Avião acidentado voava fora da rota

Chefe regional do Cenipa diz que avião estava fora de plano de voo.

O monomotor que sofreu um acidente aéreo no qual três pessoas morreram nesta segunda-feira (21) estava fora da rota original prevista entre São José dos Campos e São José do Rio Preto, de acordo com o chefe de investigação do Cenipa 4, Luísa Renato Horta de Castro. A Aeronáutica vai investigar se o piloto comunicou a mudança para algum ponto de controle no interior de São Paulo.

De acordo com policiais e moradores de Arujá, na região metropolitana de São Paulo, o tempo estava chuvoso e com neblina no horário do acidente. Segundo o agente fiscal José Paes, de 47 anos, cunhado do empresário Raimundo Verdi de Macedo, o trio chegou a pensar em adiar a viagem por causa do mau tempo. O parente acompanhou as buscas na região e esteve com o empresário no domingo durante uma festa de aniversário.

Para o chefe do Cenipa, por enquanto é prematuro associar a queda às condições climáticas. “A única coisa que sabemos é que ele tinha um plano de voo visual”, contou o investigador da Aeronáutica. Segundo ele, ainda não há confirmação de aeroportos vizinhos sobre um possível aviso de mudança no plano de voo, que precisaria ser comunicada obrigatoriamente.

O grupo deveria chegar a São José do Rio Preto, a km de São Paulo, onde desembarcaria a tia do empresário Miriam Terra Verdi, de 58 anos. Na sequência, o avião partiria rumo a Fernandópolis, onde o empresário mantinha negócios.

Mata fechada

Nesta segunda, os técnicos da Aeronáutica não entraram na região de mata fechada contra a qual o monomotor se chocou. Os primeiros trabalhos investigativos no ponto da colisão serão feitos na terça-feira. O espaço fica a cerca de três horas de caminhada a partir de uma estrada que liga Santa Isabel a Igaratá, de acordo com os bombeiros que fizeram o resgate.

As primeiras equipes chegaram aos destroços por volta das 13h. Segundo o tenente Anônio Carlos da Silveira, ainda havia fogo. A confirmação das três mortes ocorreu por volta das 15h e os corpos só foram retirados da mata quase duas horas depois.

Tragédia familiar

O cunhado José Paes disse que essa é a segunda vez que uma tragédia deste tipo abala a família. Segundo ele, um tio do empresário sobreviveu à queda de um avião na divisa do Brasil com a Bolívia, na floresta amazônica, na década de 1960, mas não resistiu à fome.

Durante 15 dias, enquanto aguardava, em vão, por algum sinal de uma equipe de resgate, ele relatava em um diário o seu drama e a sua luta pela sobrevivência. “A família toda está muito abalada. É a segunda tragédia deste tipo na família. O diário do tio dele virou livro e quase virou filme. Ele escreveu sobre as saudades que tinha do filho, da família e que daria qualquer coisa por um copo de água”, contou Paes. O livro ganhou o nome de "Diário da Morte".

José Paes disse que Raimundo havia comprado o avião havia apenas um ano. “Como ele tinha uma rede de lojas de calçados com pontos em várias cidades próximas, ele decidiu adquirir o avião para se locomover mais rapidamente”, relatou. Foi o cunhado quem convidou o empresário para um almoço de aniversário da irmã dele, que mora nos Estados Unidos e está passando uma temporada no país. O evento ocorreu neste domingo (20) na casa dele em São José dos Campos, no Vale do Paraíba.

“No sábado, com o tempo encoberto, decidiram não vir. Mas no domingo, com o tempo aberto, decidiram levantar voo. Chegaram por volta do meio-dia. A família estava toda reunida. E hoje de manhã levei-os para o aeroclube. Eles olhavam para o céu e ficava naquela incerteza se iriam ou não”, relatou.

O destino inicial seria São José do Rio Preto, onde a tia do empresário morava. Depois, o avião seguiria para Fernandópolis, de acordo com Paes. “O piloto disse que o mais difícil seria passar pelas serras desta região, que depois era terra plano”, afirmou o cunhado. Segundo ele, o piloto Darby Johnson, de 44 anos, não era contratado fixo.

Os familiares só começaram a desconfiar de que algo de mais grave havia acontecido quando o avião não chegou ao seu destino no horário estipulado. “Agora vamos esperar a liberação dos corpos pelo IML. Eles serão enterrados em Fernandópolis”, disse o cunhado, que mora em São José dos Campos.

O comerciante Wilson Segatti, de 45 anos, também acompanhou o resgate dos corpos. Ele se identificou como amigo do piloto. “Sou de Fernandópolis. Mudei há nove anos para o Arujá (na região metropolitana). Mas eu conhecia o Darby lá de Fernandópolis”, disse.



Fonte: G1

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