - foram usados na missão.

(Ilustração: Arte / G1)


Fontes: G1 - AFP

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