SANA - Um porta-voz da companhia aérea Yemenia informou que as equipes de resgate encontraram um sobrevivente do acidente com o Airbus A310, que caiu no Oceano Índico nesta terça-feira,30. Uma criança teria sido o primeiro sobrevivente do acidente com o avião, que levava 142 passageiros e 11 tripulantes e caiu quando se aproximava do aeroporto internacional de Moroni, na ilha Grande Comore, a principal do arquipélago. O voo era procedente de Paris, com escalas em Marselha e em Sana, capital do Iêmen.
Segundo a agência de notícias Reuters, um médico do hospital militar que estava a bordo dos botes de resgate teria avisado que um menino de cinco anos foi retirado das águas. A aeronave caiu cerca de 30 minutos antes de aterrissar, ao norte do arquipélago africano. Autoridades de aviação do Iêmen anunciaram ter retirado do mar alguns corpos de possíveis ocupantes do Airbus A310. O avião caiu por volta da 1h51 desta terça-feira (hora local, 19h51 da segunda-feira em Brasília).
O trecho Paris-Marseille-Iêmen do voo da Yemenia foi percorrido em um Airbus A330. Em Sanaa, os passageiros que se destinavam a Comores trocaram de aeronave, embarcando no A310 que acabou caindo. A Airbus informou que o avião datava de 1990 e tinha 51,9 mil horas de voo. Ele foi comprado "de segunda mão" pela companhia Yemenia em outubro de 1999.
O voo IY626 era o trecho final de uma rota que se iniciou em Paris, na França, com conexão no Iêmen até Comores. Em entrevista coletiva, o vice-presidente da aviação civil iemenita, Mohammed Abdel-Rahman Abdel Qadir, confirmou que as equipes de salvamento deslocadas ao local resgataram uma pessoa com vida, cuja identidade é desconhecida.
Abdel-Rahman também disse que, entre as 153 pessoas que viajavam no avião, havia 11 membros da tripulação: seis iemenitas - o piloto, o copiloto, três aeromoças e um técnico -, dois marroquinos, um filipino, um etíope e um indonésio. Além disso, havia 54 cidadãos de nacionalidade comorense, 26 franceses, um palestino e um canadense. No entanto, o secretário de Estado de Transportes francês, Dominique Bussereau, afirmou que o voo, que saiu originalmente de Paris, transportava 66 pessoas de nacionalidade francesa.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu às Forças Armadas do país para fazer o máximo possível para prestar assistência aos passageiros e à tripulação do avião. Em entrevista à emissora de rádio Europe 1, o ministro dos Transportes da França, Dominique Bussereau, disse que "está se falando" no mau tempo como possível causa do acidente. "Mas neste momento, tudo ainda está muito vago", afirmou.
A maioria dos passageiros era das Ilhas Comores e voltava de Paris, disse o vice-chefe do departamento de aviação civil do Iêmen, Mohammed Abdul Qader. Estavam a bordo famílias com crianças e havia pelo menos três bebês, acrescentou. O funcionário iemenita informou ainda que as investigações do acidente estavam sob coordenação de equipes da França, do Iêmen e das Ilhas Comores.

A companhia aérea Yemenia colocou uma mensagem em seu site na internet, lamentando "o desaparecimento do voo IY626". Em 1996, um avião de uma companhia aérea etíope foi sequestrado e caiu na mesma região, matando a maioria das 175 pessoas a bordo.
França constatou "defeitos" em avião que caiu no Índico
A Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) da França constatou em uma investigação de 2007 "um certo número de defeitos" no avião Airbus A310-300 iemenita que caiu no oceano Índico nesta segunda-feira, próxima às Ilhas Comores, com 153 pessoas a bordo. As equipes de resgate procuram os destroços da aeronave após encontrarem, com vida, um menino que estava entre os passageiros.
Segundo o secretário de Transportes francês, Dominique Bussereau, o avião da companhia Yemenia Airways "tinha passado por um controle da DGAC na França em 2007 e foi constatado um certo número de defeitos".
