Prejuízos operacionais das 30 maiores companhias aéreas europeias deverão chegar aos 2,9 mil milhões de euros até Dezembro, 50% acima de 2001, o ano mais negro da história da aviação
A aviação comercial vive a pior crise da sua história. Só as três dezenas de transportadoras que integram a associação europeia de companhias aéreas AEA deverão apresentar este ano prejuízos operacionais da ordem dos 2,9 mil milhões de euros, 50% acima das maiores perdas de sempre, registadas em 2001, ano dos atentados terroristas em Nova Iorque. As líderes do transporte aéreo europeu esperam transportar este ano menos 22 milhões de passageiros do que em 2008 e só entre as companhias da AEA serão eliminados, até Dezembro, cerca de 35 mil postos de trabalho directos, a que se juntam outros 60 mil indirectos.
Os números foram anunciados na reunião dos presidentes das companhias da AEA que decorreu em Dubrovnic, na Croácia. Uma recuperação significativa está ainda para lá do horizonte para um sector que deverá sofrer mudanças fundamentais na sua estrutura a médio prazo. "As dimensões desta crise não têm precedentes, não vimos nos últimos 35 anos tal devastação e não vamos voltar ao 'normal' de novo", vaticinou o presidente da AEA, Ivan Misetic, acrescentando que "os consumidores estão a mudar as suas expectativas, e isso vai continuar".
A par dos redimensionamentos da rede, da redução da oferta e do adiamento de novas compras de aviões para renovação de frotas, os cortes de pessoal, congelamento de salários e, em alguns casos, até a redução dos mesmos, têm sido algumas das medidas adoptadas pelas companhias para conseguir reduzir custos e fazer face à combinação explosiva de perda de passageiros, queda da tarifa média e aumento dos custos externos com a segurança, os serviços aeroportuários ou a navegação aérea, entre outros, que segundo a AEA já representam quase dois terços das despesas totais das empresas de aviação.
Entre as companhias da AEA, só nos primeiros dias de Outubro, mais três anunciaram programas de redução de efectivos que, no seu conjunto, atingem um total de 2600 trabalhadores. A primeira foi a British Airways, que pretende suprimir mil postos de trabalho através de rescisões voluntárias e colocar outros três mil funcionários em regime de part-time, o que equivale à supressão de 1700 empregos, além do congelamento dos salários do pessoal de cabine por dois anos. Quase em simultâneo, a companhia aérea polaca LOT avançava com um corte de 400 trabalhadores, mais de 11% dos seus efectivos. E, no dia seguinte, foi a vez da Aer Lingus vir a público dizer que tinha identificado 489 excedentários, num total de 3900 trabalhadores, a que se somam outros cem com contratos a prazo a terminar já este ano e que não serão renovados. A Aer Lingus vai também reduzir o salário base acima dos 35 mil euros anuais, bem como todos os prémios, e avisa que se tudo isto ainda não for suficiente, haverá mais despedimentos
No mês passado, também a Air France lançou um plano de 1500 rescisões voluntárias e a Lufthansa tenciona eliminar 15% da sua força de trabalho. Em todo o mundo a tendência é idêntica, com a associação internacional do transporte aéreo IATA a apontar para 15 mil despedimentos nos tempos mais próximos, só contando com a Air France, Iberia, SAS, Qantas, Japan Airlines e Aeroflot.
Fonte: DN Economia
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