Copiloto do Legacy diz que sistema de jato não registrou problema em funcionamento de transponder

Joseph Lepore prestou depoimento nesta quinta por meio de videoconferência

O copiloto Joseph Lepore foi ouvido por meio de videoconferência, na tarde desta quinta-feira (31)/Hélvio Romero/08.12.2006/AE

O copiloto Joseph Lepore, que ajudava a conduzir o Legacy que se chocou com o voo 1907 da Gol em 2006, disse que o sistema do jato não registrou nenhum problema que interferisse no funcionamento do transponder (aparelho que registra a aproximação de outras aeronaves). O depoimento foi dado à Justiça Federal em Brasília (DF), por meio de videoconferência, nesta quinta-feira (31) e durou sete horas. Lepore mora nos Estados Unidos.

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, Lepore disse ainda que tanto ele quanto o piloto Jean Paladino (ouvido na quarta-feira) não desligaram o transponder. As afirmações foram feitas no terceiro e último dia de depoimentos no processo que definirá se os controladores de voo do Cindacta de Brasília tiveram ou não responsabilidade sobre o segundo maior acidente da história da aviação brasileira.

O juiz Murilo Mendes, responsável pelo caso, anunciará sua decisão depois que a defesa dos controladores e o Ministério Público Federal apresentarem suas considerações sobre os depoimentos dos envolvidos no acidente. Para fazer isso, eles têm o prazo de dez dias contados a partir desta sexta-feira (1º).

Instruções da torre

Na quarta-feira (30), a Justiça ouviu o piloto do jato Legacy, Jean Paul Paladino, também por videoconferência. No depoimento, que durou quase sete horas, ele afirmou que recebeu instruções da torre de controle aéreo de Brasília, quando sobrevoava a cidade, para prosseguir o voo a 37 mil pés de altura. O Legacy deveria baixar para 36 mil pés ao cruzar a capital, conforme mandava o plano de voo, e seguir nessa altitude até o ponto virtual Teres, quando deveria subir para 38 mil pés e seguir nessa altura até sair do espaço aéreo brasileiro, livre de riscos. Mas o piloto não questionou a ordem do controlador de voo e seguiu na rota até a colisão.

Após a batida, o jato, mesmo com problemas, conseguiu pousar na base aérea da Serra do Cachimbo, em Mato Grosso. Paladino disse que teve sérias dificuldades de comunicação com os controladores de tráfego aéreo brasileiro, que em geral não dominam o idioma inglês, e negou que o transponder do Legacy, equipamento que poderia ter evitado o desastre, tenha sido desligado durante o voo.

Mas o norte-americano se complicou ao explicar a informação, contida na caixa-preta e confirmada em vários laudos periciais, de que o transponder teria sido desligado durante o voo, possivelmente por distração. Prova disso seria um diálogo do piloto com o auxiliar ocorrido logo após o acidente, em que os dois constatam que o equipamento estava off (desligado) e 35 segundos depois ele aparece on (ligado) no registro da caixa.

Histórico

O avião da Gol que fazia o voo 1907 saiu de Manaus (AM) com escala em Brasília (DF), de onde seguiria para o Rio de Janeiro (RJ) e se chocou com o jato Legacy no ar, caindo perto do município de Peixoto de Azevedo (MT) no dia 29 de setembro de 2006. Com a batida, 154 pessoas que estavam dentro do avião da Gol morreram. Apesar de avariado, o jato Legacy, que transportava sete pessoas, conseguiu pousar com segurança.

Esse foi o segundo maior acidente aéreo na história do Brasil. O maior ocorreu em 17 de julho de 2007, quando um Airbus-A320 da TAM caiu em São Paulo e matou 199 pessoas.

Em outubro de 2010, a Justiça Militar condenou o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos a um ano e dois meses de detenção por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Outros quatro controladores - João Batista da Silva, Felipe Santos Reis, Lucivando Tibúrcio de Alencar e Leandro José Santos de Barros - foram absolvidos.


Piloto do jato Legacy nega ter desligado aparelho que poderia evitar a colisão com avião da Gol

Jan Paladino prestou depoimento por meio de videoconferência nesta quarta/Wilson Pedrosa/AE

O piloto norte-americano Jan Paul Paladino confirmou que nunca havia pilotado um jato executivo Legacy, fabricado pela Embraer, antes do acidente que resultou na morte de 154 pessoas que estavam a bordo de um Boeing da companhia aérea brasileira Gol, em 2006. O piloto negou que só tivesse ligado o equipamento anticolisão momentos após o choque, sobre a floresta Amazônica, com o avião de carreira brasileiro.

Paladino, no entanto, garantiu ter pilotado aviões similares operacionalmente ao Legacy. As afirmações foram feitas nesta quarta-feira (30) durante o depoimento pelo sistema de videoconferência do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional) do Ministério da Justiça.

Ao juiz federal substituto da Vara Única de Sinop (MT), Murilo Mendes, o piloto reiterou que, em nenhum momento, os equipamentos do avião acusaram qualquer tipo de falha, em especial no transponder, aparelho que informa a posição da aeronave para o controle de trafego aéreo e outros aviões. A acusação alega que os pilotos teriam desligado o transponder momentos antes do acidente e religado após a colisão.

- Não houve, da minha parte, nenhuma ação voluntária para ligar ou religar o transponder.

Na terça-feira (29), os controladores de tráfego aéreo de Brasília negaram, em depoimento, que houve falha humana no dia em que as aeronaves se chocaram.

Depois de colher o relato de Paladino e Lepore, o juiz dará um prazo de até dez dias para que a defesa e os procuradores do Ministério Público Federal que participaram da audiência apresentem considerações a respeito dos depoimentos. A decisão do magistrado só será anunciada depois desta fase.

Defesa

Durante a audiência de terça-feira, Alencar se defendeu das acusações dos pilotos do jato Legacy, que afirmam que ele não atendeu aos chamados da aeronave no dia do acidente. Segundo o advogado de Alencar, Roberto Sobral, o controlador tentou vários contatos com os pilotos, mas não obteve resposta.

Já Santos falou por cerca de uma hora. Ele afirmou que o aparelho do jato Legacy (transponder) que fazia a comunicação da aeronave com os controladores de voo estava desligado. Por isso, o sistema acusou, automaticamente, que o avião estava no nível 370 (o que equivale a 37 mil pés de altitude). Posteriormente, foi constatado que o Legacy trafegava no nível 360, o mesmo em que estava a aeronave da Gol.

Histórico

O avião da Gol, que fazia o voo 1907, saiu de Manaus (AM) com escala em Brasília (DF), de onde seguiria para o Rio de Janeiro (RJ), e se chocou com um jato Legacy no ar, caindo perto do município de Peixoto de Azevedo (MT), no dia 29 de setembro de 2006. Com a batida, 154 pessoas que estavam dentro do avião da Gol morreram. Apesar de avariado, o jato Legacy, que transportava sete pessoas, conseguiu pousar com segurança.

Esse foi o segundo maior acidente aéreo na história do Brasil. O maior ocorreu em 17 de julho de 2007, quando um Airbus-A320 da TAM caiu em São Paulo e matou 199 pessoas.

Em outubro de 2010, a Justiça Militar condenou o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos a um ano e dois meses de detenção por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Outros quatro controladores - João Batista da Silva, Felipe Santos Reis, Lucivando Tibúrcio de Alencar e Leandro José Santos de Barros - foram absolvidos.





Fonte: Agência Estado - R7

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