Segundo homem a pisar na Lua visita o Brasil nesta terça-feira (17). G1 conversou com o astronauta sobre o futuro da exploração espacial.
O astronauta americano Buzz Aldrin, segundo homem a pisar na Lua, chega ao Brasil nesta terça-feira (17). (Foto: Divulgação)
O Brasil deveria investir na exploração tripulada do espaço e os Estados Unidos não deveriam voltar à Lua. A opinião tem peso -- vem do astronauta Buzz Aldrin, o piloto do módulo lunar da Apollo 11 e o segundo homem, depois de Neil Armstrong, a pisar na Lua.
Aldrin chega ao Brasil para uma visita de dois dias em comemoração aos 40 anos da Apollo 11 nesta terça-feira (17). Antes de embarcar no voo que o trará ao país, ele conversou com o G1 por telefone sobre exploração espacial e sobre o papel que ele acredita que cabe ao Brasil e aos Estados Unidos nas futuras missões ao espaço.
O astronauta fez críticas aos planos da Nasa. Para ele, os americanos não deveriam mais voltar à Lua. "Já fizemos isso antes", afirma.
Para Aldrin, os Estados Unidos deveriam ajudar outras nações a ir à Lua enquanto ampliam sua presença no espaço para outros lugares, como asteroides, cometas e, é claro, Marte.
Além disso, ele é contra a aposentadoria dos ônibus espaciais, prevista pela Nasa para 2010. "Não deveríamos fazer tudo às pressas desse jeito, para encerrar no ano que vem e ficarmos tendo que assinar cheques para os russos para pegar carona em suas Soyuz", critica.
Aldrin sugere que as missões do Atlantis, do Discovery e do Endeavour deveriam ser estendidas por mais cinco anos até que uma "verdadeira" substituta, uma nave que pouse em pista como eles, seja desenvolvida.
G1 – No evento desta terça, o senhor vai estar ao lado do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes. Na época em que ele viajou ao espaço, em 2006, Pontes foi alvo de críticas de muitos que acreditam que um país com tantas desigualdades sociais como o Brasil não deveria gastar dinheiro com exploração espacial. O que o senhor acha dessa avaliação?
Buzz Aldrin – O Brasil cometeria um erro imperdoável se não investisse em missões tripuladas ao espaço. O potencial para desenvolvimento da exploração humana é imenso e um país em crescimento como o Brasil não pode ignorar isso.
O Brasil deve investir nas aplicações comerciais, como monitoramento de florestas e do clima. É essencial.
A Estação Espacial Internacional, também, poderia e deveria ser usada sempre e cada vez mais como um projeto de cooperação tecnológica com países em desenvolvimento, como o Brasil e a Coreia do Sul.
G1 – Recentemente, a Nasa lançou com sucesso o foguete Ares I-X, que será usado para futuras missões à Lua e a Marte. Qual sua opinião sobre esse projeto? Os astronautas deveriam voltar para a Lua ou os esforços deveriam ser direcionados para Marte?
Aldrin – Antes de chegarmos a esse ponto, acredito que o Estados Unidos ainda têm muito o que fazer.
Primeiro, ainda temos cinco missões dos ônibus espaciais no próximo ano. Acredito que nós devemos expandir essas missões para uma por ano pelos próximos cinco anos. Não deveríamos fazer tudo às pressas desse jeito, para encerrar no ano que vem e ficarmos tendo que assinar cheques para os russos para pegar carona em suas Soyuz para ir à Estação Espacial.
Outra coisa que podemos fazer é investir em naves que pousam em pistas, como os ônibus espaciais, que todas as nações, incluindo o Brasil, poderiam usar para missões à órbita da Terra.
Os Estados Unidos voltarem à Lua em 2020 ou 2025 ou depois seria um grande erro. Nós já fizemos isso antes.
Nós somos os líderes e deveríamos usar essa experiência de liderança que temos para montar uma iniciativa comercial e internacional e ajudar outros a irem à Lua. Precisamos de cooperações comerciais internacionais lunares -- não governamentais, mas comerciais -- para trabalhar no desenvolvimento de infraestrutura para as missões lunares internacionais.
Enquanto isso os Estados Unidos enviam seus astronautas progressivamente para mais e mais longe da órbita da Terra. Outras pessoas irão à Lua enquanto nós iremos a cometas, asteroides, depois para as luas de Marte e, depois que já tivermos ido lá várias vezes, chegaremos em Marte para montarmos uma base permanente.
G1 – O senhor mencionou a futura aposentadoria dos ônibus espaciais. Eles serão substituídos por um veículo muito parecido com o projeto das naves da missão Apollo. Qual sua avaliação das novas naves Orion?
Aldrin – O projeto original das naves Orion é voltado à missão de ir à Lua e depois muito além. É um bom e razoável ponto de partida desenhar uma nave que tem a missão de lançar pessoas e trazê-las de distâncias muito grandes de volta à Terra -- mesmo as distâncias das luas de Marte e de Marte mesmo.
Mas para missões à órbita baixa da Terra nós precisamos de naves capazes de pousar em uma pista. Assim que possível, portanto, precisamos de um substituto de verdade para o ônibus espacial, que faça o que ele faz.
G1 - O que você espera de sua visita ao Brasil?
Aldrin – Vou conversar com algumas pessoas envolvidas em astronomia, com empresários e com estudantes. Vou fazer um discurso e conversar sobre o futuro da exploração espacial. Espero conhecer pessoas interessantes. Conheço o Brasil e gosto muito do Brasil. Já visitei o Rio, São Paulo, Brasília e Manaus e já pesquei nos rios da Amazônia, onde naveguei até São Luís. Gosto muito do Brasil.
O astronauta Buzz Aldrin na imagem que é uma das mais famosas da missão Apollo 11 (Foto: Divulgação)
A famosa foto da pegada na Lua, feita por Buzz Aldrin. (Foto: Divulgação)
Fonte: G1
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