Gol tem 55,9 % dos voos atrasados durante a madrugada

Caos continua madrugada adentro

Passageiros aguardam atendimento em balcão da Gol, no aeroporto de Congonhas; companhia diz que atraso é reflexo do intenso tráfego aéreo/Rodrigo Capote/Folhapress

De acordo com o último balanço da Infraero (estatal que administra os aeroportos), divulgado às 4h desta terça-feira, a Gol registrava atraso em 33 dos 59 voos previstos para decolar nesta madrugada em todo o país. Três deles foram cancelados. No total de 109 voos domésticos do país, 38 (34,9 %) estão atrasados. Não há nenhum atraso nos voos internacionais previstos para a madrugada.

Entre a 0h de ontem e a 0h desta terça-feira, a Infraero registrou atraso superior a 30 minutos em 614 (26%) do total de 2360 voos domésticos programados para esta segunda-feira. Entre os 208 voos internacionais, 38 (18,3%) atrasaram.

A Gol foi a responsável por 34% dos atrasos de todos os voos pelo Brasil programados para ontem. Dos 818 voos domésticos da companhia, 430 (52,6%) atrasaram, enquanto para as viagens internacionais houve demora em 45% (17) dos voos. A empresa também cancelou 102 voos -- do total de 140.

MOTIVO

Os atrasos registrados em mais da metade dos voos da Gol nesta segunda-feira foram decorrentes de um acordo feito entre a companhia e o Sindicato Nacional dos Aeronautas para que os tripulantes não ficassem sobrecarregados. Segundo o secretário-geral do sindicato, Sergio Dias, o acordo amenizou o problema de funcionários com horas de voo acima do previsto por lei.


"Participamos de duas reuniões para levar denúncias para a empresa [Gol] sobre a questão da sobrecarga dos tripulantes. Nós cobramos algumas posições da empresa e ela tomou por liberalidade fazer alguns cancelamentos de voos para estancar esse problema", afirmou Dias à Folha, explicando que outros voos atrasaram justamente pela falta de tripulação disponível.

O cumprimento das regras relativas à jornada de trabalho de seus tripulantes é o argumento que a Gol usou, hoje, para justificar os atrasos nos voos. De acordo com nota divulgada pela empresa, com grande quantidade de voos no último dia 30, "algumas tripulações atingiram o limite de horas de jornada de trabalho previsto na regulamentação da profissão e foram impossibilitadas de seguir viagem, gerando um efeito em cadeia".

De acordo com a Infraero, o problema com a Gol foi provocado pela "implantação de um novo sistema de escalas, o que ocasionou a falta de tripulantes". A Gol disse ainda que o problema foi agravado pelo tráfego aéreo intenso.

GREVE

Funcionários da Gol planejam uma paralisação de 24 horas no próximo dia 13 de agosto. A greve está sendo discutida via e-mail desde pelo menos a semana passada, quando começou a circular entre os funcionários uma carta aberta ao presidente da empresa, Constantino de Oliveira Júnior. Uma cópia foi enviada à Folha.

Na carta, funcionários reivindicam aumento salarial de 25%, além de "escalas mais humanas", planos de saúde e de previdência privada pagos pela empresa e a implantação de um plano de carreira. Procurados pela Folha, funcionários da Gol no aeroporto de Congonhas, que não quiseram se identificar, confirmaram a possibilidade da paralisação.

Em nota, o Sindicato Nacional dos Aeroviários afirma apoiar a paralisação e que tenta contato com o setor de recursos humanos da companhia há dois meses para discutir as reivindicações.

Selma Balbino, presidente da entidade, afirma que a iniciativa dos funcionários, além de ser resultado dos problemas internos da Gol, também está relacionada à lenta fiscalização do Ministério do Trabalho e da Anac (Agência Nacional em Aviação Civil). "Não podemos esquecer que as multas aplicadas pelo ministério e Anac são tão baixas que acabam se tornando um incentivo ao desrespeito à legislação trabalhista e à regulamentação profissional."

A carta, anônima, diz a Constantino Júnior que "essa laranja já deu muita laranjada, está na hora do senhor cuidar da laranjeira". A Gol tem logomarca e uniformes de cor laranja.

"Desde o processo inicial de fundação da empresa estivemos motivados, determinados e comprometidos em fazer da Gol Linhas Aéreas uma empresa competente, boa para os clientes e acionistas. No passar dos anos, observamos uma crescente falta de preocupação com os colaboradores, diretores ganhando fortunas (...) enquanto nós da frente de batalha engolimos tapas e palavrões com caos aéreo, deficit de funcionários em todos os departamentos, avião sendo abatido onde amigos perderam suas vidas e não puderam ver a empresa em que trabalhavam prosperar desta maneira", afirma outro trecho da carta.


Fonte: FOLHA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails