A construtora aeronáutica Embraer divulgou nesta sexta-feira que, mesmo com a recuperação da economia a partir do segundo semestre deste ano, ainda terá queda de cerca de 10% nas receitas em 2010. Apesar disso, o vice-presidente financeiro da empresa, Luiz Carlos Aguiar, afirmou que a empresa não vai mais demitir funcionários, inclusive diante da necessidade de corte de custos no ano que vem.
A Embraer anunciou no final de fevereiro a dispensa de 4.200 trabalhadores, alegando dificuldades financeiras em razão da queda na demanda gerada pela crise econômica mundial.
"O prazo de término da crise é menor agora do que era no começo do ano. A Embraer tem custos dos mais diversos, e nós estamos fazendo um trabalho em todas as frentes para reduzi-los. Para nós, o momento não é mais de cortar gastos estruturais, com pessoal. Nós vamos continuar buscar ganhos de eficiência, que serão necessários, mas em outras áreas", disse Aguiar, em entrevista sobre os resultados da companhia no terceiro trimestre.
A Embraer informou ontem que teve lucro líquido de R$ 221,9 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 39,2 milhões do mesmo período do ano passado.
Ele ressaltou que a estimativa de queda de 10% nas receitas no ano que vem ainda não é uma previsão formal. "Nós teremos melhores informações no primeiro trimestre do ano que vem, quando estivermos divulgando os resultados deste ano. Mas nesse momento, a melhor visão que a gente tem é esta", disse.
"E o mercado não está muito diferente disso, pelas notícias que a gente tem visto, há uma dificuldade de retomada nos investimentos por parte dos principais compradores, como Europa e Estados Unidos, que estão batalhando para sair da recessão, mas têm ainda um cenário bastante incerto pela frente", explicou.
Para este ano, a previsão para as receitas da Embraer é de US$ 5,5 bilhões, queda de 12,7% em comparação ao resultado de 2008, de US$ 6,3 bilhões. Segundo o executivo, a redução de receitas neste ano e no próximo é resultado de uma queda no backlog (carteira de pedidos firmes) da companhia.
"Nós tínhamos US$ 21 bilhões em ordens firmes em dezembro, e agora estamos com US$ 18,6 bilhões, uma queda de 6,2%. Isso mostra claramente o momento que a indústria aeronáutica vive.Esse pedido firme é o que garante as receitas futuras, porque as vendas que você faz agora, você não consegue entregar no mês que vem, o ciclo é longo", afirmou Aguiar.
No ano, até setembro, a Embraer já entregou 153 aeronaves. A previsão, segundo o executivo, é que a companhia feche 2009 com entregas entre 232 e 242 aviões. Desses, 115 serão para a área comercial, 17 são jatos executivos grandes e de 100 a 110 serão do modelo Phenom 100, o menor da companhia.
De acordo com Aguiar, a dúvida na previsão não está relacionada ao ritmo de produção da companhia, mas a dificuldades com crédito. "Alguns clientes estão enfrentando problemas de financiamento para levar esses aviões. São questões comerciais e não de produção", disse, ressaltando que os problemas estão sendo atacados.
Retomada
O executivo da Embraer previu ainda que a retomada do setor se dará em 2011, tanto na aviação comercial quanto na executiva. Aguiar ressaltou os investimentos da companhia em Pesquisa e Desenvolvimento como um dos fatores importantes na saída da crise.
"Essa crise ela vai passar, e passando a gente vai entrar num novo ciclo de crescimento. E nós acreditamos que, se estivermos posicionados com novos produtos, como nós estamos fazendo agora, nós estaremos no melhor dos mundos, tendo passado a crise fortalecidos e continuando o desenvolvimento de novas aeronaves", disse.
Fonte: FOLHA/GIULIANA VALLONE
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