O caos aéreo que começou na Europa e atingiu voos em todo o mundo deve prosseguir neste fim de semana, segundo oficiais da aviação. Aeroportos em boa parte do Reino Unido, França e Alemanha seguem fechados e voos tiveram de posar na Hungria e partes da Romênia.
Passageiros descansam no aeroporto de Gatwick, em Londres, onde todos os voos continuam suspensos/Gerry Penny/Efe
A nuvem de cinza gerada pela erupção de um vulcão na Islândia causou nesta sexta-feira o cancelamento de 17 mil voos em toda a Europa, de um total esperado de 28 mil, segundo a Agência Europeia para a Segurança na Navegação Aérea (Eurocontrol).
O subdiretor de operações da Eurocontrol, Joe Sultana, classificou a situação como sem precedentes e disse que cabe a cada país decidir quando os voos podem ser retomados, baseados nas condições do ar, que dependem da direção do vento. O céu estava fechando sobre Viena e Genebra.
Com a movimentação da fumaça, autoridades de aviação na Itália decidiram fechar o espaço aéreo no norte do país das 6h do sábado (1h de Brasília) até pelo menos 14h (9h de Brasília), segundo anúncio feito no final desta sexta-feira. Isso afeta aeroportos como os de Milão e Veneza. Como resultado, a Alitalia disse que cancelou todos os voos de e para os aeroportos do norte da Itália.
Um funcionário da agência meteorológica britânica, Mark Seltzer, disse nesta quinta-feira que a coluna de fumaça afeto o norte da Escócia por causa de fortes ventos com direção ao noroeste. "Porém, os ventos se tornaram, nos níveis mais altos, mais em direção ao oeste, indo mais em direção à Escandinávia, e saindo da Escócia e Irlanda do Norte".
Voos suspensos
Oficiais de aviação disseram que o espaço aéreo deve permanecer fechado pelo menos na manhã deste sábado na Inglaterra, país de Gales, Alemanha e norte da França.
A British Airways cancelou todos os voos de e para Londres neste sábado. A irlandesa Ryanair, maior companhia aérea europeia de baixo custo, disse que cancelou todos seus voos de e para países do norte da Europa até às 9h de Brasília da segunda-feira.
A Alemanha fechou todos seus aeroportos internacionais, incluindo Munique e Frankfurt, o terceiro maior terminal da Europa.
A Suécia e a Noruega declararam que o espaço aéreo no norte já era seguro, mas mantiveram restrição para voos a suas capitais --Estocolmo e Oslo.
As restrições foram suspensa na Escócia e Irlanda do Norte, e as autoridades da Irlanda reabriram os aeroportos de Dublin e Corck.
Na França, aeroportos em Paris e cerca de outras 20 cidades no norte do país seguem fechados até o meio do sábado pelo menos.
A Bélgica estendeu a suspensão de voos até o final da manhã deste sábado.
Suíça, Eslováquia, Croácia e Hungria fecharam seu espaço aéreo, e a Polônia aumentou a zona de restrição de voos para a maior parte do país.
Companhias aéreas americanas cancelaram ao menos 170 voos de e para a Europa, segundo David Castelveter, porta-voz da Associação Americana de Transporte Aéreo.
A Delta Air Lines, maior empresa aérea do mundo, cancelou 75 voos entre os EUA e a União Europeia nesta sexta-feira e suspendeu outros 35 neste sábado, disse o porta-voz Anthony Black.
Alternativas
Nas maiores cidades da Europa, o caos reinou. Trens extras foram colocados em funcionamento em Amsterdã e as filas para comprar passagem eram tão grandes que a companhia decidiu distribuir café grátis.
A operadora de trem Eurostar disse estar carregando cerca de 50 mil passageiros entre Londres, Paris e Bruxelas. A Thalys, que reúne os serviços de alta velocidade da França, Bélgica e Alemanha, estava deixando passageiros comprar passagens mesmo se os trens estivessem lotados.
As operadoras de balsas no Reino Unido receberam uma enxurrada de reservas de pessoas desesperadas para cruzar o Canal da Manha até a França, e a empresa de taxi de Londres Addison Lee disse ter recebido pedidos para viagens até cidades como Paris, Milão, Amsterdã e Zurique.
A chanceler alemã, Angela Merkel, teve de ir a Portugal, em vez de Berlim, na volta para casa vinda de uma visita aos EUA. O primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg conseguiu pegar um voo de Nova York para Madri, mas ainda não sabia quando e como chegaria em casa.
O Exército americano teve de redirecionar vário voos, incluindo alguns levando feridos do Afeganistão e Iraque, informou um porta-voz do Pentágono. Cinco soldados alemães feridos no Afeganistão foram levados à Turquia. Também foram fechadas temporariamente as bases no Reino Unido e Alemanha.
Efeito financeiro
O caos aéreo na Europa, causado pelas cinzas e fumaça decorrentes da erupção de um vulcão na Islândia e considerado o mais grave desde a interrupção no 11 de Setembro, estão custando mais de US$ 200 milhões ao dia às companhias aéreas, informou nesta sexta-feira a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).
Mas a menos que a fumaça prejudique os voos por semanas, ameaçando as redes de fornecedores das fábricas, economistas não esperam que o problema afete a recuperação da Europa ou o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo quadrimestre.
Especialistas em vulcões afirmam, no entanto, que as cinzas podem causar problemas no tráfego aéreo por até seis meses se as erupções continuarem e, nesse caso, o impacto nas empresas aéreas seria grande.
As ações de empresas aéreas como Lufthansa, British Airways, Air Berlin, Air France-KLM, Iberia e Ryanair caíram entre 1,4% e 3% nesta sexta-feira.
Carro passa pela cinza do vulcão nesta sexta-feira (16) na Islândia. (Foto: AP)
Fontes: FOLHA - Reuters - AP -
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