Satélite francês detectou incremento nas emissões de ondas de rádio de ultra baixa frequência ,sobre o Haiti, um mês antes do terremoto

Um satélite francês, registrou um aumento dramático na ocorrência de ultra baixas frequências de rádio, sobre o teritório haitiano, no mês que antecedeu ao terremoto de 7 graus na escala Ritcher, ocorrido no início do ano.


Em 2004,  a CNES,ou seja, a agência espacial francesa  ,lançou um pequeno satélite chamado DEMETER, em uma órbita polar, 700 km acima da superfície da Terra.

O DEMETER tem uma função nada comum. Sua missão é monitorar ondas de rádio de baixa frequência geradas por terremotos.

Em setembro,um grupo de geólogos, divulgou dados relacionados ao terremoto que atingiu o Haiti, em janeiro. Eles afirmam que o DEMETER detectou um aumento inquestionável na ocorrência de ondas de rádio de baixa frequência, sendo emitidas da crosta terrestre, naquela região, até a eclosão do tremor.

As evidências de efeitos eletromagnéticos associadas aos terremotos sempre foram muito discutidas. Várias teorias ligam os terremotos a luzes misteriosas e efeitos termais. Afora a evidência muito difundida que certos animais podem sentir com antecedência a eclosão de terremotos, talvez porque sejam sensíveis aos campos elétricos de baixa frequência.

Estudos sérios e dados concretos dificilmente estão disponíveis. Os geólogos têm medido as correntes elétricas que fluem pela Terra, abaixo da superfície ,já quase há 100 anos. Estas correntes telúricas, seriam geradas pela frição e pelos efeitos piezoelétricos dentro das rochas. Assim, o fluxo de elétrons que esta conjunção de causas gerariam, foram associadas à vários fenômenos atmosféricos, entre eles, as tempestades.

Ocorre que o papel que estas correntes cumprem na física dos tremores, é desconhecida. Mas pressupõe-se que quaisquer correntes geradas pela frição e pelos efeitos peizoelétricos, poderiam ser dramaticamente influenciados pelo movimento relativo das diferentes partes da crosta.

Estes efeitos, porém, ocorrem sobre grandes distãncias e em frequências difíceis de medir e muito difíceis de separar do ruído de fundo. Daí o motivo do lançamento do DEMETER, pois este satélite tem a função primária de detectar as emissões eletromagnéticas transmitidas nas regiões dos terremotos.

Michael Athanasiou e alguns colegas da Universidade Técnica de Serres, na Grécia, afirmam que o DEMETER conseguiu reunir evidências muito boas de uma alteração nas ondas de rádio de baixa frequência, na ionosfera acima do Haiti, antes do terremoto.


"Os resultados revelam um aumento significativo da energia associada às ondas ULF, até 360% acima do padrão, em um período de um mês antes que o principal terremoto, em comparação à energia de fundo," afirmam eles. Um aumento realmente dramático. As emissões foram caindo gradualmente, ao longo de um ms após o tremor.

As imnplicações são deveras interessantes. Athanasiou afirma que "os resultados coletados, claramente indicam que as ondas eletromagnéticas de baixa frequência, podem ser muito úteis em alertar antecipadamente, a ocorrência dos tremores." Mas existe uma grande cautela nas afirmações dele e dos colegas, pois quaisquer conversas sobre previsão de terremotos, são classificadas como meras apostas.

Pode ser que a crosta gere mais ondas de baixa frequência, antes da ocorrência do tremor, como também outros mecanismos podem muitos bem gerar sinais semelhantes não relacionados a tremores. Tais efeitos semelhantes devem ser separados dos dados especificamente relacionados aos tremores, para que se possa arriscar quaisquer previsões de quando um terremoto poderá ocorrer.

Existe porém, outra dificuldade: a escala de tempo na qual as emissões são geradas. O aumento na pressão que causa os terremotos ocorre em escalas de tempo geológicas. Ainda não se sabe claramente como este processo altera as emissões de baixa frequência.

Na prática,  isto tudo significa que predições,à partir, deste tipo de dados, podem não ser melhores que as metodologias de previsão atualmente em uso pelos geólogos, que conseguem prever a chance de grandes tremores numa faixa larga de tempo em áreas geológicas bem conhecidas. Estas metodologias não têm a capacidade de prever nem mesmo a chance de terremotos do tipo que ocorreu no Haiti, em janeiro.

Há muito trabalho pela frente em uma gama variada de frentes. Os geólogos precisam de uma melhor e maior quantidade de dados referente às emissões de ondas de rádio de baixa frequência por períodos mais longos de tempo. Eles precisam também de uma melhor compreensão teórica dos processos que geram as ondas telúricas. E acima de tudo, precisam testar as novas idéias conforme elas surgem. O DEMETER, com certeza, é um passo adiante neste objetivo.

Ref: arxiv.org/abs/1012.1533:  Enhanced ULF Radiation Observed By DEMETER Two Months Around the Strong 2010 Haiti Earthquake  (Radiação de ultra baixa frequência, observada pelo DEMETER, dois meses ao longo do forte terremoto no Haiti em 2010).


Fonte: Techonology Review
Tradução: AIRKRANE / Jack

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