Air France é acusada de acobertar causas do acidente com o voo AF 447

Pilotos da Air France-KLM acusaram os investigadores de acidentes da companhia de tentar encobrir a causa da queda do Airbus que fazia o voo 447.

Pilotos da Air France-KLM acusaram os investigadores de acidentes da companhia de tentar encobrir a causa da queda do Airbus que fazia o voo 447, do Rio de Janeiro a Paris. O avião desapareceu no dia 31 de maio e caiu na região do arquipélago de Fernando de Noronha, matando 228 pessoas. "Eles estão tentando culpar os pilotos, eles não querem a verdade", afirmou Gerard Arnoux, porta-voz do Sindicato dos Pilotos da Air France, segundo a edição desta quarta-feira do jornal britânico The Times. "A arquitetura dos sistemas da Airbus está em questão", explicou ele.

De acordo com o jornal, as famílias das vítimas e os sindicatos dos pilotos estão preocupados com o que consideram uma tentativa do órgão estatal Escritório de Investigação e Análise (BEA, na sigla em inglês) e da Air France-KLM de causar confusão sobre o que causou o acidente. Arnoux, comandante de Airbus, disse que o BEA está tentando esconder seu fracasso anterior em agir sobre as conhecidas falhas dos sensores de velocidade, conhecidos como tubos pitot, nos aviões da Airbus. As famílias acusaram a Air France e o BEA de desonestidade na apuração do caso.

Christophe Guillot-Noël, que preside uma associação de familiares das vítimas, disse que o presidente da companhia aérea, Pierre-Henri Gourgeon, está reservadamente culpando os pilotos. O relatório da BEA foi influenciado por políticos, disse Guillot-Noël. O Times lembra que, no final de julho, a Agência Europeia de Segurança da Aviação havia ordenado a substituição dos pitots fabricados na França pelos produzidos nos Estados Unidos em todos os Airbus de longo alcance. Na segunda-feira, diz o jornal, o diretor do BEA, Paul-Louis Arslanian, culpou a tripulação.

De acordo com a publicação, Arslanian afirmou que havia décadas as tripulações vinham aprendendo a lidar com falhas nas leituras de velocidade dos aviões. No caso do avião da Air France, "algumas destas flutuações nos dados de velocidade talvez não tenham sido suficientemente levadas em conta no treinamento dos pilotos", afirmou Arslanian, segundo o Times. O diário britânico afirma ainda que o BEA não espera chegar a uma conclusão sobre as causas do acidentes antes de dezoito meses. Na segunda-feira, Aslanian informou que a busca das caixas-pretas será retomada.

Sindicato de pilotos acusa o BEA de camuflar as causas do acidente


Gerard Anoux, presidente do SNPL, sindicato majoritário dos pilotos da Air France, acusou o BEA de esconder as causas do acidente com o voo AF 447. “Eles estão tentando colocar a culpa nos pilotos, não querem mostrar a verdade”. Piloto de A320, o comandante de bordo Arnoux foi categórico: “O que está em questão é a arquitetura do A330, não teria havido acidente se os tubos de Pitot tivessem funcionado direito.”

Em julho, na falta de recomendação do BEA, a Agencia Européia de Segurança de Voo, EASA na sigla em inglês, ordenou que os tubos de Pitot, fabricados pela francesa Thales, fossem substituídos por sondas da americana Goodrich, utilizados por 70% da frota mundial de aviões de linha.

Christophe Guillot-Noël, presidente da associação das vítimas francesas, que perdeu seu irmão na tragédia do AFF diz que a Air Françe francesa esta “ofuscando” as informações. “Escrevevemos uma carta com questões ao presidente da companhia Pierre-Henri Gourgeon, as repostas foram vagas e insuficientes, no entanto, ele não hesitou em cogitar o erro de pilotagem como a causa do acidente, Me parece muito pouco atisfatória a tese do erro humano considerando que o sistema ADIRU entrou em pane, os tubos Pitot não funcionaram corretamente e o piloto automático desligou-se sem intervenção externa.”

O escritório de advocacia que defende 30 famílias das vitimas do AF 447 afirma que a Air France tera que enfrentar nos tribunais o pedido de que sejam pagas indenizações de 450 milhões de dólares - o que coloca em risco o bom funcionamento da maior companhia francesa. “A Air France e a Airbus eram capazes de prever o acidente.”

A Convenção de Montreal estabelece que a companhia aérea deve pagar 90.000 euros por vítima fatal sendo que, 17.000 euros devem ser repassados imediatamente. No entanto, dependo dos casos, as famílias podem receber de 3 a 5 milhões de dólares. As famílias das vítimas do acidente do Concorde, em julho de 2000, entraram com ação em um tribunal. Depois de um acordo amigável com os parentes, a Air France indenizou cada vítima em um milhão de dólares.

“Daqui um ano, ano e meio.” Ou mais para frente.


Lá vamos nós outra vez.

Familiares das vítimas brasileiras do acidente com voo AF 447 (Rio-Paris) que matou 228 pessoas na madrugada do 1 de junho de 2009, fizeram um pedido formal ao Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Eles querem que as autoridades brasileiras tenham atuação mais severa junto as investigações francesas sobre as causas da tragédia.

Se o governo Lula agir com um pouquinho mais de empenho do que no caso do mineiro Jean Charles de Menezes, assassinado pela Scoland Yard no metrô londrino, será mais do que nada. Na época, Amorim pavoneou na capital britânica, fez declarações evocando grandes princípios e depois, teve mais o que fazer. Os ingleses tomaram conta do assunto e os pais de Jean Charles, em Córrego dos Ratos, zona rural de Gonzaga, tratam da ausência eterna do filho.

Ontem, Paul-Louis Arslanian, diretor do Escritório de Investigações e Análises (BEA), confirmou que sua equipe ainda “não entendeu quais foram as causas do acidente”. O relatório final das investigações está previsto, a princípio, ainda segundo o diretor, para “daqui um ano, ano e meio”. Não há nenhuma garantia de que ele seja conclusivo

Uma terceira fase de buscas às caixas-pretas, perdidas nas profundezas do oceano Atlântico, terá inicio no outono do hemisfério norte. “Quando no outono, eu não sei,” diz Arslainian.

França, Brasil, Estados Unidos e Alemanha irão participar das operações. Arslainian com exatidão sob medida para jornalistas que ele aprecia, estimou o custo em “mais de 10 milhões de euros ou talvez, dezenas de milhões de euros.” A Airbus, fabricante do A330-200 acidentado dispõe ajudar com até 12 milhões de euos para as buscas das caixas-pretas cujos emissores de sinais sonoros emudeceram.

Três meses depois do maior acidente da sua historia, a Air France decidiu que era boa hora para seus pilotos fazerem treinamento especial em simuladores de vôo que reproduzem circunstâncias semelhantes as da tragédia com o AF 447. Eles incluem situação na qual os tubos Pitot fornecem informações incoerentes ao sistema de navegação. O BEA considera o mal funcionamento dos tubos, que medem a velocidade do avião, “um elemento, mas não a causa” do acidente.

O governo francês propôs levar os familiares das vitimas - 32 nacionalidades - à zona do acidente para realizar em outubro ou novembro uma cerimônia comemorativa. A associação dos familiares das vitimas francesas pediu ao BEA que especialistas ecolhidos por ela possam acompanhar a terceira fase das buscas. Perguntado qual era primeira preocupação dos familiares, Pierre-Jean Vandoores, representante especial do governo francês para o caso, respondeu: “Conhecer a verdade.”

Fontes: VEJA/Antonio Ribeiro - Reuters - AFP

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