Gol pode ter que buscar parceria

 GOL terá que buscar parceria ou novo modelo estratégico.

A ameaça de uma atuação mais agressiva da TAM no mercado doméstico depois do anúncio do acordo com a chilena LAN deve forçar a Gol a buscar parceria com uma companhia estrangeira em moldes semelhantes aos do fechado pela concorrente na semana passada.

O movimento da TAM deixa a Gol isolada no mercado, uma vez que concorrentes como Trip, OceanAir e Azul já têm suas conexões internacionais, avaliam especialistas no setor de aviação.

“A liberalização do mercado não deixa alternativa senão se associar para ganhar musculatura. Se a Gol ainda não fez isso, deve fazê-lo rapidamente”, avalia o professor Elton Fernandes, da Coppe/UFRJ. A avaliação é compartilhada pelo consultor Paulo Sampaio, da Multiplan. “Acredito numa modificação no quadro interno brasileiro. A família Constantino (controladora da Gol) deve estar se mexendo. Eles não vão assistir passivamente ao que está acontecendo”.

Hoje, a Trip, líder em aviação regional, já tem 20% do capital nas mãos da SkyWest, norte-americana que mostrou este mês seu apetite por aquisições ao anunciar a compra da concorrente ExpressJet, tornando-se uma gigante com 696 aeronaves. O presidente da Trip, José Mário Caprioli, já declarou que, caso seja aprovado o aumento do limite de participação estrangeira nas aéreas nacionais, a SkyWest teria interesse.

A legislação brasileira permite que estrangeiros detenham, no máximo, 20% do capital votante das aéreas nacionais, mas a expectativa é de que o Congresso aprove até o fim do ano o aumento desse porcentual para 49%. A OceanAir, por exemplo, tem uma participação de menos de 5% da colombiana Avianca, companhia que no ano passado anunciou sua fusão com a Taca Airlines, de El Salvador.

Sampaio, da Multiplan, não descarta uma união da Ocean Air (Avianca) com a Gol. Ele avalia que WebJet e Azul tornaram-se “noivas cobiçadas” pelo mercado. “Podem ser assediadas pela Gol e pela Ocean Air, mas também por grupos estrangeiros”, afirma.

Na avaliação de Fernandes, embora a perspectiva seja de que a LAN não entre no mercado doméstico brasileiro, o acordo com a TAM dá força à parceira brasileira para competir nos voos nacionais, inclusive para iniciar uma guerra de preços. “Isso vai dar musculatura para a TAM competir aqui dentro. O tráfego doméstico é muito cobiçado”, afirma.

Já Sampaio afirma que a LAN deve atuar mais diretamente no mercado doméstico brasileiro. “Acredito piamente que assim que passar no Congresso essa mudança, a TAM vai se chamar LAN Brasil, como já acontece com as subsidiárias LAN Argentina e LAN Peru”, diz.

Apesar de considerar o acordo entre TAM e LAN um negócio bem-sucedido, Fernandes avalia que o movimento é resultado de uma política de liberalização que pode ser prejudicial para os interesses nacionais. “O Brasil depende muito do transporte aéreo para tratá-lo como se fosse apenas um negócio e não houvesse nenhum interesse estratégico envolvido”, afirma.

Para o especialista em engenharia dos transportes Luiz Adonis Pinheiro, a associação com a LAN põe em risco a autonomia do País sobre seu mercado de aviação civil. “Meu medo é que no futuro não tenhamos nenhuma empresa de bandeira nacional, que a Latam se torne chilena e nossas malhas sejam programadas em Santiago”. Segundo ele, a Argentina passou por esse problema quando a Aerolíneas Argentinas foi vendida para acionistas espanhóis.

“Quem dizia para onde os argentino poderiam voar era o planejamento feito na Europa. Os espanhóis definiam que, para voar para o continente, os argentinos teriam de ir até Madri, de onde seria feita a distribuição para outros países em voos da Iberia”, conta.

Fonte: Agência Estado, via Notícias Sobre Aviação

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