Jobim nega que compra de caças tenha propósito armamentista

Jobim nega corrida armamentista

O ministro Nelson Jobim (Defesa) negou nesta quarta-feira aos senadores da Comissão de Relações Exteriores que o governo brasileiro tenha propósitos armamentistas ao negociar a compra de aviões caças e helicópteros para reforçar a estrutura da FAB (Força Aérea Brasileira) e de submarinos para a Marinha.

"O Brasil não está se armando, está se capacitando. É preciso que fique claro que o Brasil não está comprando nada, o Brasil não é uma Venezuela que sai comprando armas em supermercados. [...] Não estamos num festival de compras, estamos num programa de capacitação nacional. Ou o Brasil se capacita ou será um país absolutamente dependente", disse.

Jobim reforçou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a compra dos aviões de caça é importante para reforçar o controle de suas fronteiras, especialmente na Amazônia.

"Nós não temos inimigos, agora, temos que deixar claro que se entrarem aqui vão se incomodar, especialmente, aqueles que acharem que a Amazônia não é do Brasil. Não vamos admitir que formulações externas venham dizer aqui o que se fazer ou não fazer. Temos que ter capacidade de dizer não", afirmou.

O ministro reafirmou que a prioridade do governo no momento é a transferência de tecnologia porque somente com ela o país terá capacidade para produzir equipamentos em seu território gerando emprego e renda. "Chega de o Brasil ser um mero comprador de A, de B ou de C e depois receber ordens", disse.

Pressionado pela oposição, o ministro evitou comentar os motivos que levaram o presidente Lula a declarar publicamente a preferência pela França na negociação para a compra de 36 aviões caças. Jobim disse aos senadores que a escolha política não teve maiores desdobramentos porque a compra ainda não foi fechada.

Jobim disse ainda que no encontro entre o presidente Lula e o presidente francês Nicolas Sarkozy, no dia 7 de setembro, o governo recebeu garantias da França de que a oferta seria de preços razoáveis e transferência de tecnologia. "Ele prometeu que faria a transferência irrestrita de tecnologia, também afirmou que neste entendimento nosso, que asseguraria o mercado da América Latina, e por último, assegurou também o financiamento diferenciado", disse.

O ministro pediu que os senadores tenham cautela em relação as avaliações da compra dos aviões caças porque o negócio só será fechado no fim do mês, após a FAB apresentar o relatório final e entregar um ranking com o primeiro, segundo e terceiro lugar entre o Rafale, da francesa Dassault, o F-18, da norte-americana Boeing, e o Gripen, da sueca Saab. "Por favor, senadores, não vamos antecipar agonias em relação a isso", afirmou.

Fonte: FOLHA/MÁRCIO FALCÃO

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