Quem já experimentou turbulência a bordo de um avião sabe o quanto essa experiência é inesquecível - infelizmente, em um sentido muito traumático.
O que poucos sabem é que as turbulências não acontecem somente em meio a tempestades e nem mesmo são restritas a "condições atmosféricas adversas".
Um dos maiores problemas da aviação são justamente as turbulências repentinas, que ocorrem subitamente em condições de céu perfeitamente claro. Os resultados vão desde sacudidelas apenas desconfortáveis até mergulhos súbitos, quando a aeronave perde sustentação ao entrar em um bolsão de baixa pressão.
Essas turbulências, que atendem pela sigla CAT (clear air turbulence, turbulência de céu claro, em tradução livre), resultam em ferimentos nos passageiros e na tripulação, já tendo sido registrados casos fatais.
Os casos também podem ser fatais para os aviões: os mergulhos repentinos sujeitam a aeronave a um estresse tão grande que ela pode ser retirada de serviço por excesso de fadiga em sua estrutura.
São raros os casos em que as empresas revelam todos os segredos de suas invenções em seus pedidos de patente
Câmera inteligente
Mas como evitar uma zona de turbulência invisível, que surge do nada em um céu de brigadeiro?
A Boeing acredita ter achado a resposta. A empresa requisitou uma patente (2011/0013016) para um sistema inteligente e potencialmente barato que pode, pela primeira vez, dar aos pilotos uma ferramente para enfrentar esse fantasma da aviação.
As turbulências de céu claro ocorrem quando grandes massas de ar movem-se aleatoriamente em áreas sem nuvens ou qualquer precipitação - como não há gotas de água de dimensões apreciáveis, os radares não conseguem detectá-las.
A ideia da Boeing é usar uma câmera digital, equipada com um lente tele no infinito, para tirar fotos continuamente. Um programa de computador compara, em tempo real, cada imagem com a sua subsequente.
Essa comparação poderia detectar variações de refração na linha do horizonte, causadas por mudanças na temperatura e na densidade do ar, induzidas pela zona de turbulência invisível à frente.
Otimismo
O pedido de patente depositado pela Boeing afirma que várias técnicas de análise e processamento de imagens permitem avaliar tanto a distância quanto a dimensão da área de turbulência, permitindo que o piloto a contorne.
O que não fica claro no pedido de patente é como o esquema funcionaria à noite - usar uma câmera na faixa do infravermelho? - ou o que aconteceria quando a linha do horizonte estiver obscurecida por uma nuvem distante.
Mas isso pode não ser um problema real: são raros os casos em que as empresas revelam todos os segredos de suas invenções em seus pedidos de patente.
Fonte: New Scientist via www.inovacaotecnologica.com.br
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