Relatório da Aeronáutica sobre acidente da TAM faz 83 recomendações de mudanças

83 recomendações de mudanças

O relatório final do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) sobre o acidente com o Airbus A-320 da TAM, ocorrido em julho de 2007, faz 83 recomendações a órgãos de fiscalização e companhias aéreas para que implementem mudanças no setor aéreo nacional. Apesar do relatório sugerir mudanças, os órgãos e companhias áereas não são obrigados a implementá-las pela legislação brasileira.

"Nós não temos como impor alguma coisa a ninguém. Então, nós recomendamos. É da responsabilidade de quem receber a recomendação cumpri-la ou não. Por isso a organização vai analisar cada recomendação e nos informar a respeito do que pretende fazer", disse o presidente da comissão de investigação do acidente da TAM no Cenipa, coronel Fernando Camargo.



Entre as recomendações listadas pelo Cenipa, estão melhores treinamentos para os pilotos de companhias aéreas e equipamentos eletrônicos que possibilitem maior controle dos pilotos sobre as aeronaves. Segundo o coronel, de todas as recomendações já expedidas pelo Cenipa desde o início das investigações do acidente com o Airbus da TAM, 23 foram acatadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), companhias áreas, Infraero e Airbus. No total, o Cenipa fez 23 recomendações à TAM, 13 à Infraero e 33 à Anac, entre outras.

Com a conclusão das investigações, o relatório do Cenipa será encaminhado ao Ministério Público Federal, que dará prosseguimento às investigações. O MP já está com o relatório da Polícia Federal sobre o acidente, que responsabilizou o piloto e o co-piloto do Airbus pelo acidente. Os familiares das vítimas, que acompanharam hoje a divulgação do relatório do Cenipa, reagiram ao trabalho da PF.

"Isso é canalhice, não tem outro nome. É fácil fazer isso, os culpados morreram. O Cenipa é um órgão sério, mas não tem como ultrapassar alguns limites", reagiu o pai do co-piloto Henrique Di Sacco, Rafael Di Sacco. Os familiares das vítimas do voo argumentam que a Polícia Federal agiu de forma rápida e sem condições técnicas para apurar o acidente, enquanto a Aeronáutica investigou tecnicamente a tragédia no aeroporto de Congonhas.

Relatório

O relatório final do Cenipa sobre o acidente, divulgado neste sábado, não aponta os responsáveis pela tragédia. O relatório mostra que um dos manetes do avião estava em posição de aceleração, quando deveria estar em ponto morto, mas não deixa claro se houve falha mecânica ou humana como causa do acidente.

O relatório aponta duas principais hipóteses para o acidente. Na primeira delas, teria havido falha no sistema de controle de potência dos motores do avião --o que teria mantido o manete em aceleração, independente da sua real posição. Nessa hipótese, teria havido falha mecânica da aeronave.

Na segunda hipótese levantada pelo Cenipa, o piloto teria executado um procedimento diferente do previsto no manual ao colocar o manete numa posição irregular, numa configuração de falha humana para o acidente.

"Nós conseguimos êxito em explicar a dinâmica do acidente por meio de duas possibilidades. Uma delas centralizada numa falha do equipamento e a outra centralizada na execução de um procedimento diferente do que está em vigor. Cada uma delas poderia ter resultado na mesma dinâmica", disse Camargo.

ACIDENTE AERONÁUTICO
AERONAVE PR-MBK
MODELO AIRBUS A-320
DATA 17 JULHO 2007

Fonte: FOLHA/Gabrila Guerreiro

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