Casa Branca não vê indícios de novas bombas em aviões

EUA não vê risco imediato e Iêmen continua  busca por autores

O conselheiro do presidente Barack Obama para antiterrorismo, John Brennan, afirmou neste domingo que não há indicação de que existam outras bombas em circulação, dois dias depois da descoberta de pacotes com explosivos enviados do Iêmen com destino aos Estados Unidos. No Iêmen, buscas e medidas de segurança continuam após a prisão de uma suspeita.

"Atualmente não temos nenhuma indicação que existam outros em circulação", declarou Brennan no programa "Meet the Press" do canal NBC.

Ainda na manhã deste domingo a companhia aérea Qatar Airways confirmou que o pacote-bomba interceptado numa de suas aeronaves que havia partido do Iêmen com destino ao aeroporto de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, estava em um voo comercial com passageiros a bordo.

Em um comunicado, a empresa confirma que um recente pacote foi transportado em um de seus aviões de Sanaa, capital do Iêmen, a Dubai, mas fez questão de ressaltar que não é responsabilidade do país pelo qual transita a carga inspecionar ou submeter a raios-X a mesma, e sim do país a partir do qual a carga foi enviada.

Também neste domingo a Austrália anunciou que vai intensificar procedimentos de segurança nos voos oriundos da região do golfo Pérsico e a Alemanha decidiu suspender todos os voos de carga vindos do Iêmen.

INVESTIGAÇÕES E PROTESTOS

No Iêmen, autoridades indicaram que as buscas por suspeitos e medidas de segurança no aeroporto internacional de Sanaa continuam de forma intensiva, um dia após a prisão de uma estudante de Engenharia da Universidade de Sanaa, que foi detida junto com a mãe no bairro de Magdab al Faqir, na capital iemenita, segundo fontes policiais. Não foram divulgadas informações sobre o envolvimento da mãe no caso.

Hanan al Samaui, de 22 anos, é estudante do quinto ano de Engenharia, segundo a organização
iemenita de defesa dos direitos humanos Hood. Ainda no sábado agências de notícias haviam noticiado que a mulher era estudante de Medicina.

A prisão da estudante causou indignação na capital do Iêmen, e centenas de estudantes iemenitas saíram às ruas neste domingo para pedir sua libertação. Com faixas de pedidos de libertação, mais de 500 estudantes da Universidade de Sanaa protestaram no campus.


"Onde está a justiça, onde está a segurança? Liberdade para Hanan", gritavam os estudantes, entre elas muitas jovens que vestiam o véu islâmico integral.

As autoridades iemenitas anunciaram no sábado a detenção de mulher que tinha o número de telefone escrito na etiqueta de envio de um dos pacotes com explosivos interceptados.

DEFESA


"Seus conhecidos me contam que ela é uma estudante quieta, e não havia conhecimento sobre ela ter qualquer envolvimento com grupos religiosos ou políticos", disse Abdel Rahman Burman, advogado de defesa da suspeita.

"Estou preocupado que a garota seja uma vítima, porque não faz sentido uma pessoa que faria esse tipo de operação deixar uma foto de sua identidade e seu número de telefone", acrescentou.

BUSCAS

Autoridades de segurança no Reino Unido e nos Emirados Árabes Unidos interceptaram na sexta-feira dois pacotes suspeitos enviados do Iêmen para os Estados Unidos, com destino a sinagogas em Chicago, numa "ameaça terrorista real", segundo o presidente Barack Obama.

As suspeitas recaíram sobre a Al Qaeda na Península Árabe, que assumiu a responsabilidade por um atentado frustrado contra um avião americano no Natal de 2009.

Editoria de Arte/Folhapress

"Forças nacionais de segurança acabaram de conseguir prender a mulher", disse a autoridade, acrescentando que ela foi rastreada por meio de um número de telefone que deixou com a empresa de transporte de cargas.

O presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, disse mais cedo que forças de segurança tinham cercado uma casa em um local não divulgado na capital Sanaa, onde uma jovem suspeita de ter enviado os pacotes estava escondida. Ele disse que os EUA e os Emirados Árabes Unidos forneceram informações que ajudaram a identificar a mulher como suspeita, mas não deu mais detalhes sobre ela.

Segundo a agência Efe, ela foi identificada por um chip de celular encontrado no artefato explosivo interceptado no Reino Unido.


"O Iêmen está determinado em continuar combatendo o terrorismo e a Al Qaeda em cooperação com seus parceiros. Mas não queremos que ninguém interfira nos negócios do Iêmen caçando a Al Qaeda", disse Saleh em entrevista coletiva, bastante curta e sem perguntas de jornalistas.

Saleh também disse ainda que o Iêmen ficaria grato com uma maior cooperação com os governos americano, britânico e saudita na área de inteligência, alegando haver uma falta de coordenação com as agências de segurança desses países.

