Embraer mantém carteira de pedidos apesar da crise
A Embraer conseguiu manter sua carteira de pedidos entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, e obteve geração positiva de caixa líquido, mas para o vice-presidente financeiro da empresa, Luiz Carlos Aguiar, ainda é cedo para afirmar que o pior já passou.
"Nossas vendas estão em um nível muito baixo, então estamos cuidando de nossa estrutura interna, preocupados com nosso caixa, porque não houve retomada dos negócios na aviação comercial e executiva, que foram os grandes puxadores das nossas vendas nos últimos anos", detalhou Aguiar.
Apesar da crise e dos impactos relatados pela empresa no setor de aviação, a carteira de pedidos firmes da Embraer totalizava US$ 19,8 bilhões em 30 de junho deste ano, praticamente inalterada frente aos US$ 19,7 bilhões verificados ao final do primeiro trimestre. A empresa encerrou junho com uma posição de caixa líquido de R$ 69,7 milhões.
"Não há nada para celebrar em novas demandas, mas sim porque estamos conseguindo ajustar a empresa para esse cenário de muitas incertezas", salientou Aguiar. "Infelizmente não dá para dar boas notícias sobre novas vendas e campanhas que deem perspectivas da empresa aumentar a produção num futuro próximo", acrescentou o executivo.
Com isso Aguiar também descartou novas contratações, após a empresa ter demitido 4.200 funcionários em fevereiro deste ano, para ajustar a produção à queda de demanda. "Infelizmente não há possibilidade de vislumbrar, nesse momento, novas contratações", afirmou o vice-presidente executivo da fabricante.
No início deste ano a empresa informou a redução da meta de entregas de aeronaves para este ano, de 270 para 242. "Não há outra maneira a não ser fazer a redução, senão as pessoas ficam nas fábricas sem ter o que produzir", disse Aguiar, acrescentando que a empresa também reduziu "fortemente" outros custos, como investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e custo da dívida.
Carteira de pedidos
Devido aos cancelamentos de pedidos e prorrogação de entrega, Aguiar avalia que há uma tendência em transformar a carteira de pedidos da empresa em receita. "Estamos transformando o backlog (carteira de pedidos) em entrada de caixa, para que consigamos ultrapassar essa etapa onde nosso mercado está sofrendo, mas mantendo a mesma estrutura de custos que temos no momento".
O executivo também descartou o pagamento de dividendos sobre o lucro de R$ 466,9 milhões registrado no segundo trimestre deste ano. "Estamos protegendo nosso caixa, assim como muitas empresas mundo afora, e não teríamos como agora pagar nenhum dividendo, em função dessa gestão de caixa."
Apesar disso, o resultado parece ter agradado os investidores. Às 13h04 (em Brasília) as ações ordinárias da empresa subiam 5,69% na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Já na Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês), a ADR (American Depositary Receipts) eram negociadas com alta de 6,11%.
Fonte: FOLHA
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