Em entrevista à emissora de TV i-Télé, Bussereau afirmou que, a partir de então, a aeronave foi proibida de voar na França.
A aeronave, contudo, segundo informações das agência, partiu de Paris, na França. Ela fez uma escala em Sana, capital do Iêmen, antes de seguir para o arquipélago --a cerca de 300 km de Madagascar. O avião decolou pouco depois das 21h30 (15h30 no horário de Brasília) e deveria voar durante 4h30 antes de pousar em Moroni, capital comorense.
Não há informações sobre o que teria derrubado a aeronave. Autoridades comorenses e iemenitas afirmam que o mau tempo pode ter contribuído.
A Yemenia Airways usava o aparelho, construído em 1990, desde outubro de 1999, com 51.900 horas de voo acumuladas, segundo um comunicado divulgado pela Airbus.
Um funcionário da Comissão Europeia afirmou, em condição de anonimato, que a mesma aeronave iemenita foi objeto de um inquérito em 2007 sobre seu registro de segurança.
"Em julho de 2007, o avião nos deu motivos para começar um inquérito sobre os registros de segurança da Yemenia", disse o funcionário.
"A preocupação era com os relatórios incompletos de procedimentos e acompanhamentos. Os Estados membros fizeram 24 inspeções nos últimos dois anos, mostrando que os registros estavam melhorando", disse, sobre a Yemenia, que não está na lista negra da União Europeia.
A Airbus disse também que vai fornecer toda a ajuda necessária às autoridades e especialistas do Escritório de Investigação e Análise (BEA) da França, encarregados de esclarecer o acidente.
A BEA anunciou nesta terça-feira o envio de uma equipe de investigadores, que será acompanhada de especialistas da Airbus, às Ilhas Comores, na costa do continente africano.
Lista negra
O chefe de Transporte da União Europeia, Antonio Tajani, afirmou nesta terça-feira que especialistas farão uma investigação para determinar se a companhia aérea deve ser incluída na lista negra de segurança do bloco.
Tajani afirmou ainda que, até o momento, a companhia passou pelos padrões de segurança impostos pelo bloco europeu e por isso não havia entrado para lista de companhias a serem evitadas.
Contudo, ele afirmou que especialistas entrarão em contato com a Yemenita Airways "para ver o que aconteceu e verificar o nível de segurança" de suas operações na Europa.
Sobrevivente
Até o momento, o único sobrevivente da queda do Airbus A310-300 da companhia Yemenia Airways foi um menino, que estava nas águas da costa das Ilhas de Comores. Seu resgate foi intitulado de "milagre" pela imprensa.
"Encontramos um menino com vida. Está atualmente em um barco das equipes de resgate", declarou por telefone o médico Ben Imani, cirurgião no hospital El Maaruf da capital comorense, Moroni.
A informação foi confirmada por Arfachad Salim, coordenador das operações de emergência do Crescente Vermelho (Cruz Vermelha nos países islâmicos) comorense.
Segundo Mohamed al-Sumairi, diretor geral adjunto da Yemenia, que citou informações obtidas com o escritório da empresa em Moroni, outros três corpos foram resgatados pela equipe.
Um avião de reconhecimento encontrou destroços da aeronave nas águas da costa da cidade de Mitsamiouli na manhã desta terça-feira, afirmou o vice-presidente de Comores, Idi Nadhoim.
As operações de busca, contudo, são prejudicadas pelas condições meteorológicas ruins.
Comores, um país formado por três das quatro ilhas do arquipélago de Comores, fica a cerca de 300 km a noroeste de Madagascar, no canal de Moçambique, na África. O país foi protetorado e território ultramarino da França, tendo conquistado a independência em 1975. A grande maioria da população - 98% - é islâmica.
O acidente com o Airbus A310 ocorre no momento em que o acidente com o A330 da Air France, que havia decolado do Rio de Janeiro em 31 de maio com 228 pessoas a bordo, completa um mês. Apenas 51 corpos foram encontrados e as buscas por corpos foram encerradas na última sexta-feira.
Fontes: Folha - Estadão - G1 - AFP - Reuters - AP
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