3 turistas foram presos em Cumbica, mas ganharam liberdade provisória.
Tumulto de domingo foi gravado e postado na internet; Justiça decide caso.
Três franceses aguardam decisão da Justiça brasileira até esta sexta-feira (18), último dia antes do recesso na Justiça Federal, para que possam voltar à França e esquecer a semana que passaram em São Paulo. Eles foram presos após confusão em um voo da TAM, no domingo (6) à noite, em Guarulhos, na Grande São Paulo, com destino a Paris. Posteriormente, os estrangeiros foram postos em liberdade provisória, mas tiveram os seus passaportes retidos. O G1 não conseguiu localizá-los para comentar o assunto.
A reportagem, no entanto, entrou em contato com o cônsul-geral da França em São Paulo, Sylvain Itte. Segundo ele, os três franceses estão com medo de que a sentença do juiz demore e eles tenham que passar o fim de ano em território brasileiro. A assessoria de imprensa da Justiça Federal diz que as atividades só voltam em 7 de janeiro. Somente casos urgentes, como de pessoas presas, serão julgados em esquema de plantão.
O tumulto começou por volta das 23h de domingo, dentro da aeronave do voo JJ 8096, no terminal de Cumbica. Em entrevista na quinta-feira (17), Itte contou que os passageiros esperaram “por três horas e meia” e, ainda assim, o avião não tinha decolado. Ele admitiu que “houve discussão” porque as pessoas se revoltaram com a demora em partir. A Polícia Federal foi chamada.
Os três (todos com mais de 50 anos) acabaram presos. Segundo o cônsul, um turista saiu algemado do avião porque resistiu à prisão. Uma imagem postada no Youtube mostra o momento em que o estrangeiro é arrastado pelos agentes para fora da aeronave. Diante da cena, os passageiros gritavam em francês: “Vergonhoso!”. O outro homem e a mulher foram presos pela PF na segunda (7), dia seguinte ao caso, no hotel em que estavam. Itte contou que eles foram "indicados" pela tripulação também como causadores da confusão.
Crimes
A assessoria da Polícia Federal informou que a prisão foi em flagrante por atentado à segurança de voo, resistência e desobediência à ação policial. Os policiais dizem que os turistas tentaram invadir a cabine do piloto, o que Itte negou. “A tripulação não deixou. Eles não passaram da classe econômica.”
A TAM informou que ocorreu “um problema técnico” na aeronave, mas que ele foi resolvido e só não houve decolagem porque a torre de controle e a PF pediram para que a tripulação descesse e prestasse esclarecimentos sobre o episódio. Os três franceses só foram liberados após pagamento de R$ 1.400 de fiança (cada um) na sexta (11). A TAM acabou cancelando aquele voo.
Na prisão
Os dois homens ficaram no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros e a mulher passou a semana na delegacia do aeroporto. Na sexta, ela chegou a ser transferida para o presídio feminino em Santana (Zona Norte), mas saiu no mesmo dia. Apesar de presos, Itte contou que os dois turistas “foram bem tratados” no CDP.
“O dono da cela separou colchões para eles, deixou que tomassem banho. Não queria que eles ficassem com uma imagem ruim do Brasil. Isso é extraordinário”, afirmou o cônsul, lembrando que outros 30 detentos dividiam o cubículo. Já a turista não teve a mesma sorte. “Ela ficou todos esses dias sem tomar banho.”
Agora, o trio está acomodado em uma casa para aposentados franceses em São Paulo. “Se o juiz não se decidir até esta sexta, eles serão obrigados a ficar aqui no Natal e no réveillon. E não querem isso, têm família na França. Eles querem voltar”, afirmou o cônsul.
No avião, havia pelo menos cem turistas a França. Todos retornavam de um cruzeiro que começou na Itália, passou pelo Recife e terminou em Santos, no litoral sul de São Paulo.
‘Torço por um milagre’, diz francesa presa em SP após tumulto em voo
A segunda visita ao Brasil está sendo traumática para a francesa de 54 anos que ficou presa por cinco dias em São Paulo após confusão em um voo da TAM. Ela aguarda decisão da Justiça para voltar a Paris e passar as festas de fim de ano com os dois filhos e netos. “Não entendo o que se passa. Tenho um trabalho que me espera e estou aqui esperando me liberarem. Torço por um milagre”, contou ela, ao G1 nesta sexta-feira (18).
A francesa, gerente em uma empresa do ramo alimentício, não quis se identificar. Ela e os outros dois turistas da França, também presos em flagrante no início do mês pela Polícia Federal por atentado à segurança de voo, resistência e desobediência à ação policial, estão em uma casa de repouso para franceses na capital paulista. Além deles, um casal de brasileiros também foi preso e enquadrado nos mesmos crimes, mas já estão em liberdade.
“Não tenho escolha. Se tiver que ficar, vou ficar, mas não tem nenhum motivo forte contra nós”, afirmou ela, em tom de resignação. A turista e um outro francês foram presos só na segunda-feira (7), depois de chamados para depor. Eles teriam sido indicados por tripulantes da TAM com participantes da confusão. No dia do tumulto, só um francês foi preso. Ele saiu algemado e praticamente foi arrastado pelos agentes para fora da aeronave. A cena foi filmada e colocada no Youtube.
O trio foi solto na sexta (11), está com liberdade provisória e teve o passaporte retido pela PF. Apesar do incômodo de passar quase uma semana presa, a francesa, que voltava a Paris após um cruzeiro que começou na Itália e terminou em Santos (Litoral Sul paulista), não negou que possa voltar ao Brasil outras vezes. “Não é porque eu tive um problema aqui que não voltarei mais. Isso pode ocorrer em qualquer lugar”, afirmou.
Fonte: G1
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