novo meio de transporte de pequenas cargas ao espaço
Quando o escritor francês Júlio Verne (1828-1905) escreveu sobre uma arma gigante que pode ser usada para lançar pessoas no Espaço no século 19, não havia qualquer expectativa de que isso se tornasse realidade. Agora, o físico John Hunter desenhou um protótipo de uma arma que, de acordo com ele, reduziria o custo de colocação de uma carga em órbita.
A arma é baseada em um projeto anterior que Hunter ajudou a desenvolver nos anos 1990, enquanto era cientista do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia (EUA). Com um cano de 47 metros de comprimento, o projeto era usado a partir da compressão de hidrogênio gasoso, capaz de disparar projéteis pesando alguns quilos, em velocidades de até 3 km/s.
Agora, Hunter e dois outros cientistas que trabalhavam no mesmo laboratório criaram uma empresa chamada Quicklaunch, radicada em San Diego, a fim de desenvolver uma versão mais poderosa da arma.
Na conferência Investimento Espacial em Boston na semana passada, Hunter descreveu um projeto de arma com 1,1 km de comprimento, com capacidade de lançar pacotes de 450 kg em até 6 km/s. Um pequeno foguete leva o projétil até a órbita baixa da Terra (onde está a Estação Espacial Internacional).
Grandes forças gravitacionais
Enquanto os humanos obviamente seriam mortos e satélites convencionais seriam esmagados pela velocidade nas forças gravitacionais, a arma tem a capacidade de arremessar cargas sólidas, como combustível de foguete. Encontrar maneiras baratas de transporte de combustível para o Espaço vai reduzir o custo de manutenção da Estação Espacial Internacional em órbita e, no futuro, deve ser essencial para possibilitar uma missão tripulada a Marte.
A arma deve ter um custo de US$ 500 milhões para ser construída, diz Hunter. Mas os custos de lançamentos individuais seriam menores do que os métodos atuais. "Pensamos que é dez vezes mais barato, ao menos, do que qualquer outra forma", diz ele.
Franklin Chang-Diaz, ex-astronauta e físico da Companhia de Foguetes Ad Asdra, radicada em Webster, Texas, disse que um lançamento desta natureza faria mais sentido na Lua, onde não há atmosfera. "Você não tem que se preocupar com atraso, superaquecimento ou qualquer coisa do gênero", diz ele.
Maçarico soldador
Hunter reconhece que o projétil seria retardado durante a passagem pela atmosfera terrestre. Mas ele diz que o atraso seria mínimo em um projétil com ponta superior fina --o que resultaria em uma velocidade reduzida em apenas 0,5 km/s.
Ele também admite que o calor gerado pela passagem em alta velocidade pela atmosfera seria "como um maçarico soldador". No entanto, seria um superaquecimento de duração relativamente curta, diz ele, já que o projétil cruza a atmosfera em menos de cem segundos. Compor o projétil de forma que possa aguentar algumas queimaduras no seu revestimento resolveria o problema, afirma Hunter.
Fontes: FOLHA - NEW SCIENTIST/DAVID SHIGA
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