Falha Humana?
Postagem anterior
Imagem do Inpe no momento do desaparecimento do Airbus reforça hipótese de mau tempo – e levanta suspeitas de que uma falha humana tenha colocado o avião em rota de perigo
Mapa meteorológico do Brasil no momento do desaparecimento do voo 447 Imagens do Inpe mostram espessa formação de nuvens na região onde se acredita ter sumido o Airbus da Air France
O mapa meteorológico do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostra uma espessa formação de nuvens em região próxima àquela onde se acredita ter desaparecido o Airbus A330 da Air France que fazia a rota Rio-Paris na noite de domingo para segunda-feira. A imagem parece reforçar a hipótese de que o mau tempo tenha provocado a queda do avião, e levanta a questão de uma falha humana que tenha posto o avião indevidamente na rota de uma tempestade potencialmente perigosa.
A imagem, obtida pelo satélite GOES10, usado para a previsão do tempo, foi obtida às 2h15 da madrugada, horário de Greenwich, ou 23h15 de Brasília - um minuto depois da última comunicação enviada pela aeronave, um sinal automático de pane elétrica. Ela mostra temperaturas de 50 graus Celsius abaixo de zero ao norte de Fernando de Noronha, no Oceano Atlântico.
Segundo o meterologista Luis Souza, do Inpe, a carta meteorológica do dia indicava a formação de nuvens com desenvolvimento vertical, que podem ser interpretadas como os temidos cumulus nimbus. “São as nuvens gigantes, que na região equatorial pode ter até 18 quilômetros de altitude, ou 45 mil pés”. Esse tipo de nuvem gera grandes tempestades nos céus. O interior dessas nuvens é formado de cargas elétricas positivas e negativas que produzem descargas e relâmpagos. Essas cargas se dirigem ao solo e são seguidas de correntes de ar que também empurram para baixo o objeto que passar sobre essas nuvens. Os cumulus nimbus produzem o tipo de turbulência mais temido por pilotos de avião, o “windshear”, ou turbulência de baixa altitude com rajadas de ventos. Segundo o major Robson Ressurreição – meteorologista do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da Aeronáutica (Decea) –, os aviões costumam fugir dessas nuvens. “È muito difícil sair de dentro do cumulus nimbus. O indicado é desviar, porque não há como passar por cima, uma vez que essas nuvens são altas e a turbulência delas é grande. E o vento pode empurrar na direção do solo o avião que estiver embaixo”. No dia do acidente essas nuvens estavam – segundo o mapa do Inpe – a 45 mil pés de altitude. Um avião comercial voa a cerca de 30 mil pés. Uma nota oficial da FAB afirma que avião voava a 35 mil pés.
O Cindacta 3 (3º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), órgão que vigia o espaço aéreo na região do desaparecimento, não informou a Época se houve algum boletim de alerta. A assessoria de imprensa da FAB, até as 18h30, não havia respondido às perguntas enviadas pelos orgãos de imprensa.
Atentado?
Uma entrevista publicada no site do jornal francês Le Figaro nesta segunda-feira (1) acrescenta o terrorismo às hipóteses sobre o desaparecimento, enquanto sobrevoava o oceano Atlântico, do Airbus 330 que fazia o voo 447 (Rio de Janeiro-Paris) da Air France.
Segundo um piloto da própria Air France, que concordou em falar ao Figaro mas pediu anonimato, "pode-se muito bem imaginar que uma bomba tenha provocado a despressurização do avião, e que então ele tenha se desfeito em pedaços". Este, no entanto, é somente um dos cenários imaginados pelo profissional, e que envolveria um artefato de pequeno poder explosivo. Outra possibilidade é a de que uma bomba muito maior tivesse destruído o avião de uma só vez.
"Poderia ser [também] uma bomba grande, que tenha explodido todo o avião. Isso explicaria o fato de a aeronave não ter tido tempo de enviar um sinal de alerta", afirmou o piloto ao jornal. O Figaro, de linha editorial conservadora, é um dos dois jornais mais importantes da França (o outro é o Le Monde).
A hipótese de o avião da Air France ter sido vítima de um atentado, segundo esse piloto, é mais plausível do que a de um raio tê-lo atingido e causado o acidente -- algo que foi aventado pelo ministro dos Transportes da França, Jean-Louis Borloo. "Na história da aviação, não se conhece atualmente casos de raios que culminem com a perda de uma aeronave", disse o piloto.
Uma pane elétrica de algum tipo no Airbus é outra hipótese da qual o piloto ouvido pelo Figaro prefere desconfiar. Segundo ele, cada avião conta com cinco fontes de eletricidade, e todas elas teriam de falhar para que seu controle ficasse totalmente comprometido. "Seria preciso que todas elas estivessem com problemas, o que me parece difícil", apontou.
Por fim, o piloto da Air France disse que há indícios claros de que uma forte turbulência atingiu o avião, e que a provável tragédia do voo AF 447 aconteceu depois dela. Mas concluiu: "Na verdade, o que é quase certo é que não se saberá jamais o que realmente se passou. O avião estava sobrevoando o Atlântico e seus destroços podem estar espalhados por 10 km no mar."
Entrevista
O piloto Ivan Sant'anna, autor dos livros "Caixa Preta" de "Plano de Ataque", que tratam de acidentes aéreos, fala sobre o desaparecimento do voo AF 447.
Nenhum comentário:
Postar um comentário