
Para Barbosa, a situação climática no momento do acidente pode ser decisiva para explicar a tragédia.
"Alguns dos aglomerados convectivos podem ter se intensificado muito rapidamente durante a passagem do avião. As temperaturas de brilho (nos topos das nuvens) apresentaram valores de -83 ºC. Pode ter havido condições únicas encontradas pelo avião na passagem da região, que apresentava alta turbulência", explicou, acrescentando que "isso leva à especulação de que turbulências nas proximidades das tempestades de rápido desenvolvimento podem ter desempenhado um papel no acidente".
Uma situação como essa é considerada muito rara numa área de rota de voo. "É a primeira vez que vi uma situação na vida numa rota de voo", disse Barbosa.
Para explicar o que são "aglomerados convectivos", ele usa como exemplo o algodão-doce. "É como você apertar vários desses algodões até eles não terem mais condições de comprimirem. Foi isso que aconteceu com as nuvens, o que teria ocorrido a uma temperatura baixíssima", exemplifica.
"Pior que um furacão"
Caso a temperatura tenha mesmo sido a calculada pela estação, o avião teria encontrado um cenário pior que o de um furacão. "Um furacão, em média, alcança 70°C negativos. Ela pode ter reduzido significativamente a velocidade do avião. Daí, o piloto automático teria de corrigir esta perda de velocidade por meio dos sensores, que também podem ter entrado em colapso com a tempestade", afirma. Uma outra teoria apontada como suposto motivo para o acidente seria falha dos sensores de velocidade dos modelos Airbus 330 e 340.
A queda na velocidade também é apontada pelo meteorologista como uma hipótese complementar para o acidente. "Com a intensificação da turbulência, é normal que a velocidade da aeronave caia significativamente devido ao atrito do ar, somado à presença de partículas de gelo e de água super congelada. À medida em que a aeronave atravessa a tempestade, por causa da corrente de vento em alto nível, a situação só piora. Ou seja, na hora pode ter acontecido uma 'tempestade perfeita', somente naquele instante", afirma.
Segundo ele, esses dados não foram repassados ou solicitados por autoridades que investigam o acidente, embora ele acredite que a situação climática seja decisiva para explicar a tragédia. "Existem outras imagens de satélites. Porém, essas mostram exatamente o núcleo do aglomerado convectivo e a temperatura de -83°C. Esse cálculo é resultado de uma tecnologia desenvolvida aqui na Ufal", explicou Barbosa.
Ainda segundo o professor, devido à falta de cobertura por radar na região, satélites como o Meteosat-9 acabam sendo a única fonte de dados meteorológicos sobre oceanos.
Fonte: UOL Notícias
Avião da Lufthansa sofre turbulência severa na mesma rota do AF447
Um avião da companhia alemã Lufthansa sofreu fortes turbulências - deixando até mesmo um ferido entre seus passageiros - ao sobrevoar a mesma região onde aconteceu o acidente do aparelho da Air France no qual morreram 228 pessoas.
A revista alemã "Stern" revela em sua próxima edição que um Boeing 747-400 que cobria a rota entre São Paulo e Frankfurt (voo 507) sofreu fortes turbulências a três horas do litoral brasileiro, 48 horas antes do acidente do aparelho francês.
A própria Lufthansa confirma na revista que um passageiro ficou ferido ao ser jogado contra o teto do avião quando este sofreu uma forte turbulência.
As turbulências foram tão fortes que carrinhos com bebidas e alimentos e parte da bagagem de mão caíram nos corredores do avião, enquanto outros objetos voaram pela cabine.
Vários passageiros que não estavam com o cinto de segurança foram atirados contra o teto do aparelho e um deles sofreu um corte que foi tratado no próprio avião para evitar um forte sangramento.
"Geralmente acontecem turbulências nessa rota", assinala um porta-voz da Lufthansa na "Stern", que ouviu os testemunhos de vários passageiros deste voo.
FONTE: Efe
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