Marinete Pereira, dona da ATM Helicópteros, afirma que o risco de uma empresa do ramo ter uma de suas aeronaves atingidas por tiros é tão real, que muitas vezes as empresas optam por mudar a rota de seus voos
A queda do helicóptero da Polícia Militar, alvejado por tiros de traficantes do Morro dos Macacos, no sábado, tornou pública uma realidade há anos conhecida pelos pilotos comerciais das empresas de aerotáxi que operam no Rio de Janeiro. Algumas, inclusive, já tiveram aeronaves atingidas por tiros enquanto sobrevoavam determinadas comunidades. Hoje, optam por rotas mais extensas - o que deixa o serviço mais caro - em busca de segurança a tripulantes e passageiros.
A insegurança que sobre pelos ares do Rio já atingiu uma aeronave da empresa Helimar Helicópteros, no final de 2008. O piloto da empresa sobrevoava a favela Baixa do Sapateiro, no Complexo da maré, na Zona Norte, quando foi atingida por dois disparos.
"O voo foi encomendado pela própria comunidade. Chegamos ao local, demos três voltas no ar e, quando íriamos pousar, fomos atingidos por tiros vindos de uma comunidade vizinha, que não sabia de nosso voo. O tiro não provocou nenhum dano sério na aeronave, mas imediatamente retornamos à base. Foi um momento de muita tensão", comenta o comandante Carlos Lemos, chefe da coordenação de voos da Helimar Helicópteros, que opera na cidade desde 1986. "Essas pessoas que atiram não têm a menor noção de que, se o piloto for atingido, a aeronave vai cair em cima da favela e, possivelmente, vai matar muita gente inocente. Para eles, é só uma brincadeira", disse.
Marinete Pereira, dona da ATM Helicópteros, afirma que o risco de uma empresa do ramo ter uma de suas aeronaves atingidas por tiros é tão real, que muitas vezes as empresas optam por mudar a rota de seus voos ou mesmo evitar sobrevoar determinados locais.
"Depois que um helicóptero de uma empresa particular de São Paulo foi atingido por um tiro enquanto sobrevoava o complexo do Alemão, no ano passado, passamos a evitar aquela rota enquanto aguardávamos autorização para posar no Galeão", afirma.
O diretor regional no Rio de Janeiro da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (ABRAPHE), Gustavo Luiz de Almeida Ozolins, afirma que, mesmo acarretando um maior custo para as empresas, em função dos desvios e do aumento dos tempos de voo, novas rotas são adotadas pelos pilotos em favor da tranquilidade.
O superintendente do Sindicato Nacional das Empresas de Táxi Aéreo, Fernando Alberto, afirma que recentemente foram registrados três casos no estado do Rio, dois deles em Macae.
"Só se tem registro destas ocorrências, o que pode indicar subnotificação dos casos. Fato é que muitas empresas adotaram novas rotas de aproximação", afirma.
Fonte: Terra
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