PACOTES

Os dois pacotes suspeitos vindos do Iêmen foram encontrados nesta sexta-feira no Reino Unido e nos Emirados Árabes Unidos, após uma informação ter levado autoridades a inspecionar aviões de carga nos dois lados do Atlântico.

Um dos pacotes foi encontrado em um avião de carga da empresa United Parcel Service (UPS), no aeroporto de East Midlands, cerca de 260 km a norte de Londres, no Reino Unido. Ele continha um cartucho de tinta para impressora modificado, segundo a CNN, e foi enviado de Sanaa, no Iêmen para Chicago, nos EUA, em voo com escala no Reino Unido.

 
Cartucho de tinta para impressora alterado disparou alerta em avião de cargas no Reino Unido, informa CNN/Reprodução


"Eu posso confirmar que o dispositivo era viável e poderia ter explodido. O alvo pode ter sido uma aeronave e, se ele fosse detonado, a aeronave poderia ter sido derrubada", disse a ministra do Interior do Reino Unido, Theresa May, neste sábado.

O outro pacote foi descoberto em uma instalação da FedEx Corp em Dubai. Uma fonte oficial nos Emirados Árabes Unidos disse que "um material explosivo foi encontrado no pacote originário do Iêmen" e que o pacote era semelhante ao encontrado no Reino Unido.

Uma autoridade americana e alguns analistas especularam que os pacotes podem ter sido apenas um teste para os procedimentos de checagem de carga, e da reação das autoridades de segurança nos EUA.

AVIÃO ESCOLTADO

Autoridades americanas e britânicas inspecionaram aviões de carga e caminhões da empresa UPS após o pacote ter sido encontrado, e os dois países entraram em estado de alerta.

Um avião comercial de passageiros da companhia Emirates, proveniente de Sanaa, no Iêmen, com escala em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi escoltado na tarde desta sexta-feira por jatos militares canadenses e americanos até o aeroporto John F. Kennedy, em Nova York.

Imagem de TV mostra o avião da Emirates no aeroporto de Nova York, após ter sido escoltado por jatos militares/AP/WABC-TV

"Isso é apenas porque há uma carga vinda do Iêmen no voo", disse o porta-voz do FBI, Richard Kolko, "Não há nenhuma ameaça associada com essa carga ou esse voo."

Nos EUA, aviões da UPS foram inspecionados em Nova York, New Jersey e Filadélfia. Um caminhão da empresa foi inspecionado no Brooklyn.

MEDIDAS PREVENTIVAS

Neste sábado, autoridades do Reino Unido e da França proibiram o envio de bagagem aérea desacompanhada originária do Iêmen. A medida restringe ainda mais o movimento de pessoas e cargas vindas do Iêmen.

A autoridade de aviação civil francesa disse que a suspensão é temporária e que deve consultar os ministros dos transportes dos outros países europeus --levantando a possibilidade de que outros países também adotem a sanção.

No Egito, um oficial de segurança disse que todas as bagagens sendo enviadas ao exterior ou trazidas ao país por aviões de carga estão sendo inspecionadas manualmente, especialmente aquelas vindas do Iêmen.

O governo do Reino Unido decidiu suspender todos os voos de carga diretos entre os dois países. A ministra do Interior, Theresa May, disse que "a segurança do Reino Unido continua sendo a prioridade número um". A suspensão se soma a uma decisão, em vigor há mais de um ano, de suspender os voos da companhia Yemenia Airlines.

Já a FedEx, maior empresa aérea de carga do mundo, embargou todas as cargas provenientes do Iêmen, segundo o porta-voz da empresa, Maury Lane. A UPS também decidiu suspender os serviços provenientes do Iemên.

ATENTADO NO NATAL

Umar Farouk Abdulmutallab, de origem nigeriana, foi acusado de tentar explodir uma aeronave americana com uma bomba na noite de Natal do ano passado.

Umar Farouk Abdulmutallab aparece em vídeo da Al Qaeda sendo treinado para o ataque contra um avião no dia de Natal, nos EUA/Reuters-28dez.09

Ele embarcou em um voo da Northwest Airlines que fazia a rota Amsterdã-Detroit e, perto do fim do trajeto, tentou acionar uma bomba que estava em sua cueca, afirmaram procuradores.

Segundo eles, o dispositivo não detonou completamente e ele foi rendido por passageiros e tripulantes e o fogo foi controlado.

Ele foi acusado pela tentativa de usar uma bomba de destruição em massa, tentativa de assassinato e outros quatro crimes. Se condenado, poderá passar o resto da vida na prisão.

O nigeriano cooperou com investigadores americanos por vários meses e disse a eles ter recebido o dispositivo e treinamento de militantes da rede terrorista Al Qaeda no Iêmen.

Desde então, a Al Qaeda na Península Árabe e um de seus líderes, o clérigo americano Anwar al Awlaki, tornaram-se alvos prioritários dos EUA. Os EUA aumentaram a ajuda militar ao governo iemenita, que tenta derrotar o braço insurgente da Al Qaeda em seu território.

Fontes: FOLHA DE S PAULO - Agências

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