Caos nos aeroportos

Aeroportos saturados


Os principais aeroportos do Brasil já não têm mais capacidade para receber novos vôos em seus horários de pico, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) que encomendou uma pequisa à Coppe/UFRJ. O aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, nas sextas-feiras à noite, tem uma demanda de 65 pousos e decolagens por hora, mas a capacidade do pátio é de 53. Com isso, os coordenadores de tráfego aéreo são obrigados a remanejar os horários de decolagens em outros aeroportos, entre outras medidas, o que causa atrasos em todo o sistema.

Segundo a pesquisa, dos 15 aeroportos que receberão voos para a Copa do Mundo de 2014, dez já enfrentam problemas de falta de espaço para estacionar as aeronaves. Outro que começa a ficar crítico é o de Brasília. No horário de pico, numa quinta-feira, são 45 solicitações, para capacidade de 36. A pesquisa foi feita no último ano, com dados da Agência Nacional de Aviação, Departamento de Controle do Espaço Aéreo e das companhias aéreas. A Infraero, que controla os aeroportos, discorda das conclusões do estudo.

Segundo o professor Elton Fernandes, coordenador do estudo, para, evitar o caos, os controladores remanejam voos e também liberam aeronaves para transitar em fila enquanto aguardam a autorização para decolar. "Toda vez que uma aeronave precisa entrar na fila para decolar ou fazer voltas no ar para pousar, há uma ineficiência no sistema", diz. O consumidor sente isto quando precisa ficar um tempo dentro da aeronave pousada, esperando o avião chegar ao "finger" (passarela que liga o avião ao aeroporto) ou quando é avisado que o portão de embarque mudou. Muitas vezes em Congonhas, por exemplo, ele acaba descendo e pegando o ônibus porque não há "fingers" suficientes.

O diretor-técnico do sindicato, Ronaldo Jenkis, conta que o custo para as companhias aéreas está subindo porque os pilotos acabam tendo que acelerar a velocidade das aeronaves para compensar os atrasos e consomem mais combustível. Gastam mais também quando o avião fica sobrevoando ou passa mais tempo do que o necessário no solo. E tudo isso é repassado ao consumidor.

Para resolver o problema de forma mais rápida seria necessário, além da expansão dos pátios dos aeroportos, a construção de saídas rápidas das pistas. Jenkis explica que raramente nos aeroportos do país há saídas em 30 graus ou 45 graus, a maioria é de 90 graus, o que obriga o piloto a ir até o final da pista, parar para manobrar, perdendo mais tempo. "Se o ângulo fosse outro ele sairia durante a redução de velocidade".

O diretor e o professor dizem que os atrasos ainda não são significativos. Mas, com a demanda crescendo na casa dos 30% ao mês, o caos pode voltar. Para evitá-lo, a Anac determinou que os movimentos em Guarulhos sejam reduzidos para 45 pousos e decolagens por hora e promete fazer o mesmo em Brasília em 2010. No Galeão, ainda não é necessária tal medida porque o aeroporto do Rio tem uma sobra de 16 movimentos em seu horário de pico. Mas, para Jenkis, limitar o tráfego é a morte do setor. "Impedir uma empresa de crescer é matá-la", diz. "O que o governo precisa fazer é investir".

Fonte: Valor Online - Paula de Moura